quarta-feira, 26 de setembro de 2018

A IPU COMO UMA POSSIBILIDADE DE REFÚGIO...


Entrevista para o Teologando na Serra sobre os 40 anos da IPU

1) Sinalize um pouco sobre sua vida, isso é: nome, formação, profissão e o que mais lhe for necessário.
Alexandre de Jesus dos Prazeres, este é o meu nome. Sou nordestino, nascido em Aracaju, capital do estado de Sergipe. Conclui o bacharelado em Teologia no Seminário Presbiteriano do Norte, localizado no Recife, em 2008, e fui ordenado ao ministério pastoral na Igreja Presbiteriana do Brasil em 28 de dezembro deste mesmo ano. Porém, nutrindo certa resistência a dicotomias do tipo sagrado/profano, entendi que deveria dar testemunho cristão além dos muros institucionais da denominação, então validei meu diploma de Teologia na Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP, ingressando em seguida no mestrado em Ciências da Religião, e atualmente estou concluindo o doutorado em Sociologia pela Universidade Federal de Sergipe – UFS. Ainda na UFS, fui professor substituto no recém criado Núcleo de Graduação em Ciências da Religião, permanecendo até 2015, quando ingressei no doutorado, tendo que assumir bolsa de pesquisa que não poderia ser conciliada  com a atividade docente.
Em Sergipe, tenho coordenado desde 2017 o Fórum Sergipano Pela Liberdade Religiosa, uma iniciativa inter-religiosa que tem promovido reflexões sobre diálogo inter-religioso e a necessidade de construção de uma cultura de paz e convivência respeitosa entre pessoas das mais variadas tradições religiosas.
2) Há quanto tempo você conhece a IPU? Como ocorreu esse contato?
Conheci a IPU através dos seus vínculos históricos com a IPB, denominação da qual fiz parte até meados deste ano de 2018. Exatamente, por isso, o meu conhecimento sobre a IPU consistia no que pude ler sobre sua história e sua atuação na sociedade brasileira. Porém desde 2014 comecei a me sentir cada vez mais deslocado no ambiente da IPB, devido a mudanças nas minhas convicções e pelo sofrimento que sentia ao testemunhar problemas no seu cotidiano institucional, sem falar no assédio moral que passei a sofrer quando comecei honestamente a expor as minhas dificuldades no tocante as coisas que eu testemunhava. Este quadro me fez buscar opções de denominações cristãs no cenário protestante brasileiro que me permitisse continuar atuando enquanto pastor, todavia com liberdade para pensar e me expressar, contandocom apoio institucional da igreja a qual viesse fazer parte. Foi em meio a isto tudo que a IPU surgiu como uma possibilidade, um refúgio. Passei conversar através de rede social com o Presb. Wertson Brasil, então moderador da IPU, através dele, fui posto em contato com o Rev. Cláudio Rebouças, moderador do Presbitério do Salvador, desde então diálogos e aproximações vem ocorrendo.
3) Qual a contribuição da IPU para o protestantismo brasileiro?
Apesar da IPU se constituir no mais jovem ramo do presbiterianismo brasileiro, brotou nesta árvore como um ramo viçoso e forte com posicionamentos corajosos e desafiadores o tronco presbiteriano brasileiro. Dentre estes desafios, o de que “a igreja reformada deve sempre se reformar”, desta forma, a IPU já nasceu comprometida com o diálogo ecumênico e atenta aos contextos social e político nos quais se situa. E no resgate do Pronunciamento Social de 1962 da Igreja Presbiteriana Brasil (conveniente esquecido por esta devido ao seu alinhamento com setores da Ditadura Militar), a IPU lembra preserva na memória do presbiterianismo brasileiro que “todas as formas de opressão religiosa, política ou econômica, todas as formas de discriminação racial e social, todas as restrições à liberdade de pensamento e de expressão, são igualmente odiosas e contrárias à fé cristã”.
4) Quais as maiores dificuldades da IPU para os próximos anos?
No tocante a dificuldades, há o desafio de buscar motivações no passado, naquele “momento histórico de postura profética contra a tirania da ditadura militar e da ditadura eclesiástica”, porém, atentando para o risco de se prender a um passado glorioso, não esquecer que se deve vislumbrar o futuro.
5) Sinalize encantos e desencantos da IPU.
Por enquanto estou encantado como alguém encontrou um novo amor, encantado com postura profética da IPU e com a possibilidade de atuar como ministro do evangelho com liberdade de pensamento e expressão. Sobre os desencantos, sei que os descobrirei na proporção do meu envolvimento no seu cotidiano institucional, porém tenho consciência de que não há instituições perfeitas, pois são tão humanas quanto aqueles que as constituem, e exatamente por isto devem ser submetidas a constantes processos de autoexames e autocríticas.



4 comentários:

  1. Será muito bom termos uma comunidade da IPU em Sergipe. Muito feliz com esta aproximação. Abraços

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    1. Isso mesmo! Deus proverá! Vamos nos articulando com muita fé-luta.

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  2. Comunidade em Sergipe e de grande relevância.

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