domingo, 21 de julho de 2013

RINDO DA VIDA...


             Um dia desses a vida sorriu para mim e, minha existência foi "abastecida" por mais uns dias de esperança-alegria. Sim, é muito difícil viver! Contudo, concordando com Gonzaguinha: "ninguém quer a morte, só saúde e sorte". Nossa vida se resume às nossas preocupações? Precisamos ficar tanto tempo angustiados? Penso que por não sabermos o que ocorrerá na próxima esquina da cidade, não devemos evitá-la amedrontados e imobilizados. Viver também é arriscar, não?
            Esta reflexão não é de autoajuda! É texto como "gole de vida”... É provocação para celebração em processo, pois, poderia existir um cronograma da existência? A vida que é experimentada em sua multiplicidade de sentidos é também desafio nosso de cada dia.
            Bem, aqui me direciono especificamente aos que se propõem uma vida em parceria com a fé. Não estou falando de uma fé cristã, falo de processo de espiritualidade que é plural, que extrapola as instituições religiosas, que encanta e faz bem a jornada. Neste sentido, a fé torna-se festa, resistência, estratégia de recriação do caos... Ela só não pode ser estática... A fé é sempre movimento!
            Partindo desse pressuposto, o convite aqui é para a transformação de nós mesmos. Que a vida nos "joga no chão" vez por outra já sabemos. Buscamos explicações para doença, trabalho, família, morte e, o que fazer quando a vida teimosamente diz não aos nossos agendamentos? Como viveremos os imprevistos do caminho? A questão aqui não é estabelecer um modelo a ser seguido, pois, se há algo estrutural no caminhar são justamente os imprevistos.
            Entre o construto deste texto e conversas outras na biblioteca da UFRB/CAHL com meu camarada Matheus Barros (estudante de CISO) escutei a expressão: "tem que relaxar"! Ora, é isso! Por uma vida de "relaxamento" que se aproxima da "vagabundagem" proposta por Marcos Monteiro em uma das crônicas do livro VILA MARAVILA II.

            Assim sendo, fica decretado que toda vez que a vida sorrir precisa existir reciprocidade. Pois, como diz a canção popular: "não que a vida esteja assim tão boa, mas um sorriso ajuda a melhorar".

Por: Cláudio Márcio

             

quinta-feira, 18 de julho de 2013

VESTINDO A CAMISA: ATO POLÍTICO-IDENTITÁRIO...


              Um dos desafios que encontro no ministério pastoral é fazer com que um processo dialogal crítico possa ocorrer no relacionamento que tenho na IPU-MURITIBA-BA. Pois, é comum escutar certo distanciamento entre o que os documentos fundantes desta comunidade defendem e o que cada eclesian@ pratica cotidianamente. Assim, é comum escutar que a liderança da IPU é progressista e ecumênica, mas, os eclesian@s, não.
                Bem, a questão aqui não é se essa afirmação é verdadeira ou falsa, mas, tentar problematizar esse ponto para que possamos chegar a um lócus comum de espiritualidade-diaconal que gera vida-encantamento. Sim, confesso com um tanto de tristeza o que salta diante dos meus olhos: pessoas mais "velhas" com saudade da IPB e "jovens" que não conhecem a IPU.

            Desta forma, há um repúdio a práticas repressoras da IPB (legítimo), um saudosismo a um "tempo encantado-profético" da IPU e jovens que não conhecem a comunidade que participa. Ora, como construir um caminho relevante entre essa história de comprometimento de homens e mulheres com o Reino de Deus, com a justiça, com uma perspectiva crítica da realidade, com a vida, se a nossa juventude parece não ter percebido a "grandeza" da igreja que participa? Ou seja, o que falta à IPU para encantar as juventudes do nosso Brasil?

            Evidente que essas questões que aqui aponto são bastante relativas e questionáveis, pois, ainda há uma dimensão profética ocorrendo em comunidades da IPU, assim como jovens extremamente comprometidos com a sequência do que se entende enquanto Sopro do Espírito na história do protestantismo brasileiro.
            O "desabafo" não é de um "ex-batista" querendo "tirar onda" com a IPU, mas, de alguém que sonhava com esse espaço de reflexão, de acolhimento, de maior liberdade para viver. Sim, o "desabafo" é de quem se encantou com essa igreja chamada IPU e, percebe a beleza de uma espiritualidade-engajada; da bíblia que tenta dialogar com o chão que é tão plural. Sim, eu vesti a camisa da IPU que se traduz em diálogo crítico e serviço ao Divino que encontra-se no humano.
            Contudo, aponto que o Espírito não parou de Soprar, não podemos nos engessar em um processo de religiosidade que mata os sonhos e a vida. Afinal, "somos uma igreja reformada sempre se reformando", não? E não nos conformamos com este mundo, não é mesmo? Peço a Deus que levante homens e mulheres comprometidos com a vida, com a poesia, com a cultura, com a justiça nas ruas e praças da cidade, pois, se para uma igreja crescer precisa mercantilizar a fé, continuaremos pequeninos em solo brasileiro.
             Entretanto, cabem muitas questões a serem debatidas, porém eu deixo apenas duas: todos os grupos religiosos que crescem estão envolvidos no proselitismo e demonização do outro? Quais aspectos do pentecostalismo e ou neopentecostalismo são relevantes para uma suposta "renovação" ao protestantismo histórico brasileiro?

            Confesso como “batisteriano” com encantos-desencantos no caminho que: SOU CRISTÃO E MINHA IGREJA É A IPU!

Por: Cláudio Márcio

 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

FALANDO COM DEUS-HUMANO...


Senhor, em Tuas mãos me coloco desejando ser mão Tua.

Escuto Teus segredos e, partilho democraticamente em forma de texto, pois, pelo tom de Tua voz, sei que é segredo de "brincadeirinha”... Sei que é segredo para ser "fofocado"!
Pego Tua mão!
Levanto-danço-brinco...
Teu pé e meu pé de vez em quando se confundem...
Não busco com isso divinizar-me, mas, humanizar-Te cada vez mais.
Desta maneira, na mesa, no chão, na praia comendo peixe assado, fica mais fácil de perceber-Te e ou encontrar-Te.
Desculpa! Não sou ingrato-injusto!
Apenas te vejo com outros olhos... Seria um problema isso?
O processo de espiritualidade é múltiplo e, não desejo padronizar vidas.
Desejo sim, experimentar a leveza que há em Ti;
Olhar em Teus olhos que para mim, não estão fora do humano.
Senhor, nós cristãos temos tantos problemas com o corpo, com o prazer, com a alegria...
Confesso-Te que não “curto” essa perspectiva, uma vez que, para mim, precisamos redescobrir o corpo em um processo de espiritualidade e encantamento.
Peço-Te perdão por ter esquecido um pouco de minha humanidade no meu batizado... Sim, Marcos Monteiro tem razão: "temos que resgatar parte do humano que morreu no batistério".
Senhor, que eu perceba todos os dias o quanto a vida pode ser breve e, que isso não me prenda a “um apartamento com a boca escancarada cheia de dente esperando a morte chegar”, ao contrário, que “eu tente outra vez”, que eu prefira ser “essa metamorfose ambulante”, assim, perceberei Tua presença acolhedora que gera esperança para viver cada dia “amando as pessoas como se não houvesse amanhã”.
Senhor, esses fragmentos de músicas “populares” geram horror em muitos que também O seguem, porém, confesso que O tenho encontrado menos em igrejas e em músicas “evangélicas” e, essa afirmação também gerará incômodo em muitos representantes do Senhor... Contudo, apenas “deixo a vida me levar... sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu”.
Senhor, não vou ficar preocupado com os desafios e desencantamentos do caminho, uma vez que, “ é claro que o sol vai voltar outra vez” e se “quer saber pra onde eu vou, aonde tenha sol, é pra lá que eu vou”. AMÉM!

Por: Cláudio Márcio

terça-feira, 2 de julho de 2013

O DESAFIO DO MICROFONE...

Ao experimentar o Divino-humano cotidianamente, a vida fica mais saborosa, pois, buscamos sentido para existência com o intuíto de "ser no mundo"...aí, o fluxo é o locus existencial do nosso século. Daí, pensando com Raul Seixas, a metamorfose é bastante importante na caminhada.

Identifico-me com Leonardo Boff quando afirma (em um contexto específico) "às vezes, temos que mudar para permanecer o mesmo!" Assim me vejo neste jogo da vida, num misto de mudança-permanência que exige reflexão, espiritualidade, coragem, risco, criatividade e práxis.

Gosto de Rubem Alves e suas metáforas que narram e provocam as transformações. Lembro neste momento da "pipoca e do piruá". Assim como Jesus de Nazaré, Rubem Alves tem uma capacidade incrível de ver o que os outros não percebem. Deste modo, o que é "aparentemente simples", é de uma riqueza extraordinária para nossas relações sociais.

Logo, como "comunicador de uma mensagem", tenho que perceber as redes identitárias de pertencimento que estão em conflito e cada um de nós participamos. Ou seja, os motivos que levam uma pessoa a igreja são múltiplos, e, a mensagem que carrego ainda é uma voz que pouco conversa com o seu chão. Tenho dito: as representações sociais que carregamos de um Cristo (apenas) europeu precisam ser sepultadas. Nosso Cristo precisa possuir brasilidades e, em nosso caso, baianidades.

Sei que é paradoxal falar de desafios de comunicação em um mundo com tanto avanço tecnológico e globalizado que também é caracterizado por sua facilidade e velocidade de comunicação, porém, na maioria das vezes, quando os religiosos ocupam esses espaços de poder (rádio e TV), há uma reprodução de tantas alienações que já vivemos. Logo, a meu ver, carece de democratização nos meios de comunicação e nas representações do próprio Deus.

A religião é uma das formas de encontrar sentido para a vida, contudo, não está fora das redes de pertencimento. Eu, sigo aqui do Recôncavo Baiano tentando dialogar com esse pedaço de chão. Movido também pelo sonho de ver a espiritualidade sendo celebrada ao ritmo do berimbau, o clamor tocado pelo mística do reggae, a alegria de nossos cultos com a vida, o sorriso que vejo no samba de roda e os tambores anunciando que o tempo da justiça chegou!

Por: Cláudio Márcio