terça-feira, 21 de novembro de 2017

BAIANÃO ECUMÊNICO: o novo sempre vem...

“Eis que farei coisa nova, que já desponta” (IS 43. 19)
Por: Cláudio Márcio[1]
Participar do 1º BAIANÃO ECUMÊNICO[2], 06 a 08 de outubro de 2017, foi uma experiência bastante significativa. O evento, organizado pelo Conselho Ecumênico Baiano de Igrejas Cristãs (CEBIC), buscou fomentar o diálogo contra a intolerância religiosa bem como fortalecer a convivência com o diferente, ou seja, garantir o direito à diversidade.
Como jovem reverendo da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU) tenho muito a apreender. Livros, vivências e paradigmas dentro e fora da IPU sinalizam, como bem sugere o documentário produzido pela Faculdade Unida de Vitória-ES, O SONHO ECUMÊNICO baseado em desafios para se construir pontes em detrimento de muros segregacionais.
Sim, ainda tenho utopias! Aqui no território do Recôncavo da Bahia busco essa mesa da fraternidade e da dignidade humana. Penso que é urgente combinar fé-ação em favor da vida em sua multiplicidade. Suspeito ainda, que há inúmeras narrativas ocultas (a CEBIC) é uma delas, que precisam brotar com força no cenário religioso baiano como uma perspectiva contra-hegemônica, isto é, capaz de promover nesta polifonia, uma voz justa, coerente, equânime e libertadora.
            Sei que existem os contrários ao ecumenismo. Mas hoje eu os pergunto: o que leram sobre tal tema? Qual experiência de alteridade religiosa foi vivenciada por esses sujeitos sociais? Na realidade, penso que muitos vivem espiritualidades deslocadas da realidade social, logo, preferem discutir o “sexo dos anjos” e ou responder questões que nunca foram feitas, pois, a ninguém interessam.
            Entretanto, a espiritualidade dialogal do CEBIC se propõe a “colocar o ouvido na boca do povo”, assim, testemunho com alegria e sentindo-me desafiado por todo encontro do Baianão Ecumênico. Aqueles e aquelas que investiram seu tempo e talentos para realização do evento, muito obrigado. Sigamos na jornada!
           




[1]  Reverendo da IPU de Muritiba-BA.
[2] Casa de Retiro Dom Amando, Av. Aliomar Baleeiro, Km 6,5, Bairro Nova Brasília, Salvador – BA.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

VEZ POR OUTRA, É PRECISO INCENDIAR A AGENDA...

Por: Cláudio Márcio[1]
“... nada deve parecer impossível de mudar” (Bertold Brecht). [2]
O ministério pastoral (assim como diversas atividades de liderança) é marcado por experiências sensoriais múltiplas cotidianamente. Em aproximadamente um mês nossa comunidade de fé (IPU de Muritiba) tenta seguir os passos. Nem sempre é fácil! Lutamos junto com uma família pela vida, todavia, diante dos desígnios de Deus (que não entendemos) ele chamou sua serva para seu colo e, honestamente, nossa esperança é a ressurreição. Ainda dói bastante lembrar este processo... Se não fosse o suficiente, outra família da igreja ficou enlutada e temos alguns doentes. Insisto: não é fácil consolar e encorajar quando também nos encontramos extremamente fragilizados.
Neste processo de ir seguindo a vida com fé-coragem, realizamos uma semana de oração que muito nos fortaleceu. Estamos em comunhão e nossa comunidade tem percebido a grandeza da espiritualidade do afeto, do cuidado e do toque. Entretanto, entre a alegria e a dor, há perguntas interessantes a serem feitas: o que efetivamente é importante em nossa vida hoje?  Corre-se tanto com qual finalidade? As escolhas que tenho feito na jornada são as melhores para mim?
 Confesso que gostaria de ficar um pouco mais com minha linda esposa. Ficar um pouco mais com meus livros. Pensar mais em mim sabe? Sou apaixonado por ser líder religioso e ou professor. Entretanto, essa espiritualidade diaconal precisa dar as mãos à dimensão do lazer. É preciso e possível uma experiência mais leve e cheia de encantamento, não?
São tantos prazos e agendas que, se pudesse, “tocaria fogo na agenda”. Sim, apenas uma piscina… ao som de Cartola. Na realidade, suspeito que preciso cuidar de mim. Tem dias que nós (líderes) também precisamos de “águas tranquilas e pastos verdejantes”. Hoje escrevo para mim, pois, escrever também cura.
Amanhã será outro dia. Amanhã será “o mesmo do diverso”. Eu continuarei sendo o “mesmo-outro”. Sigo em teimosia diante da vida, uma vez que, acredito na sua força e na possibilidade de reinvenção. Em outras palavras: é preciso reimaginar. Logo, somos convidados a “avivar as forças da memória” e seguir em frente. “Temos dois pés para cruzar a ponte”, ainda temos uma jornada diante de nós, então, “acorde, levante e lute”.  Amém!



[1] Reverendo da IPU de Muritiba-BA.
[2] Texto feito no início de outubro.