“Fora, pois, com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo “Paz, paz!”sem que haja paz!” (Tese 92/ Martinho Lutero)
Como é bom poder viver o sonho que durante tanto tempo foi idealizado, refletido e agora, efetivamente, vivido através do acolhimento de uma comunidade eclesiástica. Ora, no coração o desejo profundo de servir ao Deus da vida, o desejo de ser usado pelo Espírito, o desejo de ser uma benção onde quer que se vá. Assim, através de orações, de estudos e inúmeros desafios na caminhada...
Chega-se a formação no STBNe, e após um pouco de agonia mas acima de tudo, confiança, a ordenação. Ou seja, após o cumprimento de alguns ritos, da crença que é pública, da eficácia simbólica dos pastores que impuseram as mãos e evidentemente um misto de objetividade e subjetividade, entre tantas outras questões, nasce o pastor.
Desta maneira, como aplicar o que foi estudado? Como agir no cotidiano com situações que o conhecimento acadêmico não responde? Na verdade, a meu ver, uma coisa não deve anula a outra. O conhecimento e ou os conhecimentos acadêmicos e populares devem estabelecer diálogo para que um novo paradigma possa ser estabelecido. Ou seja, como bem apontou Paulo Freire, “as pessoas se educam em comunhão” e ou deve existir “um processo de aprendizagem que se dar de forma mútua” entre o pastor e as ovelhas.
Contudo, o que significa ser pastor em uma sociedade cada vez mais plástica, plural, globalizada e capitalista? Como anunciar o Evangelho da graça sem que se caia na mercantilização da fé? Ou como ser voz do sagrado em um contexto polifônico? Ora, penso que há uma necessidade do pastor e ou líder religioso de forma geral se comportar de uma maneira dialógica na mesa da fraternidade. Penso que deve existir abertura para não só ouvir, mas, aprender com o outro no caminho.
Sendo assim, é tempo de junto ao exercício da oração, da leitura do texto sagrado e do louvor, viver-se também o partir do pão, a reflexão crítica, o rompimento com as estruturas da morte... Uma vez que como apontou Rubem Alves na década de 70 falando sobre a IPB e a meu ver se encaixa em outras comunidades e em outro tempo, diz: “Estou convencido, entretanto, que estranha metamorfose se processou. A comunidade se liberdade se esqueceu, traiu e se rebelou contra ela. Na realidade, não existe novidade nisso... Triunfa o autoritarismo sobre a comunidade; as estruturas sobre a pessoa; o passado sobre o futuro; a lei sobre o amor. E, em última instância, a morte sobre a vida”.
Mas, o evangelho é palavra de vida, de libertação, de acolhimento, de justiça social. Isto é, penso que devemos nos reinventar no viver social e dessa vez, eliminarmos as dicotomias e percebermos a totalidade que existe nessa complexidade que é o humano, a sociedade e a vida.
Desta maneira, gostaria de parabenizar você, WAGNER BORGES neste passo que acabou de dar. E pedir a Deus (Pai e Mãe de toda criação) que o capacite neste caminho cheio de alegrias e desencantos que é o ministério pastoral. Lembre-se que a obra é do Senhor... “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;” (Fl 1.6)
Abraço sócio-teológico
Cláudio Márcio