Um dos desafios que encontro no ministério pastoral é
fazer com que um processo dialogal crítico possa ocorrer no relacionamento que
tenho na IPU-MURITIBA-BA. Pois, é comum escutar certo distanciamento entre o
que os documentos fundantes desta comunidade defendem e o que cada eclesian@
pratica cotidianamente. Assim, é comum escutar que a liderança da IPU é
progressista e ecumênica, mas, os eclesian@s, não.
Bem,
a questão aqui não é se essa afirmação é verdadeira ou falsa, mas, tentar
problematizar esse ponto para que possamos chegar a um lócus comum de
espiritualidade-diaconal que gera vida-encantamento. Sim, confesso com um tanto
de tristeza o que salta diante dos meus olhos: pessoas mais "velhas"
com saudade da IPB e "jovens" que não conhecem a IPU.
Desta
forma, há um repúdio a práticas repressoras da IPB (legítimo), um saudosismo a
um "tempo encantado-profético" da IPU e jovens que não conhecem a
comunidade que participa. Ora, como construir um caminho relevante entre essa
história de comprometimento de homens e mulheres com o Reino de Deus, com a
justiça, com uma perspectiva crítica da realidade, com a vida, se a nossa
juventude parece não ter percebido a "grandeza" da igreja que
participa? Ou seja, o que falta à IPU para encantar as juventudes do nosso
Brasil?
Evidente
que essas questões que aqui aponto são bastante relativas e questionáveis,
pois, ainda há uma dimensão profética ocorrendo em comunidades da IPU, assim
como jovens extremamente comprometidos com a sequência do que se entende
enquanto Sopro do Espírito na história do protestantismo brasileiro.
O
"desabafo" não é de um "ex-batista" querendo "tirar
onda" com a IPU, mas, de alguém que sonhava com esse espaço de reflexão,
de acolhimento, de maior liberdade para viver. Sim, o "desabafo" é de
quem se encantou com essa igreja chamada IPU e, percebe a beleza de uma
espiritualidade-engajada; da bíblia que tenta dialogar com o chão que é tão
plural. Sim, eu vesti a camisa da IPU que se traduz em diálogo crítico e
serviço ao Divino que encontra-se no humano.
Contudo,
aponto que o Espírito não parou de Soprar, não podemos nos engessar em um
processo de religiosidade que mata os sonhos e a vida. Afinal, "somos uma
igreja reformada sempre se reformando", não? E não nos conformamos com
este mundo, não é mesmo? Peço a Deus que levante homens e mulheres
comprometidos com a vida, com a poesia, com a cultura, com a justiça nas ruas e
praças da cidade, pois, se para uma igreja crescer precisa mercantilizar a fé,
continuaremos pequeninos em solo brasileiro.
Entretanto, cabem muitas questões a serem debatidas,
porém eu deixo apenas duas: todos os grupos religiosos que crescem estão envolvidos
no proselitismo e demonização do outro? Quais aspectos do pentecostalismo e ou
neopentecostalismo são relevantes para uma suposta "renovação" ao
protestantismo histórico brasileiro?
Confesso
como “batisteriano” com encantos-desencantos no caminho que: SOU CRISTÃO E MINHA
IGREJA É A IPU!
Por: Cláudio Márcio
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