domingo, 12 de julho de 2020

PRESBITERIANISMOS EM DISPUTA: é necessário conhecer quem escolheu o caminho de Shaull


Por: Felipe Costa[1] 

Mais uma vez o presbiterianismo brasileiro está associado a um governo, desta vez ao (des)governo Bolsonaro. O reverendo Milton Ribeiro é o novo Ministro da Educação do Brasil. Presbiteriano da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), o novo ministro é adepto da violência física como forma de educação infantil (o reverendo Ribeiro já está apagando seus vídeos e textos onde fala sobre isso...)
Ao contrário do senso comum em relação ao presbiterianismo brasileiro, há muita contribuição dos presbiterianos, principalmente relacionado à teologia. A quem diga que se não fosse o "boanergismo" que sofreu a IPB, os presbiterianos de 1950-1970 teriam levado o país a um patamar superior no que tange teologia e prática.

O presbiterianismo brasileiro da metade do século XX era riquíssimo em teologia e em engajamento social. Herdeiros dos largos passos dados rumo à prática ecumênica deixada pelo reverendo Erasmo Braga, o presbiterianismo tupiniquim foi alimentado com as indagações de Richard Shaull, que foi professor de muitos bons teólogos e pastores, dentre eles Márcio Moreira e Rubem Alves.
O reverendo Shaull, embora pouco conhecido nos círculos do presbiterianismo "mainstream", foi, sem sombra de dúvidas, a maior contribuição teológica vinda dos Estados Unidos para a América Latina - maior até mesmo do que o simbólico Simonton.
Contemporâneos ao reverendo Shaull ainda temos os reverendos Joaquim Beato e João Dias de Araújo - figuras importantíssimas na denúncia da aproximação da IPB com a Ditadura Militar brasileira.
Rubem Alves, denunciado por um missionário presbiteriano ao DOPS, refugiou-se nos Estados Unidos onde escreveu sua tese doutoral em 1969 “Por uma Teologia da Libertação", dois anos antes do peruano Gustavo Gutiérrez escrever o livro "Teologia da Libertação". Em suma, o reverendo Alves é o legítimo pai da Teologia da Libertação, quer se reconheça isso ou não.
Caberia aqui muitas linhas com outras inúmeras contribuições teológicas, pastorais e leigas em busca de uma prática evangélica reformada na sociedade brasileira, mas deixo a curiosidade de quem leu até aqui buscar as fontes.
Teologia Presbiteriana Unida



[1] Rev. na Segunda Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte. Procurem no YouTube: O Sonho Ecumênico e Muros e Pontes. 

4 comentários:

  1. A mim me parece bem claro entender porque temos esse fenômeno de muito mal gosto surgindo quando parte da igreja presbiteriana do Brasil e presbiteriana Independente do Brasil resolveram abandonar um discurso vazio dentro dos salões condicionados e embarcaram de vez no navio fantasma do bolsonarismo. Os governos Lula e Dilma, ainda que tenham sido, um governo “burguês de tipo diferente”, com a política de fortalecimento do empresariado e enriquecimento de banqueiros como nunca antes na história desse país, foram governo com forte apelo popular, importantes conquistas no campo da educação, da cultura, da saúde pública e, mais importante, de representação da classe trabalhadora sendo os governos que mais fizeram por esses. Esse governo, para aquela classe de teólogos, irmãs e irmãos de coração há muito necrosado pelo conservadorismo vazio e hipócrita, era caracterizado de “comunista”, um verdadeiro perigo para a Igreja porque abria as portas da representatividade para um povo que a igreja do anticristo não gostaria que abrisse. Agora, nesse governo obscurantista, que tem a corrupção como direito de classe, que persegue os mais pobres, mata os indígenas e destrói o meio ambiente em nome do lucro para poucos, para eles; esse sim é o seu governo; governo que uniu numa só bandeira: Damares Alves, Silas Malafaia, Leandro Lima, Augustus Nicodemus, Franklin Ferreira e Queiroz.

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