domingo, 8 de dezembro de 2019

CREIO NO DEUS DE JOÃO, O IMERSO.


Por: Rev. Cláudio da Chaga Soares

Creio no Deus de João, o Imerso, que grita em nossos ouvidos como um trovão no deserto e que nos encoraja a preparar a nossa casa para a Sua vinda, dizendo: “Tornem o caminho plano e reto! Toda estrada esburacada seja consertada, todo obstáculo eliminado, os desvios alinhados e todas as estradas de terra sejam pavimentadas para que todos vejam o desfile da salvação de Deus. 

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

BANZO



Por: Paulo Roberto Silva

Como é possível caber na razão tanto desprezo impresso?
A história como memória nos arde em opressão,
Em cada tino um gesto angustiador;
Em cada destino a repetição do açoite;
Nos cortando a carne a golpes de navalha;
Num demonstrativo infeliz de que não podemos ser gente;
Que não temos como nos desvencilhar das correntes!
Num banzo atual me debruço;
Me recordando que ergui-me para o dia em liberdade;
Mas, eis que a covardia do branco ocidente,
Sob ideias de um pavor da cruz;
Nos lançou negritude aprisionada.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Gentileza gera gentileza...


Por: Cláudio Márcio R. da Silva

Suspeito que é sempre bom saber em quem temos crido. Cada um(a) tem vivido dias extremamente difíceis e, a dimensão da fé, isto é, do cultivo da espiritualidade, tem nos colocado de pé. Estou falando da presença misteriosa de Deus no chão da vida. Digo fé na “rapaziada e na mulherada”. Digo fé no que virá! O que virá?
Acredito que “gentileza gera gentileza”, assim sendo, “quem sabe o que planta não teme a colheita” (Gl 6.7). De fato, como sugere o velho Raul: “eu é que não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar”.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

ITINERÁRIO DA ESPIRITUALIDADE...


“Somente em Deus eu encontro paz e nele ponho a minha esperança” (Sl 62.5)

Por: Cláudio Márcio R. da Silva[1]

Dá-me, ó Senhor, coração grato para que meus lábios cantem a esperança!
Dá-me, ó Senhor, mãos fortes para que possa construir seu Reino de justiça.
Dá-me, ó Senhor, capacidade de encontrar seu rosto na face do próximo.
Dá-me, ó Senhor, desejo de partir o pão em comunhão libertadora.

sábado, 5 de outubro de 2019

IPU: constante reforma?


“Deem graças ao Senhor porque ele é bom; o seu amor dura para sempre” (Salmos 107:1)

Por: Cláudio Márcio[1]

Diante dos desafios temos também novas possibilidades e, sem dúvidas alguma, a IPU tem muitas razões para agradecer a Deus. Somos uma igreja corajosa, profética e acolhedora. Somos uma igreja reformada, ecumênica e que assume uma espiritualidade diaconal e libertadora.
Sabemos que muito já foi feito com amor, responsabilidade e criatividade. Sabemos também que temos muito a construir neste “chão chamado Brasil”. É preciso ouvir a voz de Deus nos chamando para o grande mutirão do Reino. Enquanto escrevo, rogo ao Espírito Santo (subversivo) que recrie nossa amada IPU.
Como comunidade que tem centralidade na Palavra de Deus precisamos de coragem para fazer releituras em nossa contemporaneidade, isto é, não se pode deixar toda herança dos nossos irmãos e irmãs que fundaram a IPU, todavia, não podemos também ficar sem perceber contextos diferentes hoje.
  Lembremos que “a Igreja sobrevive quando reconhece a necessidade constante de reforma” (Manifesto de Atibaia\1978). Dessa forma, devemos “dar, pelo púlpito e por todos os meios de doutrinação, expressão do Evangelho total de redenção do indivíduo e da ordem social” (Pronunciamento Social\1978), uma vez que, “Deus não tem endereço certo. Trabalha em todo lugar onde os humanos lhe abrem uma oportunidade” (Zwinglio Mota Dias). Que cada um(a) possa responder ao Senhor e a si mesmo sobre a indagação feita pelo nosso saudoso João Dias de Araújo: “que estou fazendo se sou cristão?”.
Irmãos e irmãs, sigamos o conselho do salmista ao dizer: “Bendirei o Senhor o tempo todo! Os meus lábios sempre o louvarão” (Salmos 34:1). Vamos juntos e de mãos dadas fazer o que será! Avante, IPU!



[1] Pensando sobre os 41 anos da IPU (setembro) de 2019

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

ITINERÁRIO DA ESPIRITUALIDADE...


Por: Cláudio Márcio R. da Silva

Ó Deus, obrigado pela vida e por este dia. Muitas tarefas foram realizadas, porém, percebi mais uma vez sua fidelidade e cuidado em meu cotidiano. Que darei ao Senhor diante de todo bem que me faz? Como não ser grato por sua Graça que me gera riso e desejo de cantar?
Ah, Senhor, muitos são meus temores, mas, olhando para ti meu rosto se ilumina, isto é, encho-me de esperança e sigo minha jornada de fé-luta. Sigo acreditando na beleza e, não menos, na complexidade da vida. “Viver é muito perigoso” como diria Guimarães Rosa. 

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

MÍSTICA E ENGAJAMENTO...


“Bem-aventurado o que acode ao necessitado; o Senhor livra-o no dia mal” (Sl 41.1)

Por: Cláudio Márcio

Somos convidados por Jesus (o camarada de Nazaré) a exercer uma espiritualidade que não exclua duas percepções significativas em nosso cotidiano, a saber: a alteridade e a empatia. Sim, apenas vendo o outro e se colocando em seu lugar seremos efetivamente filhos e filhas de Deus. 
Não é possível viver uma indiferença diante de tantas calamidades que nos cercam. Pensando com Edson Gomes (cantor de reggae do Recôncavo baiano) quando diz: “tanta violência na cidade -brother é tanta criminalidade”. Sabemos que neste processo de violências múltiplas é o corpo afro-indígena que “tomba ao chão”. Até quando?

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Voo livre...



“Não somos como aqueles que chegam a formar pensamentos somente em meio aos livros - o nosso hábito é pensar ao ar livre, andando, saltando, escalando, dançando.” (Friedrich Nietzsche)

Por: Paulo Roberto (Cientista Social e Poeta)

Por vezes é de bom tom se vê mudo;
Surdo;
Absorto;
Indiferente...
Dar as costas para esse tanto de absurdo;
Que, ainda que neguemos, faz-se morada em “gentes”.
Por vezes faz-se um bem danado estar só;
Fiel a suas idiossincrasias...

sábado, 14 de setembro de 2019

Nem sempre as igrejas querem sua companhia...


Por: Cláudio Márcio

"Sim, Deus pode, perfeitamente, ser encontrado nas igrejas. Mas o problema é que nem sempre as igrejas querem sua companhia. Pois é muito exigente. Quer sempre tirar a igreja de seu bem-estar e de sua gostosa acomodação e fazê-la assumir as tramas e dramas do mundo”
 (Zwinglio Mota)

Queremos de fato a companhia de Deus em nossas vidas? Se sim, o que isso significa? Algumas pessoas respondem essa questão dizendo: frequento minha comunidade religiosa com assiduidade; quando o grupo de louvor canta eu fico perto de Deus; tem domingos que o sermão do pastor(a) é bom e tenho respostas de Deus para minha jornada; contribuo financeiramente com minha igreja; tenho tantos anos “de crente”; etc.

sábado, 31 de agosto de 2019

ITINERÁRIO DA ESPIRITUALIDADE

Por: Cláudio Márcio

 Ó Deus, de quem me aproximo e sempre longe estou, tenha misericórdia de mim. Sopra Espírito Santo subversivo e reorganiza esse caos que me cerca. Pela fé tenho acesso a tua mão que me protege e encoraja a seguir, a servir. Pela fé posso escutar sua voz dizendo para eu não temer e não chorar. É através da experiência da fé no camarada Jesus de Nazaré que a humildade pode produzir nova humanidade. 

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Fé e política...


Por: Cássio Santos (Rev. da IPU em Feira de Santana-BA)

No dia 24 de agosto de 2019 várias pessoas de diferentes seguimentos cristãos estiveram reunidas refletindo sobre um tema bastante relevante para o momento político, social e religioso que a sociedade brasileira atravessa. O tema do encontro foi "A política e os evangélicos no Brasil: Qual nosso papel nesse contexto? "
A Dra. Elizete da Silva trouxe uma grande contribuição para o público presente no evento, demonstrando de forma magistral como cada pessoa será cobrada pela história com suas posturas, pois apresentou um quadro de evangélicos que se colocaram de forma totalmente contrária às posturas de Cristo que sempre defendeu a justiça, a paz e a liberdade, bem como muitas mulheres e muitos homens que também contribuíram na construção do Reino de Deus. Depois da fala da professora houve também um momento de depoimentos e partilha o qual foi enriquecedor! 

domingo, 28 de julho de 2019

Que o medo não trave meus pés...



Dá-me, ó Senhor, desejo de servir-te mais e melhor.
Dá-me, ó Senhor, coragem para testemunhar o Teu Reino de Justiça.
Dá-me, ó Senhor, criatividade para ser sinal de sua compaixão nas esquinas da cidade.
Dá-me, ó Senhor, sabedoria para ouvir as polifonias que me cercam.
Dá-me, ó Senhor, discernimento para não ser enganado por religio$o$.
Dá-me, ó Senhor, equilíbrio para construir pontes entre fenômeno religioso e científico.

Ah, Deus, que a dúvida seja minha amiga.  Que a fé me faça transcender na humanização.

sábado, 20 de julho de 2019

O Senhor não me abandona...


Por: Cláudio Márcio

Ó Deus, como a chuva rega a terra e faz brotar a semente
Que minha fé possa frutificar.
Como os pássaros que cantam todas as manhãs
Que meus lábios não cessem de bendizer o Teu nome.
Como a ponte que liga duas cidades
A oração me aproxima de ti.
Eu estou sozinho, mas o Senhor não me abandona 

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Quem é o meu próximo? (Lc 10.25-37)




Por: Cláudio Márcio

Quem é o meu próximo? Essa é uma  questão central para nossa caminhada enquanto cristãos reformados e ecumênicos na América Latina, pois, durante muito tempo, fomos tratados como corpo objeto que podia ser vendido, escravizado, brutalizado, acorrentado, humilhado e massacrado sem piedade alguma. Ter ou não ter alma? Humano ou não humano?
O processo civilizador cristão, machista, branco, europeu (com a Bíblia na mão e a cruz que se transformou em espada) gerou muita violência e opressão para povos originários e africanos. Sabe-se que em nome de deus, da ciência, da economia, da modernidade e da tecnologia, grupos sociais subjugaram outros grupos e muito sangue foi derramado. Aqui não cabe saber quem é mais ou menos culpado, mas, faço apenas um convite para uma reflexão mais séria e complexa que precisa ser estabelecida. Há redes construídas dentro de processos históricos e sociais e a bíblia, por exemplo, fez parte da construção do ocidente com muitas ambivalências de vida e morte.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

"Procurarás a justiça, nada além da justiça" (Dt 16.11-20)



A Semana de Oração pela Unidade Cristã (#SOUC 2019) foi vivenciada por nós de forma muito especial. Sim, pode-se afirmar que em Salvador-BA, já existe uma consolidação deste evento, uma vez que, são necessárias duas semanas para fortalecer a comunhão daqueles e daquelas que na diversidade, caminham em unidade.
Com efeito, houve um “deslocamento” da SOUC no chão baiano, pois, no território do Recôncavo, na cidade de Muritiba e no sertão, isto é, em Feira de Santana, a IPU, a IEAB, a ICAR e a ABB puderam celebrar momentos lindos e extremamente desafiadores. Ora, acreditamos que isso é fruto do Sopro do Espírito Santo e nós temos nos colocado disponíveis para o grande mutirão do Reino de Deus.
Rememoramos as palavras do saudoso Rev. João Dias de Araújo “a injustiça é contra Deus e a vil miséria insulta os céus”. Deste modo, somos agradecidos a Deus e a cada um(a) que fez parte desta história. Sigamos juntos e de mãos dadas!
Há braços!
(Rev. Cláudio Márcio IPU de Muritiba-BA)

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Uma confissão de fé renovada


Por: Joel Zeff[1]

Mais uma vez retorno a esse texto, talvez pela percepção de que o que eu tenho para dizer sobre o assunto, embora possa variar em forma de apresentação, no conteúdo, mudou muito pouco. Uma coisa talvez tenha mudado: cada vez me importo menos com o que dizem do que eu digo. Tenho aprendido com o passar dos anos, que quando há má vontade por parte do leitor, nenhuma explicação será suficiente, e quando há um pouco de boa vontade, poucas são realmente necessárias. O que segue incomodando é tendência a querer respostas prontas. Creio que muito mais ético e pedagógico, e que cada qual tenha o direito (e o dever) de fazer seus próprios julgamentos e decisões a partir leituras que faz, das experiências que tem, do reconhecimento do conhecimento alheio, e jamais meramente baseada na “autoridade” de quem fala.

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Teu sou eu, Senhor!




Ó Deus, o teu Reino chegou e eu me arrependo
 Não sou merecedor da graça que me salva e liberta
Tu que me amou desde o princípio
Que me chamas pelo nome
Que unges minha cabeça e sara minhas feridas
Teu sou eu, Senhor! Piedade de mim!

Ó Deus, tua voz rompeu minha surdez
Meus olhos encontram teu rosto na jornada
Tua voz é cheia de polifonia, mas, escuto teu chamado
Quero servir-te em minha inteireza
Minha esperança “acorda” junto ao sol
Teu sou eu, Senhor! Piedade de mim!

terça-feira, 25 de junho de 2019

SIMBORA, a IPU precisa de sua voz...


Por: Jussiana Silva dos Santos[1]

No processo da escuta
Eu senti experiências
Cada qual com suas dores
Na luta pela sobrevivência

Descobrimos que a acolhida
É um ponto forte da nossa igreja
E o ecumenismo
Faz parte de nossa peleja

sábado, 15 de junho de 2019

“Procurarás a justiça, nada além da justiça” (Dt 16.11-20)


  

Provocados e provocadas pelo tema bíblico que anima a Semana de Oração pela Unidade Cristã, nós, igrejas, organizações ecumênicas e inter-religiosas, pastorais sociais e movimentos sociais fomos ao encontro da comunidade do Bairro 135, em São Félix, localizada no Recôncavo Baiano. Nosso objetivo foi buscar sinais de justiça junto a uma população que ainda sofre as consequências da escravização do povo negro e do racismo estrutural, um dos principais pilares da desigualdade social brasileira.
Depois de conhecer a história da Barragem e Hidroelétrica Pedra do Cavalo, ouvimos as histórias de vida de moradores e moradoras da comunidade do Bairro 135, no município de São Félix/ BA. Nesta escuta-ativa-dialogal compreendemos que na comunidade a construção e a permanência da Barragem Pedra do Cavalo trouxe e consolidou situações de injustiça. Não há justiça na comunidade do Bairro 135. Os moradores e as moradoras são os impactados pela distorção da justiça.  A falta de justiça se percebe na absolutização do “direito” de um grupo financeiro enriquecer com a exploração do Rio Paraguaçu, destruindo o complexo ecossistema criado no entorno do rio. 

sexta-feira, 10 de maio de 2019

As matriarcas: “mães subversivas da Bíblia"


 Por: Francisco Leite[1]

O conjunto de livros que nós cristãos denominamos Antigo Testamento pertencem a um contexto histórico-social em que o mundo possuía uma hierarquia patriarcal muito bem delineada, nesse modo de compreender as coisas, a família estava na base da sociedade e várias famílias compunham um clã, ou seja, um pequeno grupo de pessoas que possuiam laços de consanguinidade e, por fim, a totalidade dos clãs compunha a tribo, em grego: ethnys – de onde vem a palavra que conhecemos em língua portuguesa como etnia.

Em cada degrau da pirâmide havia um líder, no governo da tribo havia um rei que era a autoridade maior da nação (mesmo que em determinados contextos em que a nação estava escravizada o título de rei era apenas simbólico), submissos ao líder tribal estavam os chefes dos clãs e, por fim, cada família era representada nessa sociedade por um Pater famílias, assim, desde a base da sociedade a liderança dos grupos sociais sempre estava nas mãos de uma figura autoritária de gênero masculino.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

É preciso estender a mão...


“Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça, como o ribeiro impetuoso” (Amós 5:24)

“Amar e mudar as coisas me interessa mais” (Belchior)



Por: Cláudio Márcio



            Irmãos e irmãs, vivemos dias difíceis que exigem de nós um compromisso muito grande com a reflexão crítica e libertadora e, somando a isso, é urgente uma prática da espiritualidade diaconal, dialogal e humanizadora. Como ser cristão e não produzir justiça social? Como ser cristão e viver em silêncio diante de tanta injustiça?

            Não trago respostas prontas e métodos a serem seguidos, uma vez que, cada contexto é específico e precisa ser compreendido com muita calma. Entretanto, há um lugar comum que cada cristão precisa assumir, ou seja, “temos que ter fome e sede de justiça” (Mt 5.6). Dito de outro modo: “Assim, mantenham-se firmes, cingindo-se com o cinto da verdade, vestindo a couraça da justiça” (Ef 6.14). Somos convidados neste contexto por Deus para exercer uma espiritualidade da compaixão e da misericórdia. É preciso estender a mão a quem encontramos no caminho com suas necessidades, pois, desta maneira, estaremos revelando Jesus de Nazaré aonde quer que estejamos. 

terça-feira, 23 de abril de 2019

#DitaduraNuncaMais


“A religião pura e verdadeira para com Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo” (Tiago 1:27)


Por: Cláudio Márcio


Dia 31-03-19 na Igreja Presbiteriana Unida (IPU) de Muritiba-BA, estudamos na Escola Bíblica Dominical (EBD) sobre memória, fé e justiça social. Trouxemos à memória Paulo Stuart Wright e Ivan Mota Dias, ambos foram exterminados nos “porões da ditadura militar brasileira”. Desta forma, o que levou aqueles (e tantos outros e outras) jovens a se entregarem a um projeto de construção nacional? Qual a razão do silêncio no que se refere a produção de narrativas feitas por setores do protestantismo ecumênico e progressista em solo brasileiro?  

segunda-feira, 15 de abril de 2019

“O Brasil, dentro de um carro, levou 80 tiros...” – por Joel Zeferino

Foto: @desenhosdonando
Meditando nas passagens bíblicas do lecionário do dia 7 de abril de 2019, fomos desafiados pelo profeta Isaías (43:16-21) a seguirmos anunciando esperança, mesmo num cenário que se apresenta como deserto de impossibilidades: como quem se recusa que o mal e a maldade tenham a última palavra, seguimos anunciando novos caminhos que desafiam as estruturas do tempo presente.

Mas foi no Evangelho (João 8:1-11), onde uma mulher que teria sido pega em adultério é levada até Jesus (note que em nenhum momento do texto o “homem adúltero” é mencionado), que recebemos nosso maior desafio: humanizar a humanidade... Sim, pois que pese a noção geral de que “todos humanos tem direitos”, na prática, esses direitos são concedidos apenas a uma minoria, uma elite. A maioria da população, formada por negros e negras, mulheres, LGBTs, pobres, tem seus direitos violentados das mais diversas maneiras. E um dos modos que os poderosos se utilizam para, inclusive, fazer com que essa maioria "aceite" essas violências, é fazendo uso do falso discurso da "segurança".

domingo, 14 de abril de 2019

Quem é aquele?



Quem é aquele que vem no jumentinho e não chegou ao seu destino?

Tomou 80 tiros e foi “confundido” com um bandido.
Povo negro sendo exterminado diariamente por um Estado genocida.
Tenha misericórdia, Senhor!

Quem é aquela que vem no jumentinho e não chegou ao seu destino?
Foi espancada até a morte por um “parceiro ciumento”.
O feminicídio é real e preocupante, deve ser combatido e refletido nas igrejas.
Tenha compaixão, Senhor!

Quem é aquela que vem no jumentinho e não chegou ao seu destino?
Tomou uma pedrada na cabeça por usar roupas e assumir uma crença diferente da cristã.
A intolerância religiosa gera violência e morte. É preciso aprender a dialogar e respeitar.
Tenha compaixão, Senhor!

terça-feira, 2 de abril de 2019

ITINERÁRIO DA ESPIRITUALIDADE...


Por: Cláudio Márcio


Ó Deus, fonte de toda vida e esperança, tenha compaixão de nós e nos coloque de pé na estrada. Tem sido difícil seguir com tantas notícias tristes que afetam nossa jornada. Extermínio da população negra, indígena e da comunidade LGBTs. Mulheres sendo agredidas, assediadas, demonizadas, assassinadas. E o que as igrejas tem a dizer sobre isso?

Ah, Senhor! Oram e cantam tanto. Fazem jejuns e se sentem teus exclusivos representantes na sociedade. Todavia, o evangelho já nos adverte sobre essas pessoas quando diz: “este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim” (Mt 15:8). Assim, ó Deus, muitos grupos só olham para os céus e esquecem de assumir um compromisso com o chão que pisam. Espiritualidade que não gera vida e nem justiça social. Trata-se de uma aparência, pois, são hipócritas!

terça-feira, 19 de março de 2019

ITINERÁRIO DA ESPIRITUALIDADE


Por: Cláudio Márcio[1]

Ó Deus, nossa comunidade de fé celebra mais um aniversário e, assim como o salmista perguntamos: que daremos ao Senhor por todo bem que nos tem feito? Sim, Senhor, sua Graça tem nos surpreendido na jornada e estamos felizes.  Sabemos em quem temos crido, logo, faremos menção do teu nome como Deus amoroso e libertador.  Aqui, Senhor, muitas vidas se dedicaram ao seu Reino. Homens e mulheres que marcaram nossas vidas com o desejo que pudéssemos te conhecer mais e testemunhar o evangelho da Graça. Por todos eles e elas, obrigado Senhor.  Também pelos ausentes que já partiram ao seu encontro, obrigada Senhor. Por nossos irmãos e irmãs que gostariam de se fazer presentes e não puderam, obrigado Senhor.

sexta-feira, 15 de março de 2019

IPU em Feira de Santana...

“O mês de fevereiro trouxe uma alegria para nós, moradores e moradoras das paragens da Feira de Santana. A Igreja Presbiteriana Unida do Brasil retomou sua presença na cidade, com a abertura de uma missão no SIM, bairro cuja história está estritamente associada à IPU. Nós, anglicanxs de Feira de Santana nos alegramos com essa missão e desejamos sucesso nas iniciativas realizadas neste campo missionário. Somos igrejas irmãs e vivemos para anunciar um Evangelho justo, solidário e inclusivo. Estendemos nossas mãos para a caminhada a ser feita”. (Rev. Adriano Portela\ IEAB)

“E o culto de inauguração no último dia 23/02 foi uma bênção sem medida. Agradecemos a Deus por cada irmão e irmã que estiveram presentes, temos um caminho a trilhar em feira de Santana. Nossa missão não será fácil, mas temos a confiança que Deus tem feito grandes coisas por nós e por isso estamos alegres. Lembro das palavras do pastor Jorge Santana ‘Agora se reinicia na Missão de ser uma Comunidade de Fé que se posiciona onde a vida está sendo ameaçada’... Nós temos a missão de levar esse evangelho comprometido com a vida, lembrando as palavras do evangelho de João 3:30 ‘convém que ele cresça e que eu diminua’.  Que Jesus cresça a cada dia em nossos corações.Venha visitar nossa comunidade na Rua Presidente Café Filho, Bairro SIM, número 644. Toda quinta-feira às 19:00h e aos  domingo às 09:00h”. (Rev. Cássio Santos\IPU)


terça-feira, 5 de março de 2019

ITINERÁRIO DA ESPIRITUALIDADE...

Por: Cláudio Márcio

Ó Deus, ao ver uma diaconisa da Igreja Presbiteriana Unida (IPU) fazendo aeróbica na praça da cidade junto ao grupo da terceira idade, fiquei demasiadamente feliz. Seu rosto e corpo eram de festa. Ao seu ritmo, acompanhava o professor em total energia ao som de Style PSY Gangnam. Ali na praça, vi o Senhor!
Deus dançante que celebra ao lado dos foliões, bendito é teu nome para todo sempre.
            Ó Deus, sei que não se limita aos nossos templos. Tua casa é o mundo! Os mares, os campos, as matas, as estrelas, as pessoas... Suspeito que temos tanto a conhecer-te fora da igreja. A quem interessa uma narrativa que “reduz” ao Senhor? Falam em seu nome dizendo o que não foi dito por seus lábios. Eles não sabem dançar!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Deus continue abençoando este mutirão...



“Ontem[23-02-19], em Feira de Santana, foi belíssimo, um recomeço transbordante do Espírito Santo, cheio de memórias extremamente significativas (Rev. Josué e a professora Elizete), saudades (Rev. João Dias e dona Ithamar), compromisso, sonhos e esperança! Que Deus continue abençoando este mutirão do Reino, que continue dando sabedoria ao Rev. Cláudio Rebouças e demais membros do Conselho do PSVD, que fortaleça e ilumine o Rev. Cássio e sua esposa Adelita, responsáveis pela Congregação de Feira, e que cresça cada vez mais este espírito de comunhão e despertamento missionário no Presbitério Salvador!” (Presbítero Júnior Amorim\ IPU de Itapagipe-BA)

“A IPU é uma denominação protestante com uma agenda progressista e ecumênica. Aqui em Feira de Santana teve o Rev. João Dias de Araújo como a grande referência. Agora se reinicia na Missão de ser uma Comunidade de Fé que se posiciona onde a vida está sendo ameaçada. Pertencente ao Presbitério de Salvador e tendo o Reverendo Cássio Santos Silva a frente com o apoio do Rev. Cláudio Márcio Rebouças da Silva (Então moderador do Presbitério do Salvador), convido a todos e todas interessados a celebrarem esse ressurgimento como boas novas de grande alegria” (Pastor Jorge Nery\ ABB e COINTER).

“A graça e a paz de Jesus aos irmãos e irmãs. Neste dia que é um dia de alegria e de esperança para todos nós da IPU, desejo ao pastor Cássio e Litinha que sejam sempre amparados pela luz do Espírito Santo, para que essa comunidade prospere e persevere no anúncio da palavra, nas orações, na comunhão fraterna e na partilha do pão. Deus que inspirou essa obra vai também sustenta-lá no seu amor e mostrar os meios para que produza muitos frutos. Deus abençoe a cada um em seu infinito amor” (Rev. Luiz\ IPU de Caetité).

“A Igreja Batista Nazareth expressa sua alegria por saber que mais um espaço de promoção da vida a partir do Evangelho do Jesus de Nazaré abre suas portas. Nossa oração é que muitas pessoas possam encontrar nesse lugar acolhida e conforto, desafio e compromisso com a paz através da promoção da Justiça. Nossa oração em especial pelo Rev. Cássio e sua esposa Adelita que estarão a frente desse trabalho, e a certeza de que podem contar conosco nessa caminhada comum. Abraços fraternos, Em Cristo”. (Joel Zeferino\ IBN\ABB).


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Homenagem ao Rev. João Dias de Araújo


Por: Diogo Valença[1]

No último dia 09 de fevereiro fui convidado pelo Rev. Cláudio Rebouças para participar, na Igreja Presbiteriana Unida de Muritiba, de uma roda de conversas sobre a memória do Rev. João Dias. O Prof. Jorge Nery fez uma fala sobre a trajetória política e religiosa do Reverendo João Dias, que minha esposa e eu tivemos a felicidade de conhecê-lo ainda em vida.
O Rev. João Dias esteve na minha sala de aula para falar de suas lutas na defesa da terra para os pequenos agricultores. O que me impressionou no Reverendo foi, sobretudo, a sua erudição, mas que ele não ostentava, procurando passar seus conhecimentos com simplicidade e humanidade. Ele esteve com Dom Hélder e combateu a ditadura com a força da sua fé. Para mim, não há diferenças entre cristãos autênticos, que expressam a sua fé por uma decisão política de lutar contra as injustiças sociais, e os lutadores do povo que aprendem a reconhecer no marxismo uma força teórica no combate contra a exploração do homem pelo homem.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

ITINERÁRIO DA ESPIRITUALIDADE...


“Minha alucinação é suportar o dia-a-dia, e o meu delírio é a experiência com coisas reais. (Belchior)

Por: Cláudio Márcio

O que pode ser dito a um pai e uma mãe que perde seu filho em um terrível acidente? Honestamente, nada! Tenho tentado apenas me fazer presente como um amigo que chora com os que choram, uma vez que,todo meu patrimônio são meus amigos”. (Emily Dickinson). Não tenho todas as respostas e carrego na cabeça perguntas sem fim.
Na realidade, suspeito desses líderes religiosos que são quase “heróis” e tem todas as respostas na ponta da língua (inclusive aquelas que nunca foram perguntadas e ou não modificam nossa realidade em nada). “Mercenários, "ripocritis". Hipócritas, "ripocritis”, Hipócritas. Profetas, religiosos, promessas de políticos” (Edson Gomes).
Ó Deus, sou demasiadamente humano. Cheio de contradições e limitações. Sou aprendiz do camarada Jesus de Nazaré que me ensinou o processo do cuidado, do acolhimento, da misericórdia, da partilha, da justiça e, não menos, da libertação contra os poderes opressores.
Tenho aprendido definitivamente que o corpo é polifônico, assim, quando me faço presente nestes dias difíceis que podem afetar a vida de qualquer humano, sei que mesmo em silêncio estou dizendo: sinto muito meus amigos. Não sei como iremos reencontrar o sentido de continuar a caminhada, todavia, suspeito que seja necessário seguir. “Minha alma tem sossego em Deus, só em Deus. Que é fonte de salvação. Sim, só em Deus minha alma tem sossego. Nele encontra a paz” (Taizé).
Há quem se jogue nas drogas, no álcool. Há quem se lance na arte, na poesia. Há também os que resgatam a mística e a partir da fé e da afetividade de muitas mãos, se colocam de pé novamente. Redescobrir a olhar para si e para o outro não é fácil, porém, necessário. “Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido” (1 Coríntios 13:12).
Ó Deus, minha oração hoje é pelas muitas famílias que perderam um dos seus quando saiu para estudar, trabalhar e ou para o lazer e não mais foi possível retornar. Por favor, enxuga essas lágrimas que vez por outra escorrem no rosto. Que a dor possa se transformar em saudade boa, isto é, em memória para vida. É preciso convidar e seguir com os poetas quando apontam: “Tenho em mim todos os sonhos do mundo”. (Fernando Pessoa)

(Prece feita em 30-01-19)



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

NOSSO COMPROMISSO COM A VIDA...


“E peço que todos sejam um” (João 17.21ª)

Quando pensamos sobre o tema OIKOUMENE: nosso compromisso com a vida, muitas questões invadem nossa cabeça. Convido você a refletir ao menos duas dessas dimensões, isto é, qual entendimento que temos sobre compromisso? O que é a vida? Tais indagações aparentemente simples podem ser analisadas com o auxílio da antropologia, assim como, da cultura popular.
Sobre a vida que para fé cristã é lida e interpretada como um mistério e ou presente de Deus o cantor e poeta Gonzaguinha em uma de suas canções diz: “é o sopro do Criador em uma atitude repleta de amor”. Já a antropologia nos provoca para a alteridade, para a diversidade cultural dos grupos sociais, ou seja, só sou humano na relação com o outro.  Portanto, são as relações sócio-históricas, os diversos interesses em disputa que classificam e hierarquizam os indivíduos sociais.
Aqui precisamos de muita atenção, pois, a relação Igreja e Sociedade exige de nós uma visão profética que seja capaz de combinar denúncia e anúncio. Como Igreja Reformada cristocêntrica e ecumênica é importante continuar com “a Bíblia na mão e o berimbau na outra”.
Junto a tudo isso não se pode deixar de entender que os grupos identitários de Negros(as), Quilombolas, Indígenas, LGBT precisam ser vistos e respeitados como conjunto de sujeitos sociais portadores de direitos que historicamente são negados. É preciso estudo, orações e (re)leituras do texto sagrado, uma vez que, a vida é sempre mais sagrada que qualquer objeto sagrado.
Bem, o compromisso aqui é entendido como uma resposta ao amor de Deus revelado no camarada Jesus de Nazaré. Fomos tocados pela Graça e não podemos deixar de assumir a espiritualidade diaconal e libertadora. Desta maneira, cada um(a) coloque seus dons e talentos a serviço do Reino Divino.
Convido cada comunidade eclesiástica para viver a unidade na diversidade. Sejam responsáveis e criativos. Assumam responsabilidades dentro e fora das igrejas, e não se esqueçam: “Não fui eu que lhe ordenei? Seja forte e corajoso! Não se apavore, nem se desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar". (Josué 1:9)