Por: Cláudio
Márcio[1]
Na manhã de domingo
(09-07-17), a Igreja Presbiteriana Unida (IPU), na cidade serrana de Muritiba
(Recôncavo da Bahia), promoveu um excelente estudo sobre os 500 anos da Reforma
Protestante com o historiador, teólogo e filósofo Pr.Jorge Nery. Pensamos a
relevância deste fenômeno social e, não menos, suas contradições. Houve uma
presença significativa de visitantes da igreja Batista, uma “galerinha” da UFRB
e da UNEB.
Desta maneira, é
importante salientar como no século XVI na Europa o cristianismo como religião
oficial foi provocado por movimentos e sujeitos sociais e, inevitavelmente, a
partir de redes interdependentes, rupturas-permanências, uma gênese de um novo
paradigma societário se estabelecia.
Ora, naquela conjuntura
específica “a Bíblia na língua materna na mão do povo” tinha um tom
revolucionário, ou seja, um processo subversivo e descentralizador de uma
experiência com o Sagrado. Lembramos da relevância da fé em Jesus Cristo em um
período em que as indulgências possuíam características salvíficas. Do
sacerdócio universal, isto é, todo mundo é padre de si mesmo. E as mulheres neste contexto? Qual a razão de
tanto silêncio?
Pensamos ainda a
complexidade de tal fenômeno com o intuito de não construir heróis, uma vez
que, a Reforma Protestante desenvolve-se também mediante relações de
interesses, em que príncipes abraçavam aquela nova possibilidade religiosa para
não pagarem impostos a Roma. Nesse sentido a Reforma Protestante é
simultaneamente: política-religiosa-econômica. Lembramos ainda que milhares de camponeses anabatistas
foram exterminados.
Sabemos que a
experiência religiosa é cheia de ambivalências, isto é, ela liberta-escraviza.
Refletimos como a Bíblia no processo histórico foi utilizada para dominação. A
cruz, por vezes, se tornou espada. Grupos religiosos evangélicos no século XXI
reinventaram a prática das indulgências.
O exercício da fé como prática
comunitária foi se perdendo em detrimento de uma perspectiva isolada e
individualizada com Deus.
Questões importantes
foram levantadas e debatidas naquela linda manhã. Abordamos ainda o perigo de
uma BANCADA EVANGÉLICA servidora do deus-dinheiro e envolvida (em grande
medida) em esquemas de corrupções, pois, querem criar uma teocracia no Brasil.
ABSURDO! Vocês não nos representam!
Com efeito, sabemos que
com ou sem fogueiras, muitas inquisições foram estabelecidas em nome de Deus,
da moral, da ordem. Entretanto, penso que devemos desenvolver uma
espiritualidade não inquisitorial, mas, acolhedora e libertadora. Deus tenha
piedade dos que se dizem cristãos e votam a favor da negação dos direitos de
trabalhadores e trabalhadoras. Irmãos e irmãs: É preciso lutar para além da
oração e do voto!