Entrevista concedida ao TEOLOGANDO NA SERRA sobre os
40 anos da IPU...
Sinalize um pouco sobre sua vida,
isso é: nome, formação, profissão e o que mais lhe for necessário.
Sou Guilherme de Freitas Silva, 26 anos,
mineiro de Belo Horizonte, mas moro há um ano e meio em Vitória/ES. Sou
psicólogo formado pela PUC Minas, residente do Hospital das Clínicas de Vitória
na área de saúde da criança e do adolescente. Além disso, sou seminarista e
curso teologia na Faculdade Unida de Vitória.
Há quanto tempo você conhece a IPU? Como
ocorreu esse contato?
Conheci por acaso há aproximadamente
cinco anos, após frustração com o meio evangelical (no qual fui criado) e algum
período sem vinculação religiosa institucional. Estava à procura de uma igreja
que defendesse uma espiritualidade madura, fosse herdeira da reforma protestante
e comprometida com a justiça social. Lembrei que um amigo da família, o Rev.
Jorge Diniz, era pastor de uma tal de IPU (Segunda Igreja Presbiteriana de Belo
Horizonte) e decidi visitar a igreja. Me envolvi com a comunidade, a juventude
me acolheu e em pouco tempo já estava participando ativamente da vida da igreja.
Desde o começo tive um profundo
interesse por conhecer a história e a teologia da IPU. Antes mesmo de fazer a
profissão de fé, já tinha lido os Princípios de Fé e Ordem, o Manifesto de
Atibaia e o Pronunciamento Social de 1962 da IPB, documentos belíssimos que
confirmaram em mim o desejo de fazer parte dessa história. Atualmente meu
interesse pela história e teologia da IPU se manifesta no site teologiaipu.wordpress.com, criado e administrado por mim.
Qual a
contribuição da IPU para o protestantismo brasileiro?
A IPU surgiu a partir de mulheres e
homens que sonharam uma igreja que não se fechasse em si mesma, estivesse em
diálogo com as questões da sociedade e fosse comprometida com a justiça social,
caminhando ao lado de outras tradições cristãs. Esta sede justiça, em um
contexto político e eclesiástico autoritário (época da ditadura militar), fez
com que estes homens e mulheres fossem perseguidos e expulsos de sua antiga
igreja. Após tentativas e esperanças frustradas de retorno é que surge a IPU
como FENIP, em 1978, uma igreja profética em que a própria existência já é uma denúncia
contra a opressão política e religiosa.
Podemos dizer então que a contribuição
da IPU para o protestantismo brasileiro é mostrar que é possível ser
presbiteriano, herdeiro de Calvino e da tradição reformada, sem cair nas
amarras do fundamentalismo, mantendo uma postura ecumênica e comprometida com
os valores do reino de Deus.
Agora, essa contribuição carrega consigo
uma grande responsabilidade e um grande desafio que devemos refletir neste
aniversário de 40 anos da Igreja. A sociedade é dinâmica e demanda novas
respostas da Igreja, já a instituição por outro lado, tem sempre a tendência em
se institucionalizar, se tornando conservadora e perdendo sua dimensão
profética.
Quais as maiores dificuldades da IPU para os
próximos anos?
Nesse cenário, a IPU terá inúmeras
dificuldades nos próximos anos. Podemos citar o fato da IPU ao longo da sua
história ter se preocupado pouco em ensinar seus eclesianos o que é ser
presbiteriano unido, algo que somado a esta onda de conservadorismo coloca a
existência da igreja em risco. Com isto, é urgente a necessidade de cuidar da
nossa educação cristã, investindo em teologia e incentivando a produção de
materiais que estejam de acordo com nossa teologia, história e documentos
fundantes.
Outro desafio é promover a unidade (na
diversidade) entre suas comunidades como forma de fortalecimento da identidade
IPUENSE. Não existe fórmula pronta, mas nesse âmbito pequenos passos já são
muito significativos. Gostaria de ver Conselho Coordenador tendo um olhar maior
pra comunicação, fazendo as notícias das igrejas e presbitérios circularem, o
site ser atualizado com maior frequência... Aproveito essa oportunidade pra
fazer menção ao Traço de União,
boletim do CC-IPU, que também fez 30 anos de fundação este ano, mas está
inativo. Acredito que as redes sociais não suprem a necessidade de ser ter um
boletim informativo nem que seja semestral.
Sinalize
encantos e desencantos com a IPU.
Acredito que ao longo da entrevista já
fui sinalizando meus encantos e desencantos com a IPU. Dificuldades sempre vão existir,
mas com elas se abrem janelas de possibilidades para que façamos autocríticas e
exerçamos nossa capacidade criativa.
Sigamos unidos, e que o lema da reforma
protestante “Igreja reformada, sempre se reformando” não seja apenas mais um clichê.
Parabéns pela iniciativa, reverendo Cláudio. E também parabenizo o futuro pastor Guilherme por ter o espírito ipuense em seu fazer teológico.
ResponderExcluirObrigado, Rev Felipe.
ExcluirSigamos juntos. Deus abençoe nossa IPU.