Por: Felipe Costa[1]
Mais uma vez o presbiterianismo brasileiro
está associado a um governo, desta vez ao (des)governo Bolsonaro. O reverendo
Milton Ribeiro é o novo Ministro da Educação do Brasil. Presbiteriano da Igreja
Presbiteriana do Brasil (IPB), o novo ministro é adepto da violência física
como forma de educação infantil (o reverendo Ribeiro já está apagando seus
vídeos e textos onde fala sobre isso...)
Ao contrário do senso comum em relação ao
presbiterianismo brasileiro, há muita contribuição dos presbiterianos,
principalmente relacionado à teologia. A quem diga que se não fosse o
"boanergismo" que sofreu a IPB, os presbiterianos de 1950-1970 teriam
levado o país a um patamar superior no que tange teologia e prática.
O presbiterianismo brasileiro da metade do
século XX era riquíssimo em teologia e em engajamento social. Herdeiros dos
largos passos dados rumo à prática ecumênica deixada pelo reverendo Erasmo
Braga, o presbiterianismo tupiniquim foi alimentado com as indagações de
Richard Shaull, que foi professor de muitos bons teólogos e pastores, dentre
eles Márcio Moreira e Rubem Alves.
O reverendo Shaull, embora pouco conhecido
nos círculos do presbiterianismo "mainstream", foi, sem sombra de
dúvidas, a maior contribuição teológica vinda dos Estados Unidos para a América
Latina - maior até mesmo do que o simbólico Simonton.
Contemporâneos ao reverendo Shaull ainda
temos os reverendos Joaquim Beato e João Dias de Araújo - figuras
importantíssimas na denúncia da aproximação da IPB com a Ditadura Militar
brasileira.
Rubem Alves, denunciado por um missionário
presbiteriano ao DOPS, refugiou-se nos Estados Unidos onde escreveu sua tese
doutoral em 1969 “Por uma Teologia da Libertação", dois anos antes do
peruano Gustavo Gutiérrez escrever o livro "Teologia da Libertação".
Em suma, o reverendo Alves é o legítimo pai da Teologia da Libertação, quer se
reconheça isso ou não.
Caberia aqui muitas linhas com outras
inúmeras contribuições teológicas, pastorais e leigas em busca de uma prática
evangélica reformada na sociedade brasileira, mas deixo a curiosidade de quem
leu até aqui buscar as fontes.
Teologia Presbiteriana Unida
[1] Rev. na Segunda Igreja
Presbiteriana de Belo Horizonte. Procurem no YouTube: O Sonho Ecumênico e Muros e Pontes.
A mim me parece bem claro entender porque temos esse fenômeno de muito mal gosto surgindo quando parte da igreja presbiteriana do Brasil e presbiteriana Independente do Brasil resolveram abandonar um discurso vazio dentro dos salões condicionados e embarcaram de vez no navio fantasma do bolsonarismo. Os governos Lula e Dilma, ainda que tenham sido, um governo “burguês de tipo diferente”, com a política de fortalecimento do empresariado e enriquecimento de banqueiros como nunca antes na história desse país, foram governo com forte apelo popular, importantes conquistas no campo da educação, da cultura, da saúde pública e, mais importante, de representação da classe trabalhadora sendo os governos que mais fizeram por esses. Esse governo, para aquela classe de teólogos, irmãs e irmãos de coração há muito necrosado pelo conservadorismo vazio e hipócrita, era caracterizado de “comunista”, um verdadeiro perigo para a Igreja porque abria as portas da representatividade para um povo que a igreja do anticristo não gostaria que abrisse. Agora, nesse governo obscurantista, que tem a corrupção como direito de classe, que persegue os mais pobres, mata os indígenas e destrói o meio ambiente em nome do lucro para poucos, para eles; esse sim é o seu governo; governo que uniu numa só bandeira: Damares Alves, Silas Malafaia, Leandro Lima, Augustus Nicodemus, Franklin Ferreira e Queiroz.
ResponderExcluirObrigado por sua reflexão, Francisco.
ExcluirSigamos juntos em fé-luta e de mãos dadas no mutirão do Reino.
Boa reflexão
Excluir🙏👊🏽
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