quinta-feira, 8 de junho de 2017

NÃO TENHO RESPOSTAS...

Por: Cláudio Márcio[1]

Na manhã de sábado do dia 13\05\17 fui ao encontro de um amigo na cidade de Cruz das Almas no território do Recôncavo da Bahia não para sorrir-brincar, mas, para chorar. Sim, situação dolorosa é o ato de sepultar uma criança. Meu amigo (João Paulo) se despedia de seu sobrinho que tão pouco pisou neste chão. Uma criança que brincava e sorria, corria e falava foi repentinamente diagnosticado com uma doença terrível. Mesmo com preces, uma rede de amigos em solidariedade, remédios e o auxílio de profissionais da saúde que nem sempre são tão profissionais, perdemos Frederico.
O pensar antropológico quando propõe o exercício da alteridade, da empatia nos “tira o chão”, ou seja, saber que somos sujeitos históricos relacionais fez com que, inevitavelmente, eu pensasse em meus sobrinhos e sobrinha. Doeu muito pensar nisso. Dói escrever sobre isso. Dói lembrar-se daquela família em prantos pelo pequeno que não mais iriam conviver em seu aspecto corpóreo.
Não tenho respostas! Não preciso ter! Há lideres religiosos que tem respostas para tudo, principalmente, quando se trata da família do outro. Prefiro o silêncio. Prefiro abraçar meu amigo e chorar com ele. Sei que os próximos dias serão extremamente difíceis, isto é, já foi para essa mãe que no domingo das mães não tinha seu filho por perto.
Cada leitor a partir de suas sociabilidades e ou pertencimentos religiosos atribuirão sentidos para essas experiências. Por favor, não me venha com respostas prontas e versículos da bíblia isolados. Desejo ao amigo João Paulo e toda sua família que a vida seja (aos poucos) reinventada mediante a fé, o livro, a escrita, o trabalho, a arte, a comunhão com familiares e amigos.
Que o pouco de anos vividos pelo pequeno e sua luta no hospital não “trave” os pés desta família forte e bonita. Que em breve o sol traga uma manhã de esperança, ou seja, o riso (no devido tempo) vencerá as lágrimas. O canto dos pássaros voltará a ser música. As flores voltarão a serem coloridas e perfumadas. Um belo dia, a dor será saudade boa. Um dia a sangria dolorosa será curada. Caso contrário, precisaremos aprender a fazer bons curativos para seguir em frente.
Que Deus (aquele que sou incapaz de compreender seus desígnios) ajude vocês neste triste momento da existência. Hoje, como líder religioso faço minha prece ao Senhor: “Pai-Mãe, sou pecador, mas, tenha piedade desta família. Ajuda cada um(a) no processo do luto, todavia, que seja realmente processo, isto é, que seguros em tua mão possam em breve continuar a jornada”.



[1]  Reverendo da IPU de Muritiba (cidade serrana do território do Recôncavo da BA).

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