Por: Cláudio
Márcio[1]
Na manhã de sábado do
dia 13\05\17 fui ao encontro de um amigo na cidade de Cruz das Almas no
território do Recôncavo da Bahia não para sorrir-brincar, mas, para chorar. Sim,
situação dolorosa é o ato de sepultar uma criança. Meu amigo (João Paulo) se despedia
de seu sobrinho que tão pouco pisou neste chão. Uma criança que brincava e
sorria, corria e falava foi repentinamente diagnosticado com uma doença
terrível. Mesmo com preces, uma rede de amigos em solidariedade, remédios e o
auxílio de profissionais da saúde que nem sempre são tão profissionais,
perdemos Frederico.
O pensar antropológico
quando propõe o exercício da alteridade, da empatia nos “tira o chão”, ou seja,
saber que somos sujeitos históricos relacionais fez com que, inevitavelmente,
eu pensasse em meus sobrinhos e sobrinha. Doeu muito pensar nisso. Dói escrever
sobre isso. Dói lembrar-se daquela família em prantos pelo pequeno que não mais
iriam conviver em seu aspecto corpóreo.
Não tenho respostas!
Não preciso ter! Há lideres religiosos que tem respostas para tudo,
principalmente, quando se trata da família do outro. Prefiro o silêncio.
Prefiro abraçar meu amigo e chorar com ele. Sei que os próximos dias serão
extremamente difíceis, isto é, já foi para essa mãe que no domingo das mães não
tinha seu filho por perto.
Cada leitor a partir de
suas sociabilidades e ou pertencimentos religiosos atribuirão sentidos para
essas experiências. Por favor, não me venha com respostas prontas e versículos
da bíblia isolados. Desejo ao amigo João Paulo e toda sua família que a vida
seja (aos poucos) reinventada mediante a fé, o livro, a escrita, o trabalho, a
arte, a comunhão com familiares e amigos.
Que o pouco de anos
vividos pelo pequeno e sua luta no hospital não “trave” os pés desta família
forte e bonita. Que em breve o sol traga uma manhã de esperança, ou seja, o
riso (no devido tempo) vencerá as lágrimas. O canto dos pássaros voltará a ser
música. As flores voltarão a serem coloridas e perfumadas. Um belo dia, a dor
será saudade boa. Um dia a sangria dolorosa será curada. Caso contrário, precisaremos
aprender a fazer bons curativos para seguir em frente.
Que Deus (aquele que
sou incapaz de compreender seus desígnios) ajude vocês neste triste momento da
existência. Hoje, como líder religioso faço minha prece ao Senhor: “Pai-Mãe,
sou pecador, mas, tenha piedade desta família. Ajuda cada um(a) no processo do
luto, todavia, que seja realmente processo, isto é, que seguros em tua mão
possam em breve continuar a jornada”.
Literalmente, sem palavras. Aprendendo no silêncio, amigo. Avante!
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