Eu
sou Isaque de Góes Costa. Pastor da IPU Brasília e da IPU Formosa. Moderador do
Presbitério Erasmo Braga com sede em Belo Horizonte. Minha história é feita de
passagens e encontros. Eu me considero fruto de três passagens significativas antes
de chegar a Igreja Presbiteriana Unida. A
primeira: nasci num lar evangélico, onde todos eram da Assembleia de Deus,em
Belém do Pará. Minha avó materna inclusive me contava as histórias dos
missionários fundadores dessa igreja pentecostal, que iam visitá-la, e pode acompanhar
o trabalho deles na Igreja. Daniel Berg, Sara Berg, Gunnar Vingren,Frida
Vingren, Samuel Nyström, e tantos outros homens e mulheres.
Em geral pessoas simples, de oração, fervor e evangelização.
Minhas memórias de infância são marcadas por idas e vindas à Igreja, escola
bíblica, culto de oração, doutrina, evangelização, vigílias e uma busca de
consagração ao serviço de Deus. Na fase
adulta, estudei num seminário pentecostal em São Paulo, por um breve período,
trabalhei nos vários grupos internos da igreja, missões entre ribeirinhos,
pregações e evangelização ao ar livre, até ser ordenado pastor num ministério
da Assembleia vinculado a uma igreja da periferia de Belém. Desse encontro: aprendi a orar, ter
fervor na minha fé, a confiar em Deus,manter uma vida simples, a trabalhar no
meio focado na evangelização local e interdenominacional. Por outro lado, a ter
uma vida com suspeitas do mundo, uma moral da desconfiança com a cultura, a leitura
conservadora da Bíblia.
No
entanto como sempre me identifiquei com o ensino teológico, acho que havia
brechas na minha personalidade, feitas de um profundo desejo de aprender mais .Um
momento foi decisivo, ficou gravado na minha memória, o professor Justino Légua
Sachinbombo em São Paulo, que dizia: -Se
quiser ser um Teólogo procure uma igreja histórica”. Pois
naquela época no pentecostalismo não
havia espaços para uma carreira teológica,
mas a centralidade do enfoque pastoral, e uma certa reserva com a academia. Por essa razão,travei contatos em Belém, com protestantes históricos: presbiterianos e
batistas, porém, com a abertura do Curso
Ecumênico de Teologia, oferecido pelo Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs(CAIC)
acabei tendo informação dessa experiência piloto em Belém, um bacharelado em
teologia, com ênfase em Ecumenismo.Nessa etapa passei por uma reviravolta
existencial, as bases teológicas que possuía: uma visão superficial da
sociedade e seus conflitos, um leitura bíblica fundamentalista, foram revisadas, e puder crescer muito como
pessoa, através da vivência ecumênicacom
todos os grupos de igrejas, novos horizontes da missão, um olhar do Reino de
Deus, e não apenas a perspectiva denominacional, tudo isso, de modo integrado,
e dialogal e somados a uma caminhada frutífera junto a outras religiões.
Nessa altura, fui acolhido na IECLB, minha segunda passagem: passei dez anos
ali, servindo na assessoria a liturgia, nos cultos, nas pregações,e num estágio
teológico no Ponto de Pregação da IECLB
em Tucuruí(PA). Por essa época comecei a lecionar Teologia no Seminário Batista
Nacional da Amazônia (STEBNA) em 2003, e no lugar da Pastora Marga Rothe na
disciplina: Teologia do Diálogo Inter-religioso no curso de Teologia onde me formei.
Uma honra para mim, substituir a minha professora, uma das mulheres que muito
me influenciou a Pastora Marga, uma das fundadoras da sociedade de Defesa dos Direitos
Humanos na Amazônia (SDDH).
Todavia,
nessa segunda passagem, tive uma crise, pois na luterana deveria ir para o sul
para continuar os estudos se quisesse ser pastor, e nessa altura, minha mãe
tinha tido um AVC, e eu num contexto de algumas insatisfações e discernimentos.
Além da exigência no ambiente luterano de ser evangelical ou progressista,
polarizações que me deixavam desconfortável.
Nesse
contexto aconteceu uma terceira passagem
na minha vida, o meu encontro com a Igreja Presbiteriana Unida. Fui
convidado a pastorear a IPU, pois o Reverendo AntônioTeles, havia ido para Porto
Alegre(RS)fazer o mestrado, e a igreja estava sem pastor. Eu, já conhecia a IPU
do movimento ecumênico,havia pregado algumas vezes naquela comunidade. Eles me
acolheram, fiquei dois anos como pastor colaborador, e pude aprender mais sobre
a forma de organizar, cultuar, sua prática de fé e fui aprendendo o modelo de
democracia reformada.Nesse encontro com o mundo presbiteriano, pela conivência,
oração e fé, percebi que nosso Senhor me conduzia e me chamava a servi-lo.
Quando
olho esses anos de trabalho na IPU, me sinto honrado, feliz e com a mesma chama
acesa em meu coração lá no inicio da juventude. O desejo de pastorear, sem
jamais deixar minha primeira vocação que é lecionar Teologia, e não desligá-la
de seu sentido primordial que é servir a Igreja. Nesse caminho achei na IPU,
uma igreja não fundamentalista, ecumênica e reformada, voltada a defesa dos
direitos humanos, litúrgica. Sem a crise de ser evangelical ou progressista,
que tinha vivido antes, achei um espaço de moderação.
Hoje tenho a profunda clareza do lugar da IPU
no cenário do presbiterianismo Latino-americano e mundial. Sua vanguarda no
Brasil de uma igreja que defende as minorias e se pronuncia diante das questões
preocupantes no quadro politico e social no Brasil. O que
mais gosto é ver as crianças na Igreja participando da ceia, pessoas
homoafetivas sem medo de se aproximar da comunidade, pois sabem que não vamos
discriminá-las, os jovens tendo voz na denominação, as mulheres buscando e
afirmando a cada dia seu espaço, e nossa igreja buscando formas de fazer missão
compatíveis com nossa identidade sem deixar de nos reformar, crescer e
amadurecer, tendo novas visões e desafios!
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