domingo, 7 de novembro de 2021

AFIRMAÇÃO DE FÉ


Por: Cláudio Márcio R. da Silva[1]

 

Creio na Graça de Jesus de Nazaré que me acolhe como sou

Creio no colo amoroso de Deus onde posso descansar e ser cuidado

 Creio que não estou sozinho em meio as muitas adversidades do caminho

 Creio numa voz que me chama para promover justiça, paz e misericórdia

 Creio que estou de pé em função que sou sustentado por esse Mistério

 Creio que minha entrega de fé e compromisso é fruto de uma gratidão profunda que me faz sorrir e cantar

 Creio na espiritualidade diaconal e no sopro do Espírito Santo reorganizador de sonhos e utopias

 Amém!

 




[1] Reverendo da IPU de Muritiba (cidade serrana do Recôncavo baiano).


sábado, 23 de outubro de 2021

TÁ VENDO QUE É SÓ O SOL CHEGAR...

 

Por: Paulo Roberto[1]

Sempre gostei da ideia de escrever acerca dos finais de tarde, da sensação de encanto e afeto que me traz a retirada do sol de nosso horizonte... Não sei de dizer ao certo, mas, o que me obstruía de tal intento, quiçá, fosse o fato das minhas lembranças mais remotas acerca dos finais de tarde me trazerem uma significativa carga  de dores e tristezas, em meio as ausências geradas por uma infância pobre. Contudo, mesmo em meio aquele chão sem piso, aquelas paredes que, ainda que pintadas, não escondiam as durezas materiais da pobreza, daquele telhado revestido de telhas velhas, daqueles quartos, tal qual o quarto de despejo de Carolina de Jesus, mesmo em meio a tudo isso, consigo, agora, acessar algo tão bonito, tão palpavelmente sereno e lindo.

domingo, 17 de outubro de 2021

ESPIRITUALIDADE E DIACONIA

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1] 

“...quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo” (Marcos 10:43).        

A narrativa bíblica do evangelho de Marcos 10.35-45 nos convida a prática do serviço, ou seja, nos aponta que aqueles e aquelas que querem ser discípulos (as) de Jesus (o camarada) de Nazaré, precisa estar pronto(a) para servi-lo.

            Ora, em um paradigma societário em busca de visualizações, likes, prestígios e poder, a proposta do Cristo assinala para a capacidade do serviço e cuidado com quem precisa de apoio e encantamento existencial. Os discípulos não souberam pedir e ficaram insatisfeitos com o batismo e o pão eucarístico.

            O que temos pedido a Deus? Como tem sido nosso relacionamento com o Deus da vida? Estamos insatisfeitos(as) com o que efetivamente? É preciso que toda nebulosidade de nossa percepção seja desfeita pelo poder da luz que vem do Senhor. Ele é luz que ilumina nossos caminhos. Experimentar a graça de Jesus Cristo é também se comprometer com o projeto do Reino de Deus de Justiça e paz, isto é, é urgente “abrir a porta e a janela e ver o sol nascer”.

            É importante salientar que a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), instituição de 48 anos que atua em defesa dos Direitos Humanos assumiu com muita responsabilidade essa característica da espiritualidade diaconal. Você conhece a CESE?

            São muitos projetos apoiados em todo território nacional com maior destaque no Nordeste e na Bahia. A CESE percebeu que “o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc 10.45).

Sem dúvida alguma é possível afirmar que o mutirão que compõe a CESE tem produzido ações coletivas de vida e afastado o “esquadrão da morte”. Meu desejo é que você possa compreender que a relação entre Igreja e Sociedade pode ser melhor quando exercemos uma fé madura e comprometida com a dignidade humana, assim sendo, ore bastante, mas, não “jogue nos braços de Deus” o que é responsabilidade sua. 



https://www.cese.org.br/



[1] Reverendo da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil em Muritiba (cidade serrana do território de identidade do Recôncavo da Bahia).

domingo, 10 de outubro de 2021

Quem pode ser salvo?

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1] 

A compreensão teológica que temos enquanto “Igreja Reformada Sempre se Reformando”, é que Deus veio ao nosso encontro em uma manifestação cheia de amorosidade para nos salvar, ou seja, Ele nos escolheu e nos separou porque nos amou primeiro.

A graça de Jesus (o camarada) de Nazaré é uma realidade irresistível para aqueles e aquelas que através da fé mergulham no rio misterioso de Deus para se refrescar, sorrir, brincar e celebrar. O convite de Deus está posto e quem tem ouvidos, ouça!

Há quem pense que para mergulhar no rio é necessário cumprir regras, participar de rituais e recitar os dogmas sem cometer equívocos. Pensam que o acesso ao rio é por mérito próprio e, se vacilarem “um minutinho”, serão banidos(as) do banho seguinte.

Bem, suspeito que uma boa questão é: ao ser convidado para banhar-me no rio, tive uma experiência encantadora e cheia de potência de vida, assim sendo, não quero sair deste espaço de pleno prazer e alegria. Minha vontade é convidar aqueles e aquelas que encontro no caminho para se refrescarem também.

            Não fomos convidados ao banho no rio por sermos melhores do que ninguém. Aceitamos o convite e agora é nadar-festejar. Mesmo assim, há quem queira criar pedágios para novas pessoas acessarem o espaço e ou dizem que naquele lugar específico a água é mais cristalina e pura. É preciso desconfiar desses discursos.

            O rio é de Deus e não pode ser represado. O rio é movimento e nos banhamos a partir de uma perspectiva apenas, mas, quem pode medir sua imensidão e conhecer todos os seus mistérios? Acredite, a salvação do Senhor transforma nosso deserto em manancial.

 


 



[1] Reverendo da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil em Muritiba (cidade serrana do recôncavo baiano).

domingo, 3 de outubro de 2021

UM ABRAÇO TAMBÉM SALVA...

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1]     

 

“E, tomando-os nos seus braços, e impondo-lhes as mãos, os abençoou” (Mc 10.16).

 

            Muitos (foram) são os desafios impostos a nós como brasileiros pela COVID-19, um deles está no campo do toque no outro(a) e da afetividade. Sim, que falta faz um abraço. Essa dimensão é tão forte em nosso cotidiano que foi (é) muito estranho reencontrar alguém que amamos e queremos bem sem puder beijar seu rosto, tocar em seu braço ou ombro enquanto se conversa e, não menos, oferecer-receber um abraço na chegada e na partida.

            O Evangelho de hoje propõe uma imagem muito bonita, isto é, Jesus de Nazaré acolhendo e abençoando uma criança. Na realidade, suspeito que a capacidade de acolher por si só já é uma bênção. Se naquele contexto bíblico as crianças eram marginalizadas e impedidas de se aproximarem do Reino de Deus por regras e tradições políticas-religiosas, é preciso problematizar: quais grupos sociais hoje são impedidos de acolhimento e afetividade?

            Será que Jesus de Nazaré realmente estaria excluindo e negando abraço a quem só precisava ser amado(a)? Honestamente meu irmão e minha irmã, acredito que não. É preciso fé, coragem, responsabilidade, compaixão e capacidade de lermos a bíblia sempre em defesa de toda vida ameaçada.

            Que nossa espiritualidade seja diaconal e cheia de afetividade. Que o símbolo de Jesus de Nazaré (um Deus encarnado capaz de oferecer dengo aos seus filhos e filhas), seja tão forte como a perspectiva de Senhor e Salvador, pois, um abraço também salva.

 



[1] Reverendo da Igreja Presbiteriana Unida de Muritiba (cidade serrana do Recôncavo baiano).



domingo, 26 de setembro de 2021

Tempo de Esperançar!

 

Por: Cláudio Márcio R. da Silva

 

Após um bom tempo com a Igreja de portas fechadas devido a essa terrível pandemia da COVID-19 que já ceifou aproximadamente 600 mil vidas em solo brasileiro, aqui estamos reunidos(as) para agradecer o dom da vida e lamentar por todos(as) que fizeram essa travessia (de modo antecipado em muitos casos).

É um tempo difícil e bastante confuso esse. Como sugere Belchior em uma de suas canções “tenho sangrado demais – tenho chorado pra cachorro”. Andar com fé e coragem é o desafio constante em busca de feijão no prato e vacina no braço. Em meio ao choro que insiste em acontecer cotidianamente, sabemos em quem temos crido, ou seja, não estamos sozinhos(as). Jesus de Nazaré nos acolhe como crianças que recebe dengo, beijo na testa e carinho.

  De modo virtual estávamos tentando amenizar a saudade e buscamos fortalecimento permanente através de orações, telefonemas e uso de muita tecnologia.

Retornamos com calma e muito cuidado. É preciso responsabilidade neste (re)começo. Uma coisa é certa: até aqui nos ajudou o Senhor! E nos ajudou com qual objetivo? Ora, não tenha dúvidas, é para a espiritualidade diaconal. É para participarmos do mutirão da defesa da vida que é ameaçada em cada esquina da cidade.

Irmãos e irmãs, que alegria (re)encontrar vocês aqui. Que sejamos sensíveis a voz do Espírito Santo que nos leva para humanização, para o respeito ao próximo e para compreendermos que servir a Jesus de Nazaré é muito mais do que frequentar o templo. Seja aonde e como for, seja uma bênção servindo alguém.

 






sexta-feira, 23 de julho de 2021

OUÇO DEUS ME CHAMAR...

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1]

 

Ao som dos pássaros, ouço Deus me chamar

Quando a chuva rega a Terra, ouço Deus me chamar

Quando uma criança brinca e ri, ouço Deus me chamar

Quando a leitura de um livro me humaniza, ouço Deus me chamar

 

Quando vejo o faminto e oprimido, ouço Deus me chamar?

Quando vejo o racismo estrutural sangrando corpos negros, ouço Deus me chamar?

Quando vejo mulheres sendo subjugadas, maltratadas e vítimas de feminicídio, ouço Deus me chamar?

Quando vejo a população LGBTQIA+ sendo espancada, humilhada e morta por sua sexualidade, ouço Deus me chamar?

 

Quando fecho os olhos em oração, ouço Deus me chamar

Quando leio o texto sagrado, ouço Deus me chamar

Quando canto com fé, ouço Deus me chamar

Quando vou ao espaço sagrado, ouço Deus me chamar

 

Quando indígenas e quilombolas lutam pela garantia da Terra, ouço Deus me chamar?

Quando um terreiro é incendiado por ódio e racismo religioso, ouço Deus me chamar?

Quando falta vacina no braço e comida no prato, ouço Deus me chamar?

Quando uma política de morte é legitimada por um lobo no poder, ouço Deus me chamar?




[1] Reverendo da Igreja Presbiteriana Unida em Muritiba (cidade serrana do Recôncavo da Bahia).

sexta-feira, 25 de junho de 2021

ROMPENDO A SURDEZ...

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1]


Deus que sara feridos(as) e anima cansados(as)

Deus que faz companhia a quem vive em solidão

Deus que brinca com a criança na praça da cidade fazendo ela rir no balanço

Deus que é como sombra de uma grande jaqueira onde é feito um piquenique.

 

Deus que me visita através do beija-flor

Deus que na flor traz beleza e perfume

Deus que junto ao sol traz recomeço

Deus que arrasta o pé ao som da zabumba, do triângulo e da sanfona.

 

Deus que tem percebido nossa tristeza, choro e dor

Deus que chora com mais de 500 mil famílias em solo brasileiro

Deus que se revela nas vacinas e no SUS

Deus que faz milagre com mãos de cientistas.

 

Deus que coloca as mãos através das luvas de profissionais da limpeza e da saúde

Deus que carrega o caixão junto ao coveiro e também acolhe a criança que chora ao nascer numa maternidade

Deus que desafia a Igreja a cuidar dos órfãos da COVID-19

Deus que convida a juntar na prece um punhado de farinha em espiritualidade solidária.

 

Deus que convida os religiosos a abandonarem discursos e práticas de ódio

Deus que chama a humanidade para derrubar muros e seguir no mutirão da construção de pontes

Deus que convida pessoas de dentro e fora das igrejas para o compromisso com a garantia dos Direitos Humanos

Deus que mais uma vez nos diz: é tempo de esperançar!

 

Deus que traz consolo a quem chora e reorganiza os passos

Deus que abre portas através da compaixão empática de homens e mulheres

Deus que no partir do pão nos ensina a compartilhar e não competir

Deus que rompe nossa surdez e diz: estou contigo!

 




[1] Reverendo da Igreja Presbiteriana Unida em Muritiba (cidade serrana do Recôncavo baiano).

terça-feira, 18 de maio de 2021

ITINERÁRIO DA ESPIRITUALIDADE

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1]

Mistério que nos acolhe com braços amorosos e em tua presença  recebemos poder para testemunhar o Evangelho da libertação e servir ao próximo com compaixão.  Em cada rosto da estrada um pouco de ti. Em cada canto de pássaro tua voz se faz ouvir. Quando contemplo a irmã borboleta e o irmão beija-flor não paro de sorrir.

Teu sou eu, Senhor, me consagro a ti. Intercedo por este mundo teu e carente de ti.  Dias difíceis temos vivido, por favor, enxuga nossas lágrimas, segura nossa mão e recria os nossos passos. Queremos caminhar em direção a ti e contigo todos os dias. És como uma grande Jaqueira na cidade serrana do Recôncavo baiano, quero ficar em tua sombra e descansar em ti.

Deus na vida, almejo o dia em que as crianças voltem a brincar nas praças da cidade. Deus da vida, almejo o dia em que as mesas estejam repletas de pão. Deus da vida, almejo o dia em que o pandeiro nos convoque para celebração. Deus da vida, almejo o dia em que não encontre mas um corpo negro sangrando no chão.

 Deus da vida, almejo o dia em que os territórios indígenas e quilombolas não sejam usurpados por mineradoras e pelo agronegócio. Deus da vida, almejamos o dia em que não veremos mulheres violentadas, estupradas e vítimas do feminicídio. Deus da vida, que nenhum gay seja espancado e morto por viver sua sexualidade. Deus da vida, precisamos de uma fé comprometida com a defesa da vida e dos direitos humanos.

Ensina-nos, ó Deus, como igreja e sociedade a viver uma espiritualidade diaconal. Amar e não julgar. A acolher e não silenciar. Ensina-nos, ó Deus, a cuidar e proteger. Que nossa voz seja som de justiça e esperança. Que nossos olhos brilhem ao sermos surpreendidos por tua graça. Que a fé nos aponte ao recomeço coletivo de uma nova humanização.

Escuta Senhor a nossa prece neste dia, pois, fazemos em nome do teu filho, Jesus Cristo, amém.



[1] Rev. da IPU de Muritiba (cidade serrana do Recôncavo baiano).


quarta-feira, 5 de maio de 2021

Temos vivido dias difíceis...

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1] 

Deus de toda a graça e de toda bondade, te agradeço por esse dia e por tua misericórdia que se renovou sobre minha jornada. Temos vivido dias difíceis e assustadores, assim, clamamos a tua compaixão. Renova a nossa fé e nos faz esperançar, pois, sabemos em quem temos crido. Tu és o nosso refúgio e a nossa fortaleza!  Tu és o nosso libertador!  Tu és o filho de Deus que nos abraçou e nos amou primeiro.

            Quero te servir e te amar para testemunhar o evangelho do cuidado e da afetividade. Me oferece sensibilidade e capacidade de compreender os teus sinais, de modo que, meu corpo e minha cabeça possam descansar em ti. Não sei do dia de amanhã o que pode acontecer, mas sei que sempre estarás comigo. Habita em mim, uma vez que, quero me esconder em ti.

            Sei que tua luz brilhou em minha escuridão e hoje eu canto muito mais. Sei que quando ando em meio à tribulação tu me refazes a vida. Sei que agindo o Senhor ninguém pode impedir. Sei também que posso todas as coisas naquele que me fortalece e que em Cristo Jesus sou mais que vencedor. Quando eu te busco em primeiro lugar as outras coisas me serão acrescentadas, todavia, onde está o Senhor?

Vejo teu rosto na flor, no canto do pássaro, no rosto do humano em total diversidade. Nesta pandemia vejo teu rosto através dos profissionais da saúde, da limpeza, da segurança, da educação. Deus da vida, imploramos piedade pela dor das famílias enlutadas no território brasileiro. Escuta senhor o nosso clamor, pois, fazemos em nome do teu filho Jesus Cristo, amém !

             




[1] Reverendo da IPU em Muritiba (cidade serrana do Recôncavo baiano).

sexta-feira, 9 de abril de 2021

NÃO DÁ PARA JUNTAR COM ESSA SOPA UMA ORAÇÃO NÃO?

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1]

A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...

(Comida – Titãs)

Jesus respondeu: Está escrito:

 Nem só de pão viverá o homem,

mas de toda palavra que

 procede da boca de Deus

(Mt 4.4) 

No filme o Auto da Compadecida há uma cena extremamente desafiadora para superação da dicotomia corpo e alma, uma vez que, o personagem Severino (um cangaceiro) disfarçado de mendigo pede uma esmola na porta da igreja e a liderança religiosa prontamente promete rezar por ele instigando assim o rápido questionamento de Severino: “não dá para juntar com essa reza um punhado de farinha não?”.  É a partir deste lugar que escrevo essa breve reflexão.

domingo, 28 de março de 2021

BENDITO O QUE VEM

 

                   Daniel do Amaral[1]

 

Chegando perto de Jerusalém

Jesus e seus amigos foram procurar

Um animal de boa montaria

Um jumento, burro ou jegue para lhe acompanhar

Os seus discípulos foram então pedir

A um cabra na cidade para emprestar

Um jumentinho, filho de jumenta

Que ninguém tinha montado, pra Jesus andar

Então forraram suas roupas no bichinho

E com Jesus foram seguindo no caminho

E o povo alegre juntou folhas de palmeira

Pra forrar o chão da estrada

E começaram a cantar:

 

Bendito o que vem

Bendito o que vem

Em nome do Senhor

Bendito o que vem

Bendito o nosso rei

Nosso salvador

(BIS)

 

E já entrando em Jerusalém

O povo perguntou: quem é esse rapaz?

Ele é Jesus de Nazaré da Galiléia

Nosso rei, nosso profeta, príncipe da paz

Um fariseu ouviu e não gostou

E quis mandar o povo todo se calar

Mas em resposta Jesus disse para o homem

Se essa gente se calar as pedras vão clamar

 

E foi assim que se cumpriu a profecia

De Zacarias na palavra do Senhor

“Muita alegria, filha de Jerusalém

Vem montado num jumento

O rei justo e salvador”

 




[1] Reverendo da Igreja Presbiteriana Unida em Brasília.

sábado, 20 de março de 2021

OFERTÓRIO...

 

Por: Jussiana Silva dos Santos[1]


Confesso Senhor que nesse ofertório

Queria depositar a desilusão

O choro estampado em cada canto do mundo

Que há um ano é notícia na minha televisão

 

Confesso que no altar deixaria

A angústia que invade o meu coração

Ao ver os órfãos da Covid gemerem baixinho

Sem terem um abraço, um aperto de mão

 

Sim meu Deus, queria entregar-Te

A dor do viúvo, da viúva e do netinho

A ausência que machuca, a saudade que corrói

Quando já não se pode dar e receber aquele carinho

 

Mas Deus como ofertar desesperança

Para quem sempre me deu luz?

Como entregar morte

Para quem me ofereceu a vida em Jesus?

 

Por isso Senhor, hoje quero ofertar

A última gota de força que resolvi guardar

O sorriso escondido atrás das máscaras

E a capacidade que tenho de esperançar...

 

Recebe então paizinho querido

O que oferto com amor

Transforma essa gota em um oceano

E a esperança em uma linda flor!



SUZART "Eu sou flor e lágrima"

[1] Presbítera na IPU de Muritiba (cidade serrara do recôncavo baiano).

domingo, 14 de março de 2021

“Por isso, orai ao Senhor da seara e pedi que Ele mande mais trabalhadores para a sua colheita” (Mt 9.38)

 

            Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1]

O convite de Jesus de Nazaré para segui-lo é algo extraordinário e ao mesmo tempo “assustador”. Extraordinário pelo fato de compreendermos que Ele nos amou primeiro e veio ao nosso encontro para nos salvar e oferecer uma nova perspectiva de existência! Ele é bom pastor, é libertador, é luz que brilhou em nossa escuridão, é pão que alimenta nossa fome. É mistério que nos aproximamos com fé, devoção e obediência.

            Por obediência, devemos refletir sobre a dimensão do “assustador” que envolve essa relação com Deus, pois, nos perguntamos constantemente:  o que Ele quer de nós? Como e quando devemos agir? Quais são nossas limitações e potencialidades? O que estou fazendo se sou cristão? O que significa ser líder reformado ecumênico no século XXI? Essas são questões para serem pensadas com calma, ou seja, não cabe uma resposta apressada. São questões individuais e coletivas. São questões que precisam de respostas corajosas e comprometidas.

Ao observarmos esse contexto histórico pandêmico e o caos político que estamos imersos nós choramos! Sim, “temos sangrado demais – temos chorado pra cachorro”. Lamentamos profundamente tantas vidas ceifadas e um (des)governo a favor do “esquadrão da morte”.  Para lembrar de Edson Gomes (cantor de reggae do recôncavo baiano) podemos dizer: “a lua não é mais dos namorados. Os velhos já não curtem mais as praças” e ainda: “o campo de batalha cheira a morte – no campo de batalha a morte é mais forte”.

De fato, não conseguimos respirar! Como esperançar diante deste caos? Nossa subjetividade anda encontra-se moída e não conseguimos sorrir com força e beleza! Parece que pintaram tudo de cinza e toda gentileza foi vencida por ódio e derramamento de sangue. O nosso silêncio tem sido barulhento e as muitas dúvidas deixam nossos passos inseguros na jornada. Todavia, precisamos lembrar que somos homens e mulheres de fé. Fé madura que não possui todas as respostas. Fé madura que luta e sabe que somos vulneráveis.

            Ora, como pessoas de fé aprendemos com o apóstolo Paulo que devemos desenvolver ‘fé, esperança e amor”. Com o missionário e teólogo Richard Shaull fomos instruídos a “orar, estudar e agir”. O Presbitério do Salvador tem vivido um tempo novo com muitos desafios. Honestamente defendo no que tange aos novos campos missionários que devemos “orar, cuidar e contribuir”. Evidentemente que essas tríades não são receitas prontas ou caminhos que se excluem. Na realidade são como tipologias diante de nós que são adaptadas e avaliadas constantemente como a complexidade da vida.

            É com imensa alegria que o Presbitério do Salvador recebeu nos últimos anos os reverendos Alexandre e Cássio. Agradecemos a Deus pela vida da reverenda Makiko (louvado seja Deus). O casal Gartrell encerrou seu ciclo no Brasil. Também acompanhamos de perto a trajetória do nosso reverendo Amorim Jr. Quanta alegria em nossos corações. A pastora Gabriela chegando processualmente e Deus continuará orientando os próximos passos.

            Com efeito, hoje é dia celebrar a chegada do reverendo Vítor Souza. Os dias são difíceis (não duvidamos), porém, Deus é um manancial no deserto. Deus nos convida: sê tu uma bênção! O reverendo Vítor tem sido uma bênção em nosso PSVD. Muito obrigado, Senhor pela vida do teu servo.

             Desta maneira, seguimos agradecidos (as) e não abrimos mão da teimosia do Evangelho da libertação, uma vez que, “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (João 3:16,17). Sabemos também que “somos salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8,9.

            Meus irmãos e minhas irmãs, o CC-PSVD tem percebido o sopro subversivo do Espírito nos dizendo: “e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” (Mateus 28:20). E ainda: “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça” (Isaías 41:10).

            Nossa fé tem nos revelado a face cheia de amorosidade de Deus. Deus nos convida a semear, porém, uma semente parada no bolso ou num celeiro não dará garantia de boa colheita. Neste tempo difícil experimentado por nós eu quero lembrar a vocês que “os que semeiam em lágrimas segarão com alegria. Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos” (Sl 126. 5-6). De fato, não podemos esquecer que “uma planta, o outro rega; mas Deus deu o crescimento” (1 Coríntios 3:6)

            Pastor Vitor, lembre-se que “todo jardim começa com um sonho de amor. Antes que qualquer árvore seja plantada ou qualquer lago seja construído, é preciso que as árvores e os lagos tenham nascido dentro da alma. Quem não tem jardins por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles... “(Rubem Alves)

            Irmãos e irmãs, Deus ouviu o nosso clamor e tem enviado pastores e pastoras ao nosso PSVD. Que sejamos todos(as) agradecidos(as) e comprometido(as) com o testemunho da Justiça e da paz! Cristo é nossa paz e nos fez unidade na diversidade. Avante, IPU! Bem-vindo reverendo Vítor!


CEBI



[1] Reverendo da IPU de Muritiba (cidade serrana do recôncavo baiano). Prédica feita em 14-03-2021 pelo Goolgle Meet  no culto de acolhida do Rev. Vítor Sousa no Presbitério do Salvador.