A cada
ano quando se celebra a Ressurreição de Jesus se renovam as esperanças trazidas
por esse evento. É um anseio, uma expectativa de algo bom - melhor do que foi
até à sexta feira - se manifeste com a força de transformação e renovação que
lhe são atribuídas.
Podemos
compreender a ressurreição como um silencioso terremoto que desestabilizou as
forças de então. O irromper da ressurreição modificou as estruturas e quebrou
as barreiras humanas impostas com a pretensão de controlar o invisível silêncio
de Deus que trabalhou sempre na escuridão e na claridade sem que fosse
percebido nitidamente. A pedra colocada na entrada do sepulcro, simbologia dos
que detém o poder e que controlam a vida e a morte dos outros, agora está
removida, subjugada pelo anjo de Deus que assentou sobre ela ( Mt28,2),
mostrando que daquele momento em diante as forças da morte tinham sucumbidas
diante da esplêndida manifestação da vida nascida na ressurreição. Desta hora
em diante não existe mais barreiras entre a consciência humana e a onipresença
divina, porque aconteceu a integração e a profunda aliança entre o divino e o
terreno: humanos e natureza resgatando novamente o elo perdido do desejo de
Deus no paraíso.
Aquele
que está assentada sobre a antiga pedra da opressão abre o canal permanente do
acesso à vida e a luz de Deus que deseja e insiste em se manifestar na
individualidade de cada um. É no silêncio edificante do seu ser que Deus
trabalha para que cada ato da sua criação primeira seja regenerada, com o novo
“haja luz” na vida de cada um, na família de cada um, na sociedade e nas
culturas de todos os lugares. A ação invisível de transformar morte em vida,
continua movimentando as entranhas da realidade em todas as suas implicações.
Diante das crises que surgem podemos perceber o espírito de vida nova se
multiplicando através da solidariedade e da percepção de que existe algo
essencial deixado para traz pelos que estruturam uma sociedade baseada somente
no capital financeiro.
Aquele
que está assentado sobre a pedra, agora, não mais pedra que esconde a morte, e
sim pedra angular que institui as estruturas de um novo céu e de uma nova
terra, dialoga com o ser humano necessitado de orientação e que diz, “não
temais, porque sei que buscais Jesus que foi crucificado” ( Mt 28,5),
reforçando, assim, o quão fundamental é viver uma fé autêntica que fortaleça a
esperança para a vida. O anjo de Deus continua sua conversa, agora atualizando
a realidade, um tanto defasada àqueles que o seguiam e que não acreditavam,
“ele não está aqui, ressuscitou, como havia dito” (Mt 28,6). O significativo
convite que o anjo de Deus faz – “Vinde ver onde Ele jazia” (v.6) - é a necessidade da constatação de que no
esconderijo da morte só restava um sepulcro vazio, sem força, sem mistério e
insignificante diante da configuração do “Novo Céu e da Nova terra”.
Assim,
somos convocados a fazer a experiência do sepulcro vazio que não carrega mais
os signos da morte em nossa existência, mas transformarmos espaços de mortes
que possam existir na vida de cada um e na vida social, em espaços de sepulcros
vazios preenchidos pelo princípios
edificam s vida a partir dos elementos da ressurreição, que nos
possibilitam a ver o que João viu no apocalipse 21: “Vi Novo Céu e Nova terra”
e os que habitam esse espaço serão “povo
de Deus e Deus mesmo estará com eles....Esse Deus “enxugará dos olhos toda a
lágrima, a morte não existirá, já não haverá luto e nem pranto, nem dor, porque
as primeiras coisas passaram”. A ressurreição exige que tenhamos essa esperança
e mudança de comportamento para que ela não passe sem gerar frutos em nossos corações
e em nossas vidas.
Uma
Páscoa renovadora a cada um.
Rev.
Luiz Pereira dos Santos – Igreja Presbiteriana Unida de Caetité
Nenhum comentário:
Postar um comentário