Por: Cláudio
Márcio
“Eu tô te
explicando pra te confundir. Eu tô te confundindo pra te esclarecer. Tô
iluminando pra poder cegar. Tô ficando cego pra poder guiar” (Tom Zé).
Uma canção de reggae de
Edson Gomes revela: “há dias na vida que a gente pensa em desistir”. Quais dias
são esses? Ora, pense
comigo naqueles momentos difíceis de estudo em que os prazos insistem em nos
mostrar que não será possível encerrar a tarefa. Quando se deseja trabalhar e
não encontra possibilidades. Quando temos um familiar, um amigo doente em casa
e ou no leito de um hospital. Quando o prato na mesa permanece vazio. Quando a
cor da pele torna-se mais importante que o caráter, etc. O que
fazer quando temos medo de dormir e do amanhecer?
Por vezes pensamos: essa
realidade diante de mim poderá ser transformada? Essa questão aparentemente
simples tem muitas possibilidades de respostas. No entanto, os nossos pés e
mãos não devem desistir das utopias. Como encontrar forças para resistência? Há
quem busque auxílio nos fenômenos religiosos; nas ciências; nos movimentos
sociais; nas artes...
De fato, sou um homem da fé
e da razão. Assumo lutas por justiça social e escrevo em busca de um EU que se
perde-encontra nas esquinas da cidade. Confesso minha dificuldade cada vez
maior em refletir o mundo à minha volta com uma lupa arranhada, insuficiente,
limitada e criar discursos como se as mesmas fossem límpidas, completas e
absolutas. Quais os limites e contradições de tais narrativas? A quem se quer
enganar? Como diz Friedrich Nietzsche:
“aprendi a andar; desde então corro. Aprendi a voar; desde então não quero que
me empurrem para mudar de lugar”.
Gosto do texto bíblico do
profeta Ezequiel e sua metáfora do Vale de ossos secos, pois, diante do
contexto de caos, de morte e tristeza, uma nova realidade pode surgir. A vida
misteriosa brota com força. É nisso que creio, logo, sou semeador de
esperanças. Acredito que a força da flor e seu perfume também são dimensões de
leveza, encantamento e fantasia para nossa jornada. É possível não ter
fantasias?
Art Suzart
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