quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

REGANDO ESPERANÇA PARA FLORESCER...

 

Por: Jussiana Silva dos Santos[1]

Lembro-me de um cartão que meu pai guardava dentro da Bíblia. Ele era comprido como um marcador de página e tinha um lindo botão de rosa amarelo. Mas o que me intrigava era o que estava escrito: Se hoje você vê a flor, agradeça a semente de ontem. Assim, cresci sabendo que precisaria pensar no futuro, agindo com amor, sabedoria, prudência, esperança.

Hoje, atravessando um ano complicado, difícil, pandêmico, fico me perguntando se encontrarei flores em 2021. Mas então, a frase da minha infância me interrompe e questiona: O que você regou? Como agi em meio a pandemia? Fui prudente? Pensei no meu próximo? Escutei o choro e tentei acalmar o desesperado? Respeitei as mortes promovidas pela Covid-19? Se sim, com certeza sentirei o aroma das flores que reguei pelo caminho!

Portanto, continuemos regando a esperança, comprometidos com um ano melhor, um ano em que 2020 não será esquecido, mas representará uma lição de que mesmo quando tudo pareça destruído, quando o jardim não tiver uma flor, lembremos que as sementes estão enterradas, precisando de mãos para regá-las! Quando então florescer as borboletas chegarão, os passarinhos cantarão com força e sentiremos o aroma divino soprando em nossas narinas! Esse será o momento de nascer de novo! Desta maneira, será possível dizer:

 

Agradecer pela terra seca que é morada da resistência

Nela reside a certeza que com água e semente o fruto surgirá

A fome então cessará quando o arado for acionado

E o sol da justiça as demais coisas acrescentará

 

Agradecer pela chuva forte mesmo quando o sonho é de praia

Nela reside a certeza que sempre existirá o manancial

A sede então não assolará quando o pote estiver nas mãos

E o arco íris continuará sendo o nosso referencial

 

Agradecer pelas flores que perfumam o ambiente

Agradecer pelo jardineiro que entregou o seu amor

Se no nosso jardim a gratidão for cultivada

Então a esperança será o semeador

 

Olharemos para a terra seca e veremos a semente

Olharemos para a chuva e enxergaremos a plantação

Olharemos para as máscaras e veremos o sorriso

Olharemos para os problemas e daremos a solução



[1] Presbítera da IPU de Muritiba (cidade serrana do Recôncavo baiano).

CEBI

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

TU QUE ÉS INVISÍVEL E SE REVELA NO ROSTO DE CADA HUMANO

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1]

 

Ó Deus, fonte de toda vida e beleza, invocamos sua presença

Tu que conheces nossos medos e dores vem nos socorrer

Ó Deus, neste (re)começo sabemos que És nosso bom pastor que cuida de nós

Tu que sabe onde há pastos verdejantes e águas tranquilas, dirige nossos passos.

 

Ó Deus, compreendemos que nossa vida só tem sentido em Sua presença

Tu que habitas o templo, a praça, as ruas, lembre-se de nossas casas

Ó Deus, aviva nossa memória com Sua misericórdia e amor

Tu escutas, ilumina e orienta nossa jornada, recebe nossa adoração neste dia.

 

Ó Deus, meu camarada e libertador, graças te dou por sua misericórdia que se renova

Nossos corpos cansados da labuta se revigoram com o óleo que vem de Suas mãos

Nossos pés calejados pela travessia foram cuidados com sua amorosidade sem fim

Se recebemos tantas bênçãos do Senhor como ficaremos calados(as)?

 

Ó Deus, Tu que És invisível e se revela no rosto de cada humano

Que não se limitas ao templo, mas, não desprezas o coração contrito

Tu que És mistério profundo e amigo mais próximo que irmão

Que És poderoso e chora com todo oprimido do mundo.

 

Ó Deus, que te darei por todo benefício que me tem feito?

Que estou fazendo se sou Cristão?

Me aproximo de Ti com total gratidão pela cruz que me sarou – salvou

Sabemos em quem temos crido – nossa vida, dons e talentos consagramos a Ti.

 

Ó Deus, na minha escuridão vejo Sua luz - No meu choro acho Seu consolo

No meu cansaço tu me revigoras - Na minha sede Tu és como água de côco

Na minha fome Tu és como delicioso cuscuz matinal

Quando furo os pés no espinho Tu és como mãe que carrega no colo.

 

Ó Deus, quando tenho medo na noite é Sua voz que me faz ninar

Assumo minha fé reformada e ecumênica

Defendo a espiritualidade da diaconia e da libertação

Aqui estou, Senhor! Quero salgar e iluminar esse mundo caótico. Amém!

 




[1] Reverendo da IPU de Muritiba (cidade serrana do Recôncavo baiano).

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

OS ANJOS AQUI NO QUINTAL...

 

Por: Jussiana Silva dos Santos[1]

 

Neste Natal diferente em plena pandemia

Olho para a árvore colorida em meio a casa vazia

Não teremos o abraço de amigos nem crianças na correria

Mas confesso Menino de luz, que meu coração será sua estrebaria.

 

Olho para o céu da janela e eis que vejo a estrela guia

Ela pisca com intensidade e anuncia com alegria

Não há caminho para percorrer, evite qualquer agonia

Os anjos aqui no quintal entoam a melodia

 

Glória a Deus nas alturas, o chão que piso virou Belém.

Já ouço o choro que celebra a vida, quero carregar o lindo neném

Não permitirei que os soldados romanos façam de Jesus o seu refém

Venha menino, dou o meu colo, essa casa é sua também

 

Nessa noite vou repousar ao lado da bela manjedoura

Pode descansar querida Maria, do menino serei protetora

Sei que Ele representa a cura, a salvação plena e duradoura

Por isso serei o mago do oriente, os pastores do campo, sua fiel adoradora




[1] Presbítera da IPU de Muritiba-BA.

CEBI

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

O MENINO QUE VEM...

 

Por: Augusto Amorim Jr.[1]


O menino que vem

É o Rei da Paz

É o Rei  desarmado

 Sem generais

Imigrante, sem teto,

É Deus entre nós!

 

O menino que vem

Em Belém, em nós

É o Deus encarnado,

Não nos deixa sós

Sobreviveu à sanha

de um império algoz

 

Vem com ternura

Nas trevas irrompe a luz

Traz esperança

Criança, reluz!

 

Vem do futuro

Presença que nos conduz

Vem com beleza,

Sol da Justiça, Jesus!

O menino que vem... vem... e virá...


CEBI



[1] Presbítero da IPU de Itapagipe-BA.

domingo, 13 de dezembro de 2020

ALEGREM-SE, A CURA HÁ DE NASCER!

 

Por: Jussiana Silva dos Santos[1]

 

Vem Senhor, vem sem demora,

Mesmo cansados acreditamos na salvação

Aguardamos o menino que chorará a cura

Portanto não temeremos essa imensa escuridão

 

A luz chegará e nos levará ao Messias

Por isso corações, regozijem-se no amor

Por mais que pareça não ter mais sentido

Acreditamos que do asfalto romperá a flor

 

E quando chegarmos ao lado da manjedoura

Quando o pranto transformar-se em celebração

Reconheceremos que o caminho foi árduo

Mas é na fé que reside a libertação

 

Venham comigo, vamos dançar na esperança,

As estrelas apontam, sigamos com retidão

Breve nascerá a cura das nossas vidas

E novamente poderemos desfrutar da comunhão




[1] Presbítera da IPU de Muritiba (cidade serrana do recôncavo baiano).


sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Advento: tempo de discernimento, conversão e esperança

 

Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.
Como está escrito no profeta Isaías: Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti.
Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.
Apareceu João batizando no deserto e pregando o batismo de arrependimento, para remissão de pecados.
E toda a província da Judeia e todos os habitantes de Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados.
E João andava vestido de pelos de camelo e com um cinto de couro em redor de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre,
e pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das sandálias.
Eu, em verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo.

Marcos 1: 1-8

 

O texto deste Segundo Domingo de Advento começa com uma expressão central que às vezes corremos o risco de passar apressadamente por ela. O texto faz referência ao Evangelho de Jesus, o Cristo, Filho de Deus. Esta é a resposta à pergunta que o Evangelho conforme Marcos busca responder: Quem é Jesus? Quem ele é, como viveu, morreu e ressuscitou.

Naquela época, o evangelho amplamente divulgado era o de César, imperador romano. A boa nova mais propagada era de que César era divino, que com sua força militar estabeleceria a paz, a Pax Romana, fundada na exploração através de pesados tributos e da repressão pela força militar. Já de início o Evangelho conforme Marcos corajosamente declara que não é deste evangelho de César que está se falando, mas do Evangelho de Jesus, o Cristo, o Filho de Deus, que veio inaugurar o Reino de Deus, Reino de amor, partilha, cuidado, onde misericórdia e verdade se encontram, justiça e paz se beijam (Sl 85: 10).

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

ONDE RENASCERÁ A ALEGRIA?

 

Por: Joel Zeff[1] 

 Alegria é um sentimento “plástico”, maleável: depende muito da visão de mundo que temos. Há quem encontre alegria em coisas superficiais, como um carro novo, ou um título. Há quem seja mais exigente, e cave mais fundo, e se sinta tal qual o poeta maluco beleza: Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso; Por ter finalmente vencido na vida;
Mas eu acho isso uma grande piada; E um tanto quanto perigosa.”

A verdade é que nesses tempos que vivemos, onde de alguma forma, toda a humanidade teve que encarar seriamente os limites de sua existência, e onde as “distrações” que normalmente utilizávamos para ignorar a complexidade da vida nos foram retiradas, a alegria aparece não mais sendo vendida como uma promessa fácil em comerciais de 30 segundos. Aliás, continuam sim tentando vender. Mas algo nesse ano sombrio faz com que muitos desconfiem seriamente desses artifícios e enganos com os quais nos acostumamos, mas não devíamos.

Isso não significa, porém que devemos sucumbir a um pessimismo cego e imobilizante, pois como diz outra canção “A tristeza é uma forma de egoísmo” – isto é, ficar se lamentando o tempo todo sobre nossas dificuldades pessoais não resolve nada. Há tempo sim para o lamento e o choro – sinal de que não perdemos a empatia, que somos humanos de verdade, e que não estamos entre aqueles que se bestificaram tal qual Caim, que respondeu ante a pergunta Divina: “onde está o teu irmão?” com um tipo, “E daí, eu sou coveiro?”. Não, esse foi outro! Caim respondeu: sou eu o guarda do meu irmão? Mas o espírito do mal perverso e assassino é mesmo em ambas as frases.

Mas enfim, para além da dor, ou em meio a dor é possível renascer a alegria? Onde será que podemos encontrar energias para “ressuscitarmos” das muitas mortes – reais e figuradas – com as quais tivemos que lidar ao longo desse difícil 2020? Estamos no Advento, tempo de anunciar novamente, e mais uma vez, que Deus não está acima de todos: ele está no meio de nós. Ele é o “Emanuel, Deus-conosco”. Sua vinda e sua presença mesmo em meio “as dores do mundo” é fonte principal de nossa esperança teimosa, insistente, lutadora, indignada e esperançosa.

É assim que o livro de Isaías anunciava a um povo que tinha vivido expropriação e cativeiro. “Que todo vale seja aterrado, que toda montanha e colina sejam abaixadas: que os cimos sejam aplainados, que as escarpas sejam niveladas!”. Isaías teimava em sonhar mesmo em tempos de cativeiro: “Eu tenho um sonho” bradou o profeta e pastor Dr. Martin Luther King Jr. Sonhos de equidade racial em meio a uma sociedade dividida pelo racismo dos maus.

É assim que a poeta bíblico anuncia em uma imagem de beleza e afeto corpóreo, que, “Próxima está a sua salvação dos que o temem, para que a glória assista em nossa terra. Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram”. Em tempos de isolamento e distanciamento, ousamos sonhar com abraços e beijos! Corpos em encontros fraternos e sororais, plenitude da vida, prenúncio da alegria.

Ainda não estamos lá, é verdade. Mas o Evangelho nos diz para “preparar o caminho”. E talvez a gente encontre a alegria já aí: na preparação, na expectativa. “Irá chegar um novo dia, um novo céu, uma nova terra um novo mar, e nesse dia os oprimidos a uma só voz irão cantar” / “Faz-se noite mas eu canto” / “Mesmo escura a noite, brilha a tua luz...”. Sim, na poesia que inventa mundos novos, mais generosos e mais plenos para todas as pessoas, renascerá a alegria.

“Vai passar...”

Joel Zeferino,

Salvador, 04 de dezembro de 2020.

 

 




[1] Pastor da Igreja Batista Nazareth em Salvador-BA.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

NÃO TEMOS FALTA DE DEUS...

 

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1]

Jesus mesmo disse que gostaria de acolher a Jerusalém, tal como uma galinha que abraça e reúne os seus filhotes, mas o povo rejeitou-O e não quis (Mateus 23:37)

Um dia desses fomos (eu e Jussi) entregar uma lembrança a uma amiga que estava fazendo aniversário e ela ao nos encontrar disse sorrindo: obrigado e não precisava. O que quero mesmo é um abraço! Fiquei sem jeito pelo contexto pandêmico, porém, já que estávamos de máscara, dei um rápido e simbólico abraço.

Simbólico pelo fato que além de amigo, do afastamento-isolamento social e da saudade que não tem fim, mesmo morando na mesma cidade, estava ali também a representação do líder religioso dando-recebendo afeto e expressando a face cheia de amorosidade de Deus. O abraço em nossa cultura é tão forte que criaram o abraçaço. Gostamos de sentir a pele e o cheiro do outro, isto é, faz parte de nossa socialização esse modo de ser no mundo.