quinta-feira, 4 de julho de 2019

Uma confissão de fé renovada


Por: Joel Zeff[1]

Mais uma vez retorno a esse texto, talvez pela percepção de que o que eu tenho para dizer sobre o assunto, embora possa variar em forma de apresentação, no conteúdo, mudou muito pouco. Uma coisa talvez tenha mudado: cada vez me importo menos com o que dizem do que eu digo. Tenho aprendido com o passar dos anos, que quando há má vontade por parte do leitor, nenhuma explicação será suficiente, e quando há um pouco de boa vontade, poucas são realmente necessárias. O que segue incomodando é tendência a querer respostas prontas. Creio que muito mais ético e pedagógico, e que cada qual tenha o direito (e o dever) de fazer seus próprios julgamentos e decisões a partir leituras que faz, das experiências que tem, do reconhecimento do conhecimento alheio, e jamais meramente baseada na “autoridade” de quem fala.

Sobre o tema das sexualidades, sigo também na simples confissão de que minha opinião, por ser pautada numa experiência que é hegemônica, deve ter todo o cuidado de não pretender falar para, ou sobre, mas falar com, e muito mais, falar depois de. Sim, são as pessoas LGBTTQI+ quem tem a prioridade de fala, pois são elas que sofrem as violências das mais diversas, sabendo de mais de uma maneira “a dor e a delícia de ser o que é”.
Voltando ao que escrevi antes... como o silêncio é cumplicidade com a “maioria”, e nesse caso, a “maioria” é LGBTTQI+fóbica, cumpre o dever de quem pensa contra a maioria de explicitar sua posição. E como seguem me perguntando, eu digo e repito: lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, queers, intersex (+), são amadas(os) por Deus, como você, como eu, como qualquer outro ser humano. Sem “mas...”. Sem “desde que...”. E se cheguei a essas conclusões não foram com sofisticadas teorias exegéticas e hermenêuticas, mas nas várias leituras que fiz do texto bíblico, em diálogo com a vida. Leitura simples, que se baseia no enunciado simples, mas central nas Escrituras, que é norma exigente e inescapável do AMOR. É a partir dela que leio TODOS os textos das Escrituras, e se for o caso de algum entrar em conflito com a norma, terá que ficar entre aspas ou em segundo plano. Penso ainda agora, que pela abrangência, complexidade, e superioridade do amor, seja este um método honesto de ler a Bíblia, em muito superior a falsidade da “leitura literal” que fica saltando textos que não cabem em sua caixinha ideológica.
Nisso resulta minha confissão de fé, igualmente simples, sobre sexualidades e relacionamentos: “Creio no amor de Deus, do Deus de amor, que incluí e celebra todas as formas de ser e de amar. E que de igual modo abomina tudo que seja anti-amor: todas as formas de ser e se relacionar de forma injusta e/ou violenta, seja hétero ou LGBTTQI+” É isso que penso. É nisso que creio.
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[1] Pastor da Igreja Batista Nazareth em Salvador-BA e membro da Aliança de Batistas do Brasil (ABB).

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