Texto do pastor Marcos Monteiro.
Meu encantamento com a IPU vem
dos anos setenta e oitenta, quando me encontro como cristão e aprendiz da
ideia de Reino de Deus. Antes disso já havia tido um ligeiro contato com o
Rev. João Dias de Araújo, assistindo a uma palestra sua em um seminário
batista sobre um Cristo na literatura de cordel que ficou sempre na minha
memória. Contatos posteriores com ex-alunos seus e um encontro pessoal em que
me presenteou com o seu livro “Inquisição sem fogueiras” fizeram-me aumentar
o respeito e outro momento posterior no ITEBA transformaram respeito em
admiração.
O próprio ITEBA fundado em
torno de nomes relevantes como Áureo Bispo e Djalma Torres, pastor batista,
era um referencial teológico inimaginável para quem procurava catar na
formação teológica sinais de esperança e reflexões e compromissos corajosos.
Um seminário que aglutinava teólogas feministas e abria a porta do diálogo
inter-religioso se colocava claramente na contramão do projeto protestante de
crescimento numérico associado a uma postura conservadora.
A ditadura militar era sem
dúvida a oportunidade comum de uma contraofensiva da fé pensada e desafiada a
atitudes concretas. O desafio do ecumenismo e da formação de uma consciência
social e política para lideranças e setores do trabalho urbano e rural estava
assim assumida por essa jovem instituição presbiteriana olhada com suspeita
pelas velhas congêneres. A distância era muito grande. Enquanto o Rev.
Edijéce Martins era visto como revolucionário pelo sínodo nacional por
ordenar à revelia diaconisas em sua igreja na Torre Madalena na cidade do
Recife, a IPU já se firmara como uma organização eclesial com espaço para
pastoras.
Gosto sempre de lembrar da
historinha que o próprio Rev. João Dias divulgava. Trabalhando com Francisco
Julião na formação educacional das ligas camponesas levava textos bíblicos
dos profetas para mostrar a cristãos, evangélicos e católicos, a força da
denúncia da injustiça social na Bíblia. A inteligência nacional começou então
a inquirir e a investigar sobre a presença e participação de agitadores entre
os agricultores de Pernambuco. Os nomes dos agitadores seriam um tal de Amós,
um tal de Oséias, um tal de Jeremias, um tal de Isaías e o principal deles, o
líder, um tal de João Dias.
Essa atitude do reverendo e da
Igreja não foi tomada facilmente e os preços a pagar foram muitos. Mas essa
herança permanece como desafio para as novas gerações e para os futuros
participantes dessa comunidade que encheu a história se enchendo de
histórias. A minha pergunta sobre essa IPU agora e sobre a sua juventude
agora tem algumas respostas mais muito mais perguntas.
Participei de um encontro em
Belo Horizonte, lá pelos idos de 2006, em que a juventude mostrava sinais de
retomada do ecumenismo e também sinais de que o mundo havia mudado. Um
momento muito belo da Ceia do Senhor foi quando entoamos todos juntos o
cântico “Cio da terra” demonstrando continuidade entre teologia, liturgia e
cultura, apontando para um tipo de espiritualidade engajada e celebrante. Ao
mesmo tempo, percebia nas entrelinhas dos bastidores preocupações com os
caminhos atuais da igreja diante dessa avassaladora cultura protestante
evangélica, pentecostal e conservadora dominante.
Mais recentemente participei de
outro encontro em que o tema família era o referencial principal da
discussão. Trouxe em minha palestra exemplos de famílias diversas das
normativas, como filhos de pais homossexuais, ou vivências já antigas de
pessoas do mesmo sexo. Fiquei um pouco surpreso de não encontrar definições
claras dos líderes da igreja quanto a essas questões. Desse modo, se não dá
para negar a beleza da herança histórica da IPU e da coragem de setores da
igreja se aproximarem das pautas mais atuais da sociedade contemporânea, precisamos
lançar a pergunta sobre o futuro da IPU.
A tendência das instituições
mais revolucionárias se cristalizarem como baluartes do conservadorismo é
lição da história encontrada em todos os lugares. Uma teologia revolucionária
e provocadora é substituída sistematicamente por uma reflexão de trincheira,
de defesa de pilares e fundamentos que não são tão claros e importantes
assim.
São várias as pautas trazidas
pela existência em sua totalidade como por exemplo a questão da violência.
Entretanto, anterior a tudo isso, o preconceito e a discriminação enquanto
solos de agressões gratuitas e guerras declaradas parecem necessitar de uma
resposta urgente. Uma agenda mais positiva sobre a sexualidade humana e uma
celebração da alteridade que inclui a homossexualidade e os adeptos de
religiões de origem africana são assuntos do momento.
Uma luta mais visível pela
fraternidade inter-religiosa e a ordenação de pastores e pastoras
homossexuais, por exemplo, já ocorrem em muitos lugares do mundo e do Brasil.
Seria muito lógico para a nossa análise de pastor batista encantado com a IPU
aguardar a corajosa resposta dessa igreja capaz de lutar contra preconceitos
e discriminações causadores de sofrimentos e violências evitáveis. Na nossa
opinião, o futuro da IPU, enquanto uma das poucas igrejas relevantes da
história do Brasil, será decidido a partir de suas decisões nesses dois
campos.
http://madoniram.blogspot.com.br/
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segunda-feira, 16 de novembro de 2015
A IPU ONTEM, HOJE E AMANHÃ: visão de um batista ecumênico.
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
SER IPU
A Assessoria de Assuntos Teológicos, que tem como assessor o Rev. Claudio Marcio Rebouças, da IPU de Muritiba/BA, propõe para nós, membros da IPU, que escrevamos um pouco sobre aquilo que nos encanta e desencanta em nossa denominação, em uma forma de nos conhecermos e de promover uma reflexão teológica.
Este trabalho tem como base o texto de Mateus 16:13b que diz: "Quem dizem os homens ser o Filho do homem?"
Quem quiser participar, poderá enviar um texto, de até duas páginas,identificando-se, para nosso assessor (revcacau@hotmail.com) que irá, posteriormente, disponibilizar sua opinião neste espaço.
Participe!
Por: Vinicius Pinheiro[*]
Tenho aprendido na empreitada proposta pelo Evangelho de Jesus que o
caminho estreito, da qual trata o capítulo 7 do livro de Mateus, é marcado por
encontros, por contato, por aproximação, por empatia, por altruísmo, e, sobretudo,
pela manifestação do amor.
Na IPU fui constrangido a seguir por este caminho. Seus membros são a
evidência clara da união e da comunhão proposta por esta comunidade. Unem-se
liturgia e fé manifesta no amor fraternal que é expresso na militância pelo
direito do outro. O outro é quem tem vez, e se não tem voz, a IPU é provocada a
ser profeta. Seu templo é apenas uma extensão do coração de seus membros que
priorizam o acolhimento em detrimento dos preconceitos, da religião, dos dogmas
e do moralismo.
Percebi que esta comunidade propõe uma nova ética de ser da Igreja. E
digo nova em comparação ao cenário atual da igreja brasileira e não da proposta
ética do evangelho existente há mais de dois mil anos. Uma ética que considera
o outro, que faz teologia para o outro, que milita pelo outro, que ouve o
outro, e que corre riscos pelo outro, afinal de contas... O caminho é estreito.
Vejo claramente, com os olhos da fé, este Espírito da paz e da promoção
da união especificamente no líder da IPU de Muritiba – BA, Rev. Claudio Marcio
Rebouças. O sucesso de uma proposta para uma igreja relevante na pós-modernidade
está intimamente relacionado a capacidade de compreensão dos líderes da
dinâmica social e cultural onde a Igreja se insere, a fim de, utilizando este conhecimento,
promover a aproximação da Igreja com o povo, com o pobre, com os homossexuais,
com as religiões e com a política. Muitas vezes fui constrangido a examinar a
mim mesmo (1Co.11:28), e quando o fiz, achei a omissão e a covardia que não
havia no “mano Cacau”.
A IPU é a comunidade que nos provoca a ser culto. Não o culto gramatical,
mas o culto ambulante externo ao templo que dá comida ao faminto, roupas aos
nus, atenção e voz aos doentes e presos, e visibilidade ao estrangeiro (Mt.25:35).
Ser IPU, como pude observar no Rev. Claudio Marcio Rebouças, é ser gente, é ser
- humano, é lutar por gente, é lutar por seres-humanos, é dialogar com o outro,
é fazer dos dogmas o Dogma do amor.
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
DAS POSSIBILIDADES DE EMANCIPAÇÃO ATRAVÉS DA IGREJA PRESBITERIANA UNIDA NO BRASIL
A Assessoria de Assuntos Teológicos, que tem como assessor o Rev. Claudio Marcio Rebouças, da IPU de Muritiba/BA, propõe para nós, membros da IPU, que escrevamos um pouco sobre aquilo que nos encanta e desencanta em nossa denominação, em uma forma de nos conhecermos e de promover uma reflexão teológica.
Este trabalho tem como base o texto de Mateus 16:13b que diz: "Quem dizem os homens ser o Filho do homem?"
Quem quiser participar, poderá enviar um texto, de até duas páginas,identificando-se, para nosso assessor (revcacau@hotmail.com) que irá, posteriormente, disponibilizar sua opinião neste espaço.
Participe!
Um dos participantes foi Victor Aurélio, segue o seu texto.
Por, Victor Aurélio Santana Nascimento.[1]
Os quadros de opressão, outrora aquecidos pelo furor imperialista do
século XIV, tiveram suas bordas ampliadas à custa de muita degradação dos povos
da América Latina. Se, por um lado, nos é possível arriscar o quanto de ouro,
prata e demais riquezas foram expropriadas dessas terras, por outro, estamos
longe de conhecer significativamente as dores sofridas pelos povos nesse
território, em sustento das regalias das classes mais abastardas da Europa.
É consenso que o discurso cristão, engendrado por muito tempo por um
clero burguês, contribuiu (ainda contribui?) fortemente para a construção desse
quadro de opressão, servindo como aparelho de mistificação a serviço das
classes economicamente dominantes. No entanto, lembrando o surgimento das
comunidades primitivas cristãs, e me servindo da leitura dialética da
realidade, a continuidade das mazelas sociais favoreceu o surgimento de
contra-pontos no seio da cristandade e de uma abertura para o retorno aos
fundamentos cristãos desgastados pelas conveniências burocráticas,
institucionais e classistas. Do que estamos falando, afinal de contas?
Cresce na América Latina, de modo mais organizado e a partir do primeiro
quadrante do século XX, aquilo que me parece semelhante ao ocorrido nas lutas
judaicas contra a violência de grandes centros da época como, o Egito e a
Babilônia: começa-se a criar, a partir de um contexto de marginalização e de
sangria social, um grau organizativo das populações mais sofridas, numa
articulação entre o que se tem de sofrimento concreto e a fé trajada na imagem
de uma divindade capaz de libertar não só a alma, mas o corpo da fome, do
desemprego, da inacessibilidade aos espaços de cultura, processos de saúde,
lazer e demais dimensões que compõe o conjunto de condições básicas para uma
vida digna. O que a Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU) tem a ver com
isso?
Sou grato por muito do que vivi e experienciei no meu trajeto pela
igreja Batista. Através da igreja pude conhecer comunidades alheias a toda
sorte de cuidados governamentais, e, junto a isso, compreender que o amor
cristão deve ser mais do que algo que se sente só, entre paredes e liturgias religiosas.
Antes, deve constituir-se como um esforço prático capaz de operar mudanças
efetivas e estruturais no laço social. Esse entendimento favoreceu a minha
escolha por ocupar frentes de luta que me punham em posição de militar por
processos emancipatórios e de libertação das classes mais oprimidas. Nesse
percurso, conheci a IPU, na pessoa do amigo e Reverendo Cláudio Rebouças, e,
posteriormente, numa das reuniões com a comunidade.
O primeiro espanto que me ocorreu – e olhem que eu já vi muita coisa em
minha vida –, foi ouvir e ver ser bem recepcionada numa das reuniões da IPU,
uma pregação que falava sobre a urgência de discutirmos sobre machismo,
racismo, gênero e participação popular na construção de uma sociedade mais
justa e menos desigual, dentro da igreja. Aquilo foi um arrebatamento de
sentidos, porque eu nunca tinha encontrado na igreja cristã um norte tão
voltado para a ruptura de dogmas e práticas disciplinares que, em verdade, só
contribuem para a manutenção de uma organização social injusta e verticalizada.
Naquele momento, a IPU passou a figurar para mim – diferente do ópio com o qual
Karl Marx, em 1844, comparou a crença religiosa – como um dos instrumentos
estratégicos capazes de contribuir para a emancipação – da mulher, do negro,
daqueles que fazem uso dos diferentes modos de experenciação da sexualidade e
demais agrupamentos –, pela via da construção de uma consciência histórica e
crítica sobre a vida, e, inevitavelmente, sobre a vida na América Latina.
Estamos distantes do muito que desejamos enquanto minorias sociais e
ainda é possível nos depararmos com muitos resquícios de violências aqui
empregadas a partir do século XV. Porém, as inquietações estimuladas em
círculos como os da IPU contribuem claramente para que esse quadro social ganhe
novos rumos, nortes libertários. Não seria um erro, portanto, crer ser a IPU,
situada na cidade de Muritiba, uma importante ferramenta de transformação nos
níveis individual e social, muito menos assumir que a sua presença no diverso
conjunto cristão é um germe revolucionário.
sábado, 26 de setembro de 2015
UMA EXPERIÊNCIA DE FÉ...
A Assessoria de Assuntos Teológicos, que tem como assessor o Rev. Claudio Marcio Rebouças, da IPU de Muritiba/BA, propõe para nós, membros da IPU, que escrevamos um pouco sobre aquilo que nos encanta e desencanta em nossa denominação, em uma forma de nos conhecermos e de promover uma reflexão teológica.
Este trabalho tem como base o texto de Mateus 16:13b que diz: "Quem dizem os homens ser o Filho do homem?"
Quem quiser participar, poderá enviar um texto, de até duas páginas,identificando-se, para nosso assessor (revcacau@hotmail.com) que irá, posteriormente, disponibilizar sua opinião neste espaço.
Participe!
Um dos participantes foi Paulo Roberto, segue o seu texto.
“Certo ou errado até...
A fé vai onde quer que eu vá”!
(Gilberto
Gil- Andar com Fé).
Por:
Paulo Roberto[1]
A experiência da Fé, na
história humana, “sempre” foi uma característica fundante do processo de
desenvolvimento nas diversas sociedades. Me arrisco a dizer que, talvez, um dos
processos sociais mais solícito a companhia dos indivíduos, ao longo dos tempos,
frente aos ainda incertos acontecimentos em nosso cotidiano. Foi e, ainda tem
sido, nas diversas formas de ser das religiões, onde o humano pode e tem podido
se enxergar, mesmo com gritantes contradições, um local de amparo e
encorajamento do humano.
Nesse sentido, tenho a
categórica dimensão de que a religião, esse espaço de mediação entre o humano e
suas figuras de transcendência, suas formas divinas de consolo e zelo, tem um
papel extremamente descomunal no que tange a confortabilidade humana, ainda que
seja imbuída de crises e conflitos diversos. Não há como negarmos a experiência
de libertação, equilíbrio e força com que os espaços religiosos, na sua
dimensão da crença, da fé, produzem na vida d@s que as seguem. O trato
religioso para com a vida busca, através do seu discurso, trazer, desde a sua
concepção, esta condição de serenidade e maravilhas para o viver diário.
Tomado por esta
perspectiva, vejo que em minha experiência de Fé, ainda muito jovem e conflituosa
em alguns instantes, fui deliciosamente arrastado, através da relação com a
IPU, na cidade de Muritiba, no Recôncavo Baiano, na figura do seu eminente
Reverendo (meu parceiro), Cláudio Márcio Rebouças, por uma dimensão
encantadora, algo que já vinha vivenciado, mas que, confesso, havia meio que
abandonado há um certo tempo, a prisão libertadora do Ecumenismo. A
representação mais perfeita da minha ideia de Paraíso, o sentar-se junto à tod@s,
comer do mesmo pão, beber do mesmo vinho, do mesmo jabá, beber do mesmo licor,
como nos aponta o Pastor Cláudio Márcio.
Tal foi a profundidade
com que fui atingido por essa força Ecumênica, no espaço da IPU, que, mesmo em
meus primeiros instantes de caminhada, pude me sentir em casa, certo de que ali
podia continuar com a mesma e tão divinamente humana representação de Deus e
suas dimensões. Me sentia e me sinto, sempre, batendo um papo extremamente
gostoso e rico com a figura do Senhor Deus, numa intimidade encontrada apenas e
tão-somente, nas mais sinceras e transparentes formas de ser relação.
Na IPU o contato com a
dimensão divina é, tal qual a de uma pena ao se desvencilhar de um pássaro e
ser tocada pelo suave vento, “sempre” chega ao chão abrandada-tranquilizada,
serenamente cuidada. Na e com a IPU tive e tenho tido a certeza do quanto,
apesar de muito complexo-dispendioso, nos é necessário o exercício da
alteridade, do olhar no e para o outro a dimensão, ainda que distinta, do rosto
e da força divina, enxergar sempre nesse outro, a riqueza que existe nas
diversas formas de ser e estar Igreja, nos distintos modos de poder, de modo
deleitador, experienciar a nossa Fé!
quinta-feira, 30 de julho de 2015
Senhor, grato com a possibilidade de ser dedo Teu...
Fiquei esses dias
refletindo como alguns religiosos costumam se “esquivar” de compromissos
cotidianos e jogam a responsabilidade para o Divino, onde, de algum modo, ainda
que indiretamente, dizem: “tal situação se encontra assim e só o Senhor pode
mudar”! Ora, essa afirmação é parcialmente “verdadeira”. Todavia, é
demasiadamente “PERIGOSA” (como usava costumeiramente o saudoso Rev. João Dias
de Araújo).
Perigosa na medida em
que a experiência de fé pode-deve provocar processos de empoderamento de
sujeitos sociais que buscam-promovem espiritualidades emancipatórias,
acolhedoras e dialógicas. É preciso tomada de consciência (no contexto da fé
cristã) da Graça de Jesus de Nazaré e, isso deve ser suficiente para sermos
alguém melhor nas diversas funções e ou identidades que assumimos na caminhada.
Honestamente, penso que
muitas vezes a fé está sendo vivida por muitos de maneira “infantilizada”. O
problema não é “ser criança” (dependente dos seus responsáveis), mas, não
perceber que já chegou à hora de cuidar e se tornar responsável por outr@s, “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como
menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as
coisas de menino” (I Cor. 13.11).
O problema é jogar nas mãos de Deus o que é
responsabilidade nossa! Estou cansado!
Se Deus é apenas uma
palavra em sua boca, nunca será o dedo dEle na história.
Há
Braços
Cláudio
Márcio[1]
domingo, 24 de maio de 2015
SOUC: um desafio necessário.
“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados
filhos de Deus”
(Mateus
5:9)
“Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz”
(ORAÇÃO DE SÃO
FRANCISCO)
Por:
Cláudio Márcio[1]
Participar da Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC),
é uma experiência linda. Sim, o exercício de unidade na diversidade exige
abertura ao diferente. Ao se falar em fé Cristã, é preciso salientar uma
prática social plural. Desta maneira, o diálogo torna-se imprescindível para
construção de outra realidade. Fomos desafiados a beber da mesma Água (Jesus de
Nazaré), em fontes, jarros, diferentes.
Daí, afirmamos a
sede de uma espiritualidade humanizadora, justa e solidária. Não somos os
únicos com acesso a essa Água. O velho Raul Seixas em uma canção nos lembra: “...
a Água viva ainda tá na fonte". Há uma tristeza por aqueles que assumem
uma mercantilização dessa fonte. É de graça e gera Graça. Sine Calmon (cantor
de reggae no Recôncavo da Bahia) sinaliza: “precisamos beber da Água da fonte
da luz". É importante salientar como a dimensão da escuta e troca revelam
uma busca de amadurecimento na fé. A prática ecumênica é um desafio. Todavia, é
possível e necessária. Hoje, dia de pentecostes, faço minha oração. “Que
sejamos um, Senhor”. A SOUC é uma bênção. Muito grato a Deus e a cada irmão e
irmã que participaram desta semana. Temos muito a avançar! A esperança precisa
ser “utopia concreta”, pois, a tomada de consciência do Amor de Deus, deve
desafiar cada um(a), à diaconia. Temos sede de Deus! Devemos ter também por
justiça e dignidade humana. Avante! Podemos-devemos oferecer e receber dos
outros gratuitamente a Água da vida.
sexta-feira, 10 de abril de 2015
Eu, (des)encantado...
Por: Cláudio Márcio[1]
O retorno do sagrado?!
As limitações da racionalidade...
Desencantamento do mundo?!
Dimensões religiosas de extrema
reflexibilidade.
A ciência também é dogmática!
Campos em disputa!
Sistemas de crenças!
Explicações do mundo...
Tanto um quanto o outro podem ser ópio!
Libertam-escravizam...
Quem manipula tais símbolos?
Ora, a vida segue cheia de fé-festa...
E, no partir do pão, no brotar da flor,
no brilho das estrelas, no riso da criança...
Lendo livros e vidas ao som de Cartola,
aprendi que a vida é um moinho...
Minha confissão de angústia-esperança me
curam.
Não se trata de escolher dicotomicamente
este ou aquele caminho, isto é, religião ou ciência?
Ao contrário, questiono ambas por entender
ser necessário compreendê-las criticamente.
Entretanto, penso que as mesmas carecem
da leveza das penas dos poetas.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
Feliz é o jardineiro...
Por:
Cláudio Márcio[1]
Estes dias veio a
palavra do Senhor através de um bêbado na rua que dizia mais ou menos assim:
“Não tiveram paciência! Achei uma planta que jogaram fora! Eu gosto de planta!
Levei pra casa e com o tempo ela floresceu perfumando todo o meu lar!” Achei
isso de uma beleza-leveza que me encheu de vida!
Fiquei refletindo a
“correria nossa” de cada dia, os prazos na vida acadêmica e ou religiosa,
metas, busca por... Ora, não se trata de abandonar sonhos-projetos, mas,
repensar o caminho. O que vejo? Líderes religiosos e acadêmicos adoecendo! A
crença no jogo e sua prática podem ser extremamente perversas. Sim, trata-se
também de sistemas de crença. Religião e Ciência essa é minha “cachaça”! Vez
por outra, só com um “porre” para suportar o caminho.
Eu, aprendiz do bêbado
poeta-teólogo das ruas e bares, não desisti das flores perfumadas na religião e
na universidade, contudo, percebo que ambos os espaços não possuem paciência e
vendem-produzem ilusões. Isto é, são flores artificiais, quando não apenas
buquês (com flores mortas) ungidos e legitimados por religiosos e professores
universitários.
De fato, apenas
seguirei no caminho com fé-festa, flores, livros e outro ritmo nos passos...
Esperando por bêbados-poetas que provoquem leveza-alegria e esperança no caminho.
Evidente que as
generalizações aqui são com o intuito de provocar reflexões... A realidade e os campos de saberes são socialmente
construídos em disputa. Questiono o sistema de crenças que ambos possuem. A
impressão é que muda apenas o nome do Deus (Deuses). Assim sendo, o divino
exige bastante dos fiéis. O que posso fazer? Não abandonarei a marcha, apenas,
lerei mais poesias, olharei mais o sol, tomarei um pouco de chuva e, farei de um
jardineiro um novo amigo.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
UM DIA...
Um dia a dor vai acabar...
Um dia a lembrança vai virar uma doce presença;
Um dia a saudade será uma forma de eternizar a sua companhia;
Um dia o choro se transformará naquele teu belo sorriso...
Um dia nossa despedida simbolizará nosso primeiro encontro.
Um dia a poesia será nosso diálogo;
Um dia a lembrança vai virar uma doce presença;
Um dia a saudade será uma forma de eternizar a sua companhia;
Um dia o choro se transformará naquele teu belo sorriso...
Um dia nossa despedida simbolizará nosso primeiro encontro.
Um dia a poesia será nosso diálogo;
Um dia farei de conta que estou contigo...
Um dia... Mas enquanto esse dia não chega,
Sinto suas mãos apertando meu peito
Sinto sua voz no silêncio dos pensamentos
Sinto seu sorriso na solidão da noite
Nos olhamos no espelho da ausência
E mais um dia se esvai...
No entanto aguardo o dia em que tudo isso vai acabar e seremos novamente felizes...
EM HOMENAGEM A CLARICE VITÓRIA (MINHA ETERNA PRINCESA)
Um dia... Mas enquanto esse dia não chega,
Sinto suas mãos apertando meu peito
Sinto sua voz no silêncio dos pensamentos
Sinto seu sorriso na solidão da noite
Nos olhamos no espelho da ausência
E mais um dia se esvai...
No entanto aguardo o dia em que tudo isso vai acabar e seremos novamente felizes...
EM HOMENAGEM A CLARICE VITÓRIA (MINHA ETERNA PRINCESA)
OBS: Texto de Jussiana Silva (minha esposa e tia da pequena Clarice).
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
AVANTE IPU...
“Avançar não é simples, mas também não é impossível”. (Salete
Nery)
Por:
Cláudio Márcio[1]
Após a reunião do
Presbitério do Salvado (PSVD-IPU), muitos sonhos e desejos são realimentados.
Sim! Vontade de potencializar nossa identidade como ato político mesmo. Assim,
sou cristão e minha igreja é a IPU. Aparentemente é uma bobagem, mas, não é,
uma vez que, essa tomada de posição implica em demarcar uma trajetória de
homens e mulheres que acreditaram (acreditam) no Reino de Deus que emancipa o
humano em diversidade e promove a vida em cada praça ou esquina (também) da
cidade.
Neste sentido, cremos
numa espiritualidade solidária, acolhedora, com leveza e beleza na vida.
Defendemos a possibilidade do diálogo e do respeito. Nossa leitura da Bíblia
não se afasta da “cultura popular” e suas manifestações que celebram a dimensão
corpórea gerando celebração, isto é, fé-folia. Entretanto, não se trata apenas
da utilização ou não de instrumentos percussivos em nossas liturgias, trata-se
de uma linguagem nova.
Evidente que temos
muito a avançar ainda, porém, é preciso acreditar e ser a mudança necessária. A
IPU tem um legado significativo em solo brasileiro, contudo, é inadiável uma
atualização da agenda. É preciso sentar-se à mesa para conversar sobre questões
como: homossexualidade, novas famílias, descriminalização do aborto e da
maconha, etc.
Penso ser urgente
debate com as lideranças das comunidades locais e seus eclesianos sobre essas e
outras temáticas para uma produção teológica mais responsável e atual, ou seja,
igreja local e presbitério em diálogo com a IPU nacional. Cada comunidade
carrega seus anseios, sonhos e fragilidades. Isso é bom! Não podemos nos
vitimizar ou abaixar a cabeça como coitadinhos. É preciso posicionar-se! É
preciso rever-se! Nenhuma fala é pronta e acabada. Se somos reformados em
processo o que impede a atualização de nossas falas?
Tenho orgulho de
participar da IPU e acredito no potencial que há em nossas comunidades e
trajetórias pessoais. Avante IPU! Podemos mais! Testemunhemos o amor de Deus
revelado em Jesus de Nazaré salgando e iluminando no e com o mundo. Sejamos
dedos de Deus na história! Amém!