Por:
Cláudio Márcio[1]
Estes dias tenho
refletido a questão da “musicalidade” na minha trajetória de vida, trazendo na
memória, sensações, lazer, mística... Mesmo entendendo que fui socializado em
um contexto do “mundo protestante” (específico) de castração do corpo, dos
desejos carnais e, isso implica em uma “negação” do mundo e de suas “ciladas”.
Desta forma,
exemplifico aqui com o jargão comum na prática de muitos evangélicos que diz:
“não se deve escutar músicas mundanas”, apenas, “músicas que louvem ao Senhor”.
Sim, confesso que já fiz parte deste grupo, mas, em relação ao reggae não... O
reggae sempre me fez bem.
Bem, as pessoas mudam
por diversas razões e, que bom que é assim. Minha experiência musical não é
padrão para ninguém. Contudo, fiquei chateado com o que me foi negado ao longo
dos anos, pois, partindo do pressuposto de que existem protestantismos, fui
infelizmente socializado, por um modelo que me negou uma certa brasilidade
musical.
Tenho escutado nos
últimos anos: Novos Baianos, Tom Zé, Tropicália, Elis Regina, Marisa Monte,
Maria Bethânia, Adoniran Barbosa, Chico Buarque, João Gilberto, Tom Jobim, Noel
Rosa, Pixinguinha, Lenine, Tim Maia, Jorge Ben, Vinicius de Morais...
Sei que para muitos
leitores este texto “representa uma bobagem”, mas, para tantos outros “representa
que eu não estou no caminho do Senhor”. Bem, honestamente, não estou preocupado
com nada disso. Sinalizo apenas o quanto essa “brasilidade musical” me faz
bem... É uma delícia!
Ah, encontro o sagrado
aqui e, se não encontrasse, acho que não seria problema algum, pois, no
“MERCADO GOSPEL MUSICAL”, eu não tenho encontrado o Cristo, mas, Mamon.
De qualquer maneira,
esse Brasil “imagético” musical, não ocorre fora de disputas, de representações
identitárias, de influências musicais outras e, de processos de permanência-mudança
cotidianamente... Bem, saliento ainda um marco significativo (o religioso) na
minha socialização, não o único, evidentemente.