quinta-feira, 18 de julho de 2013

VESTINDO A CAMISA: ATO POLÍTICO-IDENTITÁRIO...


              Um dos desafios que encontro no ministério pastoral é fazer com que um processo dialogal crítico possa ocorrer no relacionamento que tenho na IPU-MURITIBA-BA. Pois, é comum escutar certo distanciamento entre o que os documentos fundantes desta comunidade defendem e o que cada eclesian@ pratica cotidianamente. Assim, é comum escutar que a liderança da IPU é progressista e ecumênica, mas, os eclesian@s, não.
                Bem, a questão aqui não é se essa afirmação é verdadeira ou falsa, mas, tentar problematizar esse ponto para que possamos chegar a um lócus comum de espiritualidade-diaconal que gera vida-encantamento. Sim, confesso com um tanto de tristeza o que salta diante dos meus olhos: pessoas mais "velhas" com saudade da IPB e "jovens" que não conhecem a IPU.

            Desta forma, há um repúdio a práticas repressoras da IPB (legítimo), um saudosismo a um "tempo encantado-profético" da IPU e jovens que não conhecem a comunidade que participa. Ora, como construir um caminho relevante entre essa história de comprometimento de homens e mulheres com o Reino de Deus, com a justiça, com uma perspectiva crítica da realidade, com a vida, se a nossa juventude parece não ter percebido a "grandeza" da igreja que participa? Ou seja, o que falta à IPU para encantar as juventudes do nosso Brasil?

            Evidente que essas questões que aqui aponto são bastante relativas e questionáveis, pois, ainda há uma dimensão profética ocorrendo em comunidades da IPU, assim como jovens extremamente comprometidos com a sequência do que se entende enquanto Sopro do Espírito na história do protestantismo brasileiro.
            O "desabafo" não é de um "ex-batista" querendo "tirar onda" com a IPU, mas, de alguém que sonhava com esse espaço de reflexão, de acolhimento, de maior liberdade para viver. Sim, o "desabafo" é de quem se encantou com essa igreja chamada IPU e, percebe a beleza de uma espiritualidade-engajada; da bíblia que tenta dialogar com o chão que é tão plural. Sim, eu vesti a camisa da IPU que se traduz em diálogo crítico e serviço ao Divino que encontra-se no humano.
            Contudo, aponto que o Espírito não parou de Soprar, não podemos nos engessar em um processo de religiosidade que mata os sonhos e a vida. Afinal, "somos uma igreja reformada sempre se reformando", não? E não nos conformamos com este mundo, não é mesmo? Peço a Deus que levante homens e mulheres comprometidos com a vida, com a poesia, com a cultura, com a justiça nas ruas e praças da cidade, pois, se para uma igreja crescer precisa mercantilizar a fé, continuaremos pequeninos em solo brasileiro.
             Entretanto, cabem muitas questões a serem debatidas, porém eu deixo apenas duas: todos os grupos religiosos que crescem estão envolvidos no proselitismo e demonização do outro? Quais aspectos do pentecostalismo e ou neopentecostalismo são relevantes para uma suposta "renovação" ao protestantismo histórico brasileiro?

            Confesso como “batisteriano” com encantos-desencantos no caminho que: SOU CRISTÃO E MINHA IGREJA É A IPU!

Por: Cláudio Márcio

 

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