quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

REGANDO ESPERANÇA PARA FLORESCER...

 

Por: Jussiana Silva dos Santos[1]

Lembro-me de um cartão que meu pai guardava dentro da Bíblia. Ele era comprido como um marcador de página e tinha um lindo botão de rosa amarelo. Mas o que me intrigava era o que estava escrito: Se hoje você vê a flor, agradeça a semente de ontem. Assim, cresci sabendo que precisaria pensar no futuro, agindo com amor, sabedoria, prudência, esperança.

Hoje, atravessando um ano complicado, difícil, pandêmico, fico me perguntando se encontrarei flores em 2021. Mas então, a frase da minha infância me interrompe e questiona: O que você regou? Como agi em meio a pandemia? Fui prudente? Pensei no meu próximo? Escutei o choro e tentei acalmar o desesperado? Respeitei as mortes promovidas pela Covid-19? Se sim, com certeza sentirei o aroma das flores que reguei pelo caminho!

Portanto, continuemos regando a esperança, comprometidos com um ano melhor, um ano em que 2020 não será esquecido, mas representará uma lição de que mesmo quando tudo pareça destruído, quando o jardim não tiver uma flor, lembremos que as sementes estão enterradas, precisando de mãos para regá-las! Quando então florescer as borboletas chegarão, os passarinhos cantarão com força e sentiremos o aroma divino soprando em nossas narinas! Esse será o momento de nascer de novo! Desta maneira, será possível dizer:

 

Agradecer pela terra seca que é morada da resistência

Nela reside a certeza que com água e semente o fruto surgirá

A fome então cessará quando o arado for acionado

E o sol da justiça as demais coisas acrescentará

 

Agradecer pela chuva forte mesmo quando o sonho é de praia

Nela reside a certeza que sempre existirá o manancial

A sede então não assolará quando o pote estiver nas mãos

E o arco íris continuará sendo o nosso referencial

 

Agradecer pelas flores que perfumam o ambiente

Agradecer pelo jardineiro que entregou o seu amor

Se no nosso jardim a gratidão for cultivada

Então a esperança será o semeador

 

Olharemos para a terra seca e veremos a semente

Olharemos para a chuva e enxergaremos a plantação

Olharemos para as máscaras e veremos o sorriso

Olharemos para os problemas e daremos a solução



[1] Presbítera da IPU de Muritiba (cidade serrana do Recôncavo baiano).

CEBI

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

TU QUE ÉS INVISÍVEL E SE REVELA NO ROSTO DE CADA HUMANO

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1]

 

Ó Deus, fonte de toda vida e beleza, invocamos sua presença

Tu que conheces nossos medos e dores vem nos socorrer

Ó Deus, neste (re)começo sabemos que És nosso bom pastor que cuida de nós

Tu que sabe onde há pastos verdejantes e águas tranquilas, dirige nossos passos.

 

Ó Deus, compreendemos que nossa vida só tem sentido em Sua presença

Tu que habitas o templo, a praça, as ruas, lembre-se de nossas casas

Ó Deus, aviva nossa memória com Sua misericórdia e amor

Tu escutas, ilumina e orienta nossa jornada, recebe nossa adoração neste dia.

 

Ó Deus, meu camarada e libertador, graças te dou por sua misericórdia que se renova

Nossos corpos cansados da labuta se revigoram com o óleo que vem de Suas mãos

Nossos pés calejados pela travessia foram cuidados com sua amorosidade sem fim

Se recebemos tantas bênçãos do Senhor como ficaremos calados(as)?

 

Ó Deus, Tu que És invisível e se revela no rosto de cada humano

Que não se limitas ao templo, mas, não desprezas o coração contrito

Tu que És mistério profundo e amigo mais próximo que irmão

Que És poderoso e chora com todo oprimido do mundo.

 

Ó Deus, que te darei por todo benefício que me tem feito?

Que estou fazendo se sou Cristão?

Me aproximo de Ti com total gratidão pela cruz que me sarou – salvou

Sabemos em quem temos crido – nossa vida, dons e talentos consagramos a Ti.

 

Ó Deus, na minha escuridão vejo Sua luz - No meu choro acho Seu consolo

No meu cansaço tu me revigoras - Na minha sede Tu és como água de côco

Na minha fome Tu és como delicioso cuscuz matinal

Quando furo os pés no espinho Tu és como mãe que carrega no colo.

 

Ó Deus, quando tenho medo na noite é Sua voz que me faz ninar

Assumo minha fé reformada e ecumênica

Defendo a espiritualidade da diaconia e da libertação

Aqui estou, Senhor! Quero salgar e iluminar esse mundo caótico. Amém!

 




[1] Reverendo da IPU de Muritiba (cidade serrana do Recôncavo baiano).

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

OS ANJOS AQUI NO QUINTAL...

 

Por: Jussiana Silva dos Santos[1]

 

Neste Natal diferente em plena pandemia

Olho para a árvore colorida em meio a casa vazia

Não teremos o abraço de amigos nem crianças na correria

Mas confesso Menino de luz, que meu coração será sua estrebaria.

 

Olho para o céu da janela e eis que vejo a estrela guia

Ela pisca com intensidade e anuncia com alegria

Não há caminho para percorrer, evite qualquer agonia

Os anjos aqui no quintal entoam a melodia

 

Glória a Deus nas alturas, o chão que piso virou Belém.

Já ouço o choro que celebra a vida, quero carregar o lindo neném

Não permitirei que os soldados romanos façam de Jesus o seu refém

Venha menino, dou o meu colo, essa casa é sua também

 

Nessa noite vou repousar ao lado da bela manjedoura

Pode descansar querida Maria, do menino serei protetora

Sei que Ele representa a cura, a salvação plena e duradoura

Por isso serei o mago do oriente, os pastores do campo, sua fiel adoradora




[1] Presbítera da IPU de Muritiba-BA.

CEBI

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

O MENINO QUE VEM...

 

Por: Augusto Amorim Jr.[1]


O menino que vem

É o Rei da Paz

É o Rei  desarmado

 Sem generais

Imigrante, sem teto,

É Deus entre nós!

 

O menino que vem

Em Belém, em nós

É o Deus encarnado,

Não nos deixa sós

Sobreviveu à sanha

de um império algoz

 

Vem com ternura

Nas trevas irrompe a luz

Traz esperança

Criança, reluz!

 

Vem do futuro

Presença que nos conduz

Vem com beleza,

Sol da Justiça, Jesus!

O menino que vem... vem... e virá...


CEBI



[1] Presbítero da IPU de Itapagipe-BA.

domingo, 13 de dezembro de 2020

ALEGREM-SE, A CURA HÁ DE NASCER!

 

Por: Jussiana Silva dos Santos[1]

 

Vem Senhor, vem sem demora,

Mesmo cansados acreditamos na salvação

Aguardamos o menino que chorará a cura

Portanto não temeremos essa imensa escuridão

 

A luz chegará e nos levará ao Messias

Por isso corações, regozijem-se no amor

Por mais que pareça não ter mais sentido

Acreditamos que do asfalto romperá a flor

 

E quando chegarmos ao lado da manjedoura

Quando o pranto transformar-se em celebração

Reconheceremos que o caminho foi árduo

Mas é na fé que reside a libertação

 

Venham comigo, vamos dançar na esperança,

As estrelas apontam, sigamos com retidão

Breve nascerá a cura das nossas vidas

E novamente poderemos desfrutar da comunhão




[1] Presbítera da IPU de Muritiba (cidade serrana do recôncavo baiano).


sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Advento: tempo de discernimento, conversão e esperança

 

Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.
Como está escrito no profeta Isaías: Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti.
Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.
Apareceu João batizando no deserto e pregando o batismo de arrependimento, para remissão de pecados.
E toda a província da Judeia e todos os habitantes de Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados.
E João andava vestido de pelos de camelo e com um cinto de couro em redor de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre,
e pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das sandálias.
Eu, em verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo.

Marcos 1: 1-8

 

O texto deste Segundo Domingo de Advento começa com uma expressão central que às vezes corremos o risco de passar apressadamente por ela. O texto faz referência ao Evangelho de Jesus, o Cristo, Filho de Deus. Esta é a resposta à pergunta que o Evangelho conforme Marcos busca responder: Quem é Jesus? Quem ele é, como viveu, morreu e ressuscitou.

Naquela época, o evangelho amplamente divulgado era o de César, imperador romano. A boa nova mais propagada era de que César era divino, que com sua força militar estabeleceria a paz, a Pax Romana, fundada na exploração através de pesados tributos e da repressão pela força militar. Já de início o Evangelho conforme Marcos corajosamente declara que não é deste evangelho de César que está se falando, mas do Evangelho de Jesus, o Cristo, o Filho de Deus, que veio inaugurar o Reino de Deus, Reino de amor, partilha, cuidado, onde misericórdia e verdade se encontram, justiça e paz se beijam (Sl 85: 10).

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

ONDE RENASCERÁ A ALEGRIA?

 

Por: Joel Zeff[1] 

 Alegria é um sentimento “plástico”, maleável: depende muito da visão de mundo que temos. Há quem encontre alegria em coisas superficiais, como um carro novo, ou um título. Há quem seja mais exigente, e cave mais fundo, e se sinta tal qual o poeta maluco beleza: Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso; Por ter finalmente vencido na vida;
Mas eu acho isso uma grande piada; E um tanto quanto perigosa.”

A verdade é que nesses tempos que vivemos, onde de alguma forma, toda a humanidade teve que encarar seriamente os limites de sua existência, e onde as “distrações” que normalmente utilizávamos para ignorar a complexidade da vida nos foram retiradas, a alegria aparece não mais sendo vendida como uma promessa fácil em comerciais de 30 segundos. Aliás, continuam sim tentando vender. Mas algo nesse ano sombrio faz com que muitos desconfiem seriamente desses artifícios e enganos com os quais nos acostumamos, mas não devíamos.

Isso não significa, porém que devemos sucumbir a um pessimismo cego e imobilizante, pois como diz outra canção “A tristeza é uma forma de egoísmo” – isto é, ficar se lamentando o tempo todo sobre nossas dificuldades pessoais não resolve nada. Há tempo sim para o lamento e o choro – sinal de que não perdemos a empatia, que somos humanos de verdade, e que não estamos entre aqueles que se bestificaram tal qual Caim, que respondeu ante a pergunta Divina: “onde está o teu irmão?” com um tipo, “E daí, eu sou coveiro?”. Não, esse foi outro! Caim respondeu: sou eu o guarda do meu irmão? Mas o espírito do mal perverso e assassino é mesmo em ambas as frases.

Mas enfim, para além da dor, ou em meio a dor é possível renascer a alegria? Onde será que podemos encontrar energias para “ressuscitarmos” das muitas mortes – reais e figuradas – com as quais tivemos que lidar ao longo desse difícil 2020? Estamos no Advento, tempo de anunciar novamente, e mais uma vez, que Deus não está acima de todos: ele está no meio de nós. Ele é o “Emanuel, Deus-conosco”. Sua vinda e sua presença mesmo em meio “as dores do mundo” é fonte principal de nossa esperança teimosa, insistente, lutadora, indignada e esperançosa.

É assim que o livro de Isaías anunciava a um povo que tinha vivido expropriação e cativeiro. “Que todo vale seja aterrado, que toda montanha e colina sejam abaixadas: que os cimos sejam aplainados, que as escarpas sejam niveladas!”. Isaías teimava em sonhar mesmo em tempos de cativeiro: “Eu tenho um sonho” bradou o profeta e pastor Dr. Martin Luther King Jr. Sonhos de equidade racial em meio a uma sociedade dividida pelo racismo dos maus.

É assim que a poeta bíblico anuncia em uma imagem de beleza e afeto corpóreo, que, “Próxima está a sua salvação dos que o temem, para que a glória assista em nossa terra. Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram”. Em tempos de isolamento e distanciamento, ousamos sonhar com abraços e beijos! Corpos em encontros fraternos e sororais, plenitude da vida, prenúncio da alegria.

Ainda não estamos lá, é verdade. Mas o Evangelho nos diz para “preparar o caminho”. E talvez a gente encontre a alegria já aí: na preparação, na expectativa. “Irá chegar um novo dia, um novo céu, uma nova terra um novo mar, e nesse dia os oprimidos a uma só voz irão cantar” / “Faz-se noite mas eu canto” / “Mesmo escura a noite, brilha a tua luz...”. Sim, na poesia que inventa mundos novos, mais generosos e mais plenos para todas as pessoas, renascerá a alegria.

“Vai passar...”

Joel Zeferino,

Salvador, 04 de dezembro de 2020.

 

 




[1] Pastor da Igreja Batista Nazareth em Salvador-BA.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

NÃO TEMOS FALTA DE DEUS...

 

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1]

Jesus mesmo disse que gostaria de acolher a Jerusalém, tal como uma galinha que abraça e reúne os seus filhotes, mas o povo rejeitou-O e não quis (Mateus 23:37)

Um dia desses fomos (eu e Jussi) entregar uma lembrança a uma amiga que estava fazendo aniversário e ela ao nos encontrar disse sorrindo: obrigado e não precisava. O que quero mesmo é um abraço! Fiquei sem jeito pelo contexto pandêmico, porém, já que estávamos de máscara, dei um rápido e simbólico abraço.

Simbólico pelo fato que além de amigo, do afastamento-isolamento social e da saudade que não tem fim, mesmo morando na mesma cidade, estava ali também a representação do líder religioso dando-recebendo afeto e expressando a face cheia de amorosidade de Deus. O abraço em nossa cultura é tão forte que criaram o abraçaço. Gostamos de sentir a pele e o cheiro do outro, isto é, faz parte de nossa socialização esse modo de ser no mundo.

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

PORQUE QUANDO ESTOU FRACO ENTÃO SOU FORTE

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1]

 

Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro

Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro

(Belchior)


São mais de 170 mil vidas ceifadas pelo COVID-19 restando apenas choro e desesperança ao nosso redor. Parece que os pássaros matinais não cantam mais e que as flores não embelezam e perfumam nossa estrada. Onde estão as borboletas? Em nosso olhar é perceptível o medo e muitas dúvidas. O que e como fazer? O que parecia ser um mês para ser resolvido (abril) numa primeira percepção chegou até novembro. Como será o nosso Natal e o ano de 2021?

Quero contar uma pequena historinha para jogar um pouco de luz neste contexto caótico e tenebroso. Após uma vida bem vivida a velhice trouxe situações adversas e sofredoras. O que faz uma pessoa ao encontrar alguém que ama sofrendo? Isto é, em sua prece pede cura ou descanso para o doente? Quem tem ou vive perto de alguém num leito em casa ou num hospital sabe como é demasiadamente difícil(também) para quem cuida. Quem cuida de quem cuida?

terça-feira, 24 de novembro de 2020

O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1] 

Vez por outra fico pensando nos muitos desafios que me cercam, ou seja, como ser cristão reformado ecumênico no recôncavo baiano? Essa é uma questão extremamente desafiadora-motivadora para tentar desenvolver uma espiritualidade diaconal libertadora-afetuosa cheia de potência de vida não apenas nos templos, mas, nas esquinas e praças da cidade.

Suspeito que é necessário coragem e sensibilidade para (re)criar-se como experiência profunda de uma mística racionalizada em que dimensões corpóreas e culturais não sejam negligenciadas como aspectos secundários na Missio Dei.  É suficiente fazer a leitura da bíblia com lentes arranhadas sem liberdade e esperança? Pregadores e pregadoras do Evangelho cheios de discursos vazios com bonitas palavras ao vento completamente descontextualizadas e alienantes, até quando?

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Quem sobreviverá?

 

Por: Cláudio Márcio R. da Silva[1] 

“A noite fria me ensinou a amar mais o meu dia” (Belchior)

“Viver é muito perigoso... Porque aprender a viver é que é o viver mesmo... Travessia perigosa, mas é a da vida” (Guimarães Rosa)

Vez por outra, ao fazer uma viagem dirigindo, olho para o lado e Jussi (minha esposa) está dormindo. Imediatamente fico com pena, pois, sei do seu cansaço com suas múltiplas atividades desenvolvidas durante o dia. Lembro de sorrir um pouco com muita gratidão a Deus pela vida tão preciosa que Ele colocou ao meu lado e, por fim, mas não menos importante, penso na confiança estabelecida em mim dirigindo e a “certeza” de que chegaremos ao nosso destino em segurança. É preciso muita responsabilidade para dirigir, não?

Ora, eu não sei vocês, mas, não é sempre que consigo relaxar numa viagem em que alguém conduz o carro. A vida no trânsito é um desafio. Estradas com deficiências, motoristas imprudentes e, de repente, a vida pode ser interrompida num acidente. É possível que você já tenha se envolvido num acidente e ou visto acontecer com um amigo, parente e ou desconhecido. Talvez você tenha que parar um pouco essa leitura por lembrar de alguém muito especial que pegou a estrada para trabalhar-estudar e não voltou para casa, pois, a partir de um acidente teve a vida ceifada.

De fato, a vida é cheia de imprevistos incalculáveis. Todo planejamento necessário para conduzir a jornada de maneira feliz e eficaz é refeita a partir de imponderáveis do cotidiano. O que fazer essas horas? Desistir do próximo passo? Perder todo encantamento pela vida com medo de não arriscar?

            Este contexto pandêmico com mais de 150 mil mortes pela COVID-19 é extremamente assustador. Não sabemos se seremos o próximo e ficamos apavorados. É como se uma enorme carreta sem freios desgovernada viesse em nossa direção na estrada. Não há acostamento para todos(as)! Quem sobreviverá? Honestamente, não sei.

Suspeito apenas que imaginar um possível acidente é não se abrir para criar novas memórias de beleza com praias, praças e jardins, não?

            Evidentemente que o pano de fundo de estrada e carro é uma metáfora para pensar nossa jornada com seus desafios. Numa sociedade cheia de divisões sociais e que carros são também símbolos de poder, prestígio e ou estigma é necessário problematizar: e quem não tem acesso ao carro? Quem e como dirige? Qual estrada? E as redes de carona e solidariedade? Imagino que você na estrada já tenha recebido ajuda ou apoio de um desconhecido, não?

            Enfim, escrevo com o objetivo de convidar você para despertar o desejo de com muita coragem e responsabilidade viver experiências novas cheias de encantamento. Apesar do medo da estrada, das despedidas e das lágrimas que ela pode nos proporcionar, é nela também que vivemos a possibilidade do encontro, do sorriso, da chegada.  





[1] Pastor da IPU de Muritiba, cidade serrana, Bahia.



segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Quem é maior no Reino dos Céus? (Mt 18: 1-5)

 

Reflexão: Presbítero Augusto Amorim Jr.[1]

Quem é maior no Reino dos Céus? (Mt 18: 1-5)

Graça e paz, irmãs e irmãos!

Hoje, 12/10/2020, é um dia muito especial para nossa Igreja Presbiteriana Unida de Itapagipe! Hoje é Dia das Crianças e aproveitamos para rogar a Deus que proteja e cuide de nossas crianças, que nos ajude a transformar nossa sociedade para que as crianças ocupem, de fato, o centro das atenções e sejam tratadas com respeito e amor. Que mais importante que os bancos e exércitos sejam as escolas, professores (as), bibliotecas, parques e ruas onde elas, junto com os mais velhos, possam brincar e conviver de forma saudável, conforme o sonho do profeta Zacarias (Zc 8: 4-5). Mas hoje nos reunimos, principalmente, para rendermos Graças a Deus pelos 90 anos da nossa querida Presbítera Emérita Jedídlia Oliveira Silva, que participa da nossa Igreja desde o início, quando nossa comunidade de fé se reunia nas casas e quando ainda era Congregação Presbiteral, nos anos 60. De lá para cá, sempre esteve presente e dedicada ao serviço do Senhor Jesus em nossa Igreja.

sábado, 10 de outubro de 2020

ITINERÁRIO DA ESPIRITUALIDADE...

 

Por: Cláudio Márcio R. da Silva[1] 

Ao Deus que se fez criança e habitou entre nós

Ao Deus que partiu o pão e bebeu do vinho

Ao Deus que comeu peixe na brasa na praia

Ao Deus que chorou ao saber do falecimento de um amigo

 

Ao Deus que não se afastou do cotidiano e da natureza

Ao Deus que relia o texto sagrado ao lado dos mais experientes

Ao Deus que conversou com uma mulher na beira de um poço

Ao Deus que tocou em enfermos curando estigmas sociais com afetividade

 

Ao Deus que melou os pés de barro nas periferias do seu tempo

Ao Deus que enfrentou todo esquadrão da morte ao valorizar a vida

Ao Deus que propôs derrubar muros de inimizades e construir pontes de reconciliação

Ao Deus que lançou as mais belas sementes da ressurreição

 

Meu canto – minha prece – minha devoção

Meu compromisso – minha alegria – minha gratidão

Meu corpo – meu potencial – minha dedicação

Minha vida – meu encantamento – meu riso de libertação

 




[1] Pastor da IPU de Muritiba (cidade serrana do Recôncavo da Bahia).


sábado, 3 de outubro de 2020

QUEM TEM MEDO DA MORTE?

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva [1]

“Quem tem medo da morte?

Essa é a morte. Ela é muito solitária e triste.

Quando a pessoa tá muito dodói, ela a leva para um lugar melhor.

Para um lugar, perto de papai do céu.

Não precisa ter medo, ela não chega perto quando não estamos prontos.

Quando perdemos um familiar, ele vai estar lá com seus sonhos a realizar.

Pulando de alegria, sujando sua boca com chocolate e contando historinhas para seus amigos.

Lá não tem tristeza!

Apenas alegria, como ficaríamos tristes se estamos com papai do céu?

A morte, é só mais um anjo, fazendo a gente ir para junto de quem nos criou.

Olha só, a morte tá feliz!

Você conseguiu fazer ela rir!

Parabéns, agora que você não tem medo dela, ela está feliz!”

(Raiana Silva Santos 12 anos)

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

HUMANO COMO COROA DA CRIAÇÃO?

 

Por: Cláudio Márcio R. da Silva[1]

O irmão sol e a irmã lua derramam lágrimas pelo chão

No tempo da criação queremos renovar nosso mundo

A casa comum é incendiada e geme as dores da desolação

E, mesmo trazendo essas rosas para te dar, sei que buquê são flores mortas


A vida é desfeita e tem sobrado choro, luto e despedida virtual...

Hoje o céu não amanheceu tão lindo – apenas cinzas sem fênix

Cadê a flor que estava aqui? O peixe que é do mar? O verde onde é que está?

Chico Mendes, presente! Margarida Maria Alves, presente!

 

Humano como coroa da criação?

A quem interessa essa interpretação?

Precisamos articular uma espiritualidade ecológica

UBUNTU – OIKOUMENE – PACHAMAMA

 

Sou militante da utopia – um rebelde da esperança

Escrevo como um semeador que espalha as sementes

Sou capaz de ouvir o som da redenção

Não me iludo - o jardim é construído por muitas mãos

 

Minha alegria é saber que todos anos você vem

Chega em múltiplas cores como um espetáculo de beleza

Flores, borboletas, pássaros, crianças e velhos nas praças da cidade...

Tudo se renova na P-R-I-M-A-V-E-R-A

 




[1] Pastor na IPU de Muritiba (cidade serrana do Recôncavo baiano).

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

AS MÁSCARAS CAÍRAM...

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1]

"Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês são como sepulcros caiados: bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todo tipo de imundície. Assim são vocês: por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade” (Mt 23:27-28)

Em um contexto de pandemia da COVID-19 tivemos que aprender a utilizar máscaras como símbolo de proteção mútua no cotidiano, assim sendo, passamos por muitas fases neste longo processo, a saber: negação do uso; uso no queixo; uso sem lavagem; usos customizados a partir de cores e temas...porém, não é sobre este tipo de máscara que quero refletir.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Deus me visitou através de uma criança...

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1] 

“Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou" (Apocalipse 21:4)

Hoje recebemos com muita tristeza a notícia do falecimento de um amigo. Se isso já não fosse o suficiente, este contexto pandêmico nos impede de irmos ao encontro da esposa e filhos para oferecer um abraço afetuoso, assim, apenas contatos virtuais configuram um novo paradigma onde a dor e o luto são vivenciados a partir de outras dinâmicas. Ora, o que isso representará para os sujeitos sociais ao longo dos anos? Como abordagens teológicas, psicológicas e sociológicas darão contas dessas experiências de lutos sem velórios?

Ao me deitar e ficar em silêncio em oração por essa família e por Jussi (minha esposa muito amiga da família enlutada) ocorreu algo muito simbólico que em meio a dor eu pude sorrir com leveza e beleza, pois, Deus me visitou através de uma criança e começou a acariciar minha cabeça. Vejo Deus no cotidiano com ações simples cheio de amorosidade e cuidado, isto é, um Deus parceiro no chão da vida. Quem não percebe Deus numa criança talvez precise rever sua experiência de fé e espiritualidade. Antes que me julguem como um herege, lembrem-se que na fé cristã Deus se fez criança e foi cuidado por humanos.

O evangelho diz que Jesus chorou ao saber que seu amigo tinha morrido. A dor e a morte são dimensões da vida que nos afetam e apontam nossa humanidade frágil e complexa. Esse mundo de heróis e heroínas impedem que as lágrimas escorram em nossas faces como sinal de alteridade e empatia.

Com efeito, minha oração é que o consolo de Deus possa ser uma realidade na vida desta família. Peço a Deus que seu óleo possa sarar nossa dor e que a fé na ressurreição seja tão forte como sol que brilha após a tempestade. A fé na ressurreição seja como as flores que embelezam e perfumam na primavera. A fé na ressurreição seja como os pássaros que cantam as mais lindas melodias matinais dizendo que tudo ficará bem.




[1] Pastor na IPU de Muritiba-BA.