sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

ITINERÁRIO DA ESPIRITUALIDADE...


Por: Cláudio Márcio

Ó Deus, a quem suplico e exalto cotidianamente, graças e louvores ao Teu nome.
Mistério que me acolhe e produz sentido na jornada, cantarei para Ti.
Seguro em suas mãos vou construindo pontes e derrubando os muros.
Até que a paz e justiça se beijem... serei mensageiro do amor.

Como um pescador ao lançar a rede, esperarei em Ti.
Como a marisqueira distingue a maré, quero Te conhecer.
Como a artesã coloca a cerâmica no fogo, esperarei em Ti.
Como o agricultor reconhece a terra que pisa, quero Te conhecer.

Ó Deus, ao ouvir o som da sua voz, meus olhos se enchem de esperança.
Confesso que nem sempre é fácil entender o que dizes. Nesta hora fico em silêncio.
Ah, Senhor, o problema é o “barulho” da minha existência.
Meus medos, anseios, limitações, contradições, (des)encantos.

Como uma baiana ao preparar seu tabuleiro, quero te servir.
Como o som do berimbau agrupa pessoas, quero convidar sujeitos sociais para roda.
Como samba de roda faz o corpo celebrar, farei isso em memória de Ti.
Como o reggae e sua vibração, serei resistência entre denúncias e anúncios. 

Ó Deus, sigo com Chico: “amanhã vai ser outro dia”. Tenho certeza!
Com Raul: “fé em Deus fé na vida”. Sim, eu creio!
Cartola diz que “finda a tempestade o sol nascerá”. Já vejo uma luz.
Belchior “amar e mudar as coisas me interessa mais”. Recriar-se novamente.

(Prece feita em 20-12-18)




quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

ITINERÁRIO DA ESPIRITUALIDADE...


“Roda mundo, roda-gigante, roda moinho, roda pião. O tempo rodou num instante,
nas voltas do meu coração” (Roda Viva\ Chico Buarque)

“Roda, roda, roda ô pião na roda da vida” (Roda Pião\ Nengo Vieira)

Por: Cláudio Márcio[1]

Deus me visitou este final de semana.
Convidou-me para brincar de rodar pião na igreja.
Disse que se eu prestasse atenção veria que a Bíblia era como um pião.
Que para por em movimento tinha que saber puxar a corda.

Ah, como é linda sua dança!
É uma experiência de pura beleza!
Faz a criança sorrir.
Produz graça e sentido na vida.

Um cordão e um pião separadamente não geram vida.
O encontro é o milagre do movimento (re)criador.
Ora limitado. Ora transgressor.
Quem puxa a corda determina a direção?

É preciso ter cuidado com os especialistas.
Acham que só eles possuem legitimidade.
Que seu cordão é o melhor. Que sua madeira é a mais original.
Que só existe uma forma de lançar o pião.

Há muita gente se ferindo com o pião na mão.
Choram, se entristecem, sangram a mão e abaixam a cabeça.
Não possuem forças e ou coragem para puxar o cordão.
Não acreditam mais no espetáculo do movimento.

Torna-se necessário a existência de missionários da alegria.
Despertar nos sujeitos sociais a revolução do riso.
Mostrar as ambivalências do (des)encanto do pião.
Ser capaz de compreender outros modelos e maneiras de brincar de pião.

(Prece feita em 10-12-18)






[1] Texto construído após ouvir o pastor e amigo Marcos Monteiro (ABB) no dia da Bíblia na IPU de Muritiba-BA.

sábado, 8 de dezembro de 2018

ITINERÁRIO DA ESPIRITUALIDADE...


“Eu me agarro a ti, Senhor, e tu me seguras com tuas mãos!” (Sl 62.9)

Por: Cláudio Márcio

O Advento oferece esperança para um novo tempo.
Calendário litúrgico reafirmado, reinventado novamente.
A crença que a força da luz dissipará as trevas.
Pois, da periferia chega o menino-Deus.

Um sem-teto
Exilado na infância
Carpinteiro junto ao pai
Anunciador da redenção

O Reino já (ainda não) chegou.
A defesa da vida dos sujeitos sociais plurais.
A religiosidade da aparência é denunciada.
Toda opressão precisa acabar.

Amou até o fim
Sarou ao tocar nos excluídos
Um missionário andarilho
Um diácono da libertação 

Sua pedagogia valorizou o chão pisado.
Ensinou por todos os lados o exercício da compaixão.
Ameaçou todo um império como símbolo de subversão.
Defendeu a justiça e sugeres emancipação.

Brincou com crianças
Partiu o pão
Dialogou com mulheres
Festejou com um copo de vinho

Ah, menino-Deus, que foi acolhido por Maria.
Deus-menino que foi carregado no colo.
Sua Humanidade é tão Divina que habitou entre nós.
Quando criança chorou na manjedoura para que pudéssemos um dia sorrir.

(Prece feita 06-12-18)










quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

ITINERÁRIO DA ESPIRITUALIDADE...


Por: Cláudio Márcio

Quando escuto Tua voz meu peito se enche de esperança-alegria.
Quando vejo Tuas mãos de muitas cores e culturas fico a sorrir.
Não posso me calar diante da Graça que me tocou-sarou.
Suas águas tranquilas me fazem descansar.

Sou do Seu rebanho, Senhor.
Sigo no pasto verdejante.
És meu bom pastor!
Não tenho falta de nada.

Minha fé vai à fronteira da razão-fantasia.
Exercício de imaginação que faz mística e recriação dançarem.
Um compromisso radical com a defesa da vida.
Minha missão é a serviço da libertação.

No vale escuro não temo a morte.
Não me avexo pelos lobos ferozes que me cercam.
Minha cabeça foi ungida.
Sua presença é real.

Trilhas de justiça desafiam meus pés.
 Como não ser um colaborador por uma sociedade mais equânime?
 É possível te conhecer e não assumir o mutirão do teu Reino?
 Será que a cabeça aguenta se você parar?

Minha alma encontra refrigério em Ti.
Teu nome é mais doce que rapadura.
Teu cajado é símbolo de cuidado e proteção.
Meu consolo vem de Ti.

(Prece feita em 04-12-18)






segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

ITINERÁRIO DA ESPIRITUALIDADE...



"Uma vida não basta ser vivida. Ela precisa ser sonhada" ( Mario Quintana)

Por: Cláudio Márcio

 Lanço-me diante de Ti como um faminto diante do pão.
 És o alimento que preciso cotidianamente.
 Ah, Deus da vida! Na realidade quero saborear-te!
 Ter calma para sentir os cheiros dos temperos que antecedem a comida na mesa.
 Quero conhecer-te como um artesão a preparar seu “produto”.
 Como a agricultora familiar que cuida da terra com dedicação e paciência.
 Quero experimentar-te no processo!
 Ó Deus, faz-me compreender que tudo tem seu tempo.
 Livra-me do anseio que devora minha alma.
Descanso em Ti! Canto pra Ti! Alegro-me em Ti!
 És como a sombra de uma jaqueira no chão do Recôncavo da Bahia!
O visgo de minhas mãos juntou a Bíblia com o pandeiro.
Não consigo pensar em Ti se não for com teus pés (também) na roda do samba.
Na roda da ciranda. Na roda de capoeira. Na roda da vida.
Ah, Senhor! Tua luz ilumina minha escuridão e posso celebrar.
Seja como e onde for, vou te adorar.
Sou Teu, Senhor!
Quero falar de Ti sem abrir minha boca!
Responder questões em silêncio.
Escutar seus sinais a partir de locais e sujeitos sociais “improváveis”.
És mistério que acesso com fé, sensibilidade, fantasia, imaginação e razão.
Ó Deus, reafirmo minha missão por uma espiritualidade diaconal reformada e ecumênica.
Uma espiritualidade do afeto e do cuidado.
 Que saiba ouvir!
Que não pare de lutar!
Uma espiritualidade da libertação!
Da poesia!
Em nome do camarada de Nazaré, amém!
(Prece feita em 03-12-18)