quarta-feira, 23 de setembro de 2020

HUMANO COMO COROA DA CRIAÇÃO?

 

Por: Cláudio Márcio R. da Silva[1]

O irmão sol e a irmã lua derramam lágrimas pelo chão

No tempo da criação queremos renovar nosso mundo

A casa comum é incendiada e geme as dores da desolação

E, mesmo trazendo essas rosas para te dar, sei que buquê são flores mortas


A vida é desfeita e tem sobrado choro, luto e despedida virtual...

Hoje o céu não amanheceu tão lindo – apenas cinzas sem fênix

Cadê a flor que estava aqui? O peixe que é do mar? O verde onde é que está?

Chico Mendes, presente! Margarida Maria Alves, presente!

 

Humano como coroa da criação?

A quem interessa essa interpretação?

Precisamos articular uma espiritualidade ecológica

UBUNTU – OIKOUMENE – PACHAMAMA

 

Sou militante da utopia – um rebelde da esperança

Escrevo como um semeador que espalha as sementes

Sou capaz de ouvir o som da redenção

Não me iludo - o jardim é construído por muitas mãos

 

Minha alegria é saber que todos anos você vem

Chega em múltiplas cores como um espetáculo de beleza

Flores, borboletas, pássaros, crianças e velhos nas praças da cidade...

Tudo se renova na P-R-I-M-A-V-E-R-A

 




[1] Pastor na IPU de Muritiba (cidade serrana do Recôncavo baiano).

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

AS MÁSCARAS CAÍRAM...

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1]

"Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês são como sepulcros caiados: bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todo tipo de imundície. Assim são vocês: por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade” (Mt 23:27-28)

Em um contexto de pandemia da COVID-19 tivemos que aprender a utilizar máscaras como símbolo de proteção mútua no cotidiano, assim sendo, passamos por muitas fases neste longo processo, a saber: negação do uso; uso no queixo; uso sem lavagem; usos customizados a partir de cores e temas...porém, não é sobre este tipo de máscara que quero refletir.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Deus me visitou através de uma criança...

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1] 

“Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou" (Apocalipse 21:4)

Hoje recebemos com muita tristeza a notícia do falecimento de um amigo. Se isso já não fosse o suficiente, este contexto pandêmico nos impede de irmos ao encontro da esposa e filhos para oferecer um abraço afetuoso, assim, apenas contatos virtuais configuram um novo paradigma onde a dor e o luto são vivenciados a partir de outras dinâmicas. Ora, o que isso representará para os sujeitos sociais ao longo dos anos? Como abordagens teológicas, psicológicas e sociológicas darão contas dessas experiências de lutos sem velórios?

Ao me deitar e ficar em silêncio em oração por essa família e por Jussi (minha esposa muito amiga da família enlutada) ocorreu algo muito simbólico que em meio a dor eu pude sorrir com leveza e beleza, pois, Deus me visitou através de uma criança e começou a acariciar minha cabeça. Vejo Deus no cotidiano com ações simples cheio de amorosidade e cuidado, isto é, um Deus parceiro no chão da vida. Quem não percebe Deus numa criança talvez precise rever sua experiência de fé e espiritualidade. Antes que me julguem como um herege, lembrem-se que na fé cristã Deus se fez criança e foi cuidado por humanos.

O evangelho diz que Jesus chorou ao saber que seu amigo tinha morrido. A dor e a morte são dimensões da vida que nos afetam e apontam nossa humanidade frágil e complexa. Esse mundo de heróis e heroínas impedem que as lágrimas escorram em nossas faces como sinal de alteridade e empatia.

Com efeito, minha oração é que o consolo de Deus possa ser uma realidade na vida desta família. Peço a Deus que seu óleo possa sarar nossa dor e que a fé na ressurreição seja tão forte como sol que brilha após a tempestade. A fé na ressurreição seja como as flores que embelezam e perfumam na primavera. A fé na ressurreição seja como os pássaros que cantam as mais lindas melodias matinais dizendo que tudo ficará bem.




[1] Pastor na IPU de Muritiba-BA.


quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Pés no chão e olhos no céu

 

Por: Cláudio Márcio R. da Silva

Sua luz brilhou iluminando toda minha escuridão

Ri ao ouvir o coral dos pássaros matinais

Vejo borboletas que bailam no ar e anunciam uma revolução de beleza

Crianças empinando pipas com os pés no chão e os olhos no céu


Em que gasta as suas forças?

Que tipo de riqueza procuras?

Qual razão em fazer o que se faz?

Já pensou em (re)criar-se?


Na mesa da comunhão a inveja não será a sobremesa

No copo cheio de felicidade podemos nos embriagar de lucidez

Na hora da partilha é necessário que se promova equidade

A voz que clama no deserto encontra um manancial na sua interioridade

 

Até quando o medo travará seus pés?

Do que vale uma ponte se não faz a travessia?

Se há uma marreta em sua mão deixará prevalecer o muro da divisão?

Uma praga que atinge a lavoura impedirá definitivamente a semeadura vindoura?

 

Creio na rebeldia da ressurreição - sou missionário da esperança

Creio na espiritualidade diaconal – compreendo que o pão é nosso

Creio na caminhada ecumênica – devemos ser um em diversidade

Creio na afetividade reconciliadora – o perdão é um milagre que não depende de Deus

 

 

SUZART