domingo, 15 de janeiro de 2012

SOPRA ESPÍRITO EM NOSSO PRESBITÉRIO!

“Deus é como um vento. Sentimos na pele quando ele passa, ouvimos sua música nas folhas das árvores e o seu assobio nas gretas das portas. Mas não sabemos nem de onde vem nem para onde vai. Na flauta, o vento se transforma em melodia. Mas não é possível engarrafá-lo. No entanto, as religiões tentam engarrafá-lo em lugares fechados a que eles dão o nome de “casa de Deus” Mas, se Deus mora numa casa, estará ele ausente do resto do mundo? Vento engarrafado não sopra...” (Rubem Alves)



Mais uma reunião do nosso presbitério (06 a 08 de janeiro de 2012) onde desejamos ver e rever irmãos (ãs) de suas comunidades de fé para que nosso coração encha-se de esperança e fervor para realizarmos aquilo que entendemos ser sopro do ESPÍRITO em nossa jornada. Desta maneira, a IPU de Gov. Mangabeira acolheu o nosso PSVD com muito carinho e amor.


Assim, a reunião inicia-se com a SUPRE na sexta à tarde, onde um processo de avaliação das atividades desenvolvidas ou não em cada comunidade é apresentado. Já na noite, tivemos um culto muito significativo coma participação do irmão Dinailton (Igreja Batista/ Ministro de música) e uma provocativa reflexão do Rev. Luis Pereira (Atos 11:19-26) , em que levou-nos a pensar sobre uma necessidade de observar os modelos das primeiras comunidades a fim de fortalecer nossa jornada de fé e compromisso com o evangelho de Cristo.


No sábado pela manhã e tarde as comissões trabalhavam para apresentar seus relatórios à assembléia... Contamos com a presença do Rev. Josué Mello e sua esposa Tecla Mello (o PSVD atendendo ao pedido do Rev. Josué Jubilou com louvor pelo seu serviço prestado ao Reino de Deus na nossa IPU). Assim, Josué e Tecla não só agradeceram a Deus por seus 50 anos de casados como convidou o PSVD para a celebração na IPU do Salvador ainda em janeiro.


Já no culto noturno ocorreu uma belíssima liturgia dirigida pelo irmão Sérgio Miranda, as músicas ficaram com Dinailton e Jr. Amorim e a reflexão foi realizada pelo novo reverendo em nosso presbitério e também pastor na IPU do Salvador (Paulo Roberto) sinalizando no texto de Efésios 3: 14-21 a fim de que Cristo habite em nossos corações e possamos seguir a Palavra de Deus com muito cuidado e zelo. O rev. Paulo Roberto também foi eleito (no domingo pela manhã) como o novo secretário do PSVD. Seja bem vindo a esse chão de encantos... Você e sua família!


Assim, no domingo pela manhã, tivemos uma pequena abertura com cânticos, orações, leitura bíblica e uma linda poesia recitada pela irmã Rute e logo após, um estudo muito significativo com o Pr. Jorge Nery (teólogo e historiador) que provocou a tod@s ao empenho na vivência do Reino e também a necessidade de reler documentos da história da Igreja a fim de encontrar nas encruzilhadas da caminhada as possíveis respostas das escolhas que foram feitas no processo histórico da IPU. Ou seja, temos uma história bela em um contexto específico. Porém, quem somos neste novo tempo? Logo, Jorge Nery provocou: como iremos agir em nossas comunidades em relação aos homossexuais? E, as religiões de matriz africana não teria muito a nos ensinar em uma perspectiva de uma espiritualidade ecológica?


Ora, ainda pela manhã tivemos um culto coma celebração da eucaristia (dirigido pelo Rev. João Dias) e uma reflexão do moderador do nosso PSVD (Rev. Dagoberto Pereira) nos convocando para o serviço ao Reino de Deus em nossas comunidades e no mundo.


Gosto de um texto de Rubem Alves que aponta que “Deus é um pássaro encantado e que só ouvimos o seu canto.” No entanto, alguns pensando ter domínio sobre este pássaro, trouxeram gaiolas em suas mãos. Mas, “o que carregam são pássaros engaiolados (ídolos).” Aponta ainda Alves: “Deus nos deu asas. Mas as religiões inventaram gaiolas.”


Desta maneira, pensando com Stuart Hall em uma perspectiva de identidades múltiplas e não fixas é que nossa comunidade IPU vive sua espiritualidade na oração e no partir do pão, no abraço e no canto, no ouvir e no sentar-se a mesa da fraternidade, na superação da saudade de alguns da IPB e na construção de uma juventude que conheça nossa história, na luta por justiça social e a promoção da vida, na palavra de Deus no texto sagrado e na cultura (no cotidiano)... Ou seja, a IPU é esta comunidade eclesiástica acolhedora e também paradoxal que vive sua humanização para tornar-se efetivamente mais divina em suas ações.


Penso a IPU como o espaço onde estamos nos perguntando a cada manhã: o que estou fazendo se sou cristão? (Rev. João Dias) e um desejo profundo de viver a vida em suas múltiplas dimensões. Pois, como diz Alves: “gostaria de viver muito porque a vida é boa.” Bem, temos desejos, desafios e coragem de continuar dizendo sim ao projeto de Jesus de Nazaré e sermos sensíveis ao sopro do Espírito na história, na igreja, na vida, nas esquinas e praças do nosso chão (Recôncavo, Bahia, Nordeste, Brasil, América Latina... Assim, sentindo o sopro do Espírito que é cheio de vida e libertação, lembro o tema anual do nosso presbitério: EVANGELIZAÇÃO E MISSÃO, O DESAFIO NOSSO DE CADA DIA.


Muritiba/ Ba, Janeiro de 2012


Cláudio Márcio

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

AS PESSOAS MUDAM...

“Prefiro ser
Essa metamorfose ambulante.
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante.


Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo.
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo. ”
(Raul Seixas)



Mais uma manhã se abriu para mim e eu logo me encho de esperança... É possível reconstruir, recomeçar, insistir no projeto que me envolve e me dá prazer. Qual e ou quais os projetos que te dão prazer? Ora, para mim a leitura e a escrita tem sido um exercício onde vale à pena investir um tempo... Como é bom estar com um livro e um teclado de computador nas mãos.


Falo isso por avaliar um processo em que me encontro... Como e porque um garoto que não gostava de estudar hoje passa horas por dia na busca do conhecimento? Quais os fatores que levaram a isso? Buscando em minha memória cheguei a alguns indicativos; 1) sempre tive o apoio de meus pais no processo educacional (aliás, não só eu, meu irmão e irmãs também); 2) não fui um estudante bagunceiro (só não gostava de estudar)...para ser mais honesto, sempre gostei de disciplinas de humanas; 3) Suspeito também que quando passei a fazer seminário e comecei a namorar Jussi (minha esposa) então, algo mudou.


Contudo, o desejo de ser universitário era muito forte (apesar de sentir-me em débito quanto o conteúdo para o ingresso na universidade). Queria fazer história em qualquer universidade e Jussi insistia: “você tem que fazer em uma instituição pública”... Como foi bom ouvir este conselho! Assim, lancei-me em alguns dois vestibulares da UFRB e não passava na segunda fase. Até que um dia eu mudei a opção de curso; Ciências Sociais é na área de humanas (acho que vou gostar) e por motivos que não sei explicar, naquele ano, (a concorrência de história ficou mais baixa do que a de ciências sociais) e eu passei.


Lembro-me como hoje o dia que saiu o resultado (estava em Laje na casa de MIMA) e vi o meu nome naquela lista de aprovados (que sensação maravilhosa!). Desta maneira, uma infinidade de possibilidades teóricas seria apresentada a mim. Mesmo percebendo lacunas no curso de CISO da UFRB... Estou completamente apaixonado por este curso. A sociologia e a antropologia se apoderaram de mim... Não é mais possível um olhar que não seja teológico, sociológico e antropológico para o mundo que vejo onde informo e sou informado.


Confesso que não sei aonde tudo isso vai me levar... Mas, tenho acreditado neste jogo e estou muito feliz em viver este processo de metamorfose existencial... Desejo, através de muito esforço, disciplina e celebração da vida construir junto aos meus companheiros de estudo (Paulo Roberto; Valdir Alves; Matheus Barros, Ezequias Amorim) assim, como muitos de nossos professores, contribuir com o fortalecimento das Ciências Sociais no Brasil.


Muritiba- Ba, Janeiro de 2012


Cláudio Márcio