sábado, 25 de março de 2023

ABRIGO SEGURO...

 “Eu mesmo o acompanharei e lhe darei descanso” (Êxodo 33.14) 

                                               Por: Cláudio Rebouças 


 Ó Deus, que invocamos todas as manhãs e agradecemos todas as noites. És nosso abrigo seguro e em Ti confiaremos. Seguiremos firmes em suas promessas e disponíveis para o teu serviço que sugere uma espiritualidade diaconal e libertadora. 

Ó Deus, sabemos que até aqui tens nos ajudado. Em meio as lágrimas, recomeços e teimosia da fé, estamos aqui experimentando sua Graça e afirmando nossa esperança no projeto de Jesus de Nazaré que acolhe ao ferido e oferece abrigo seguro ao desolado. 

Ó Deus, temos enfrentado desafios sem fim e precisamos de Ti. Sem sua presença não podemos existir e a vida torna-se incompleta. Neste dia abrimos a porta e a janela para ver o sol nascer. Neste dia veremos borboletas como sinal da transformação que fará em nós. Vamos voar nas asas da fé pela imensidão. 

Ó Deus, renovamos o compromisso com o Evangelho e vamos caminhar com fé e coragem. Nos momentos complicados, lembraremos que podemos descansar em Ti como alguém “jogado numa rede preguiçosa”. Lembraremos que Seu riso nos alegrará como as matriarcas do recôncavo baiano a sambar. A vida é(também) festa do esperançar! 

Ó Deus, seguiremos irmanados acompanhados por Ti na missão. Cuidaremos das pessoas com carinho e respeito para que sempre se lembrem de ti. Essa é nossa missão em mutirão trazendo um pouco do teu abraço através das nossas mãos. Nossa voz será um pouco da Tua quando denunciarmos toda injustiça e anunciarmos o dia da redenção. 





quarta-feira, 22 de março de 2023

Uma espiritualidade para além do templo...


Em Março, mês em que nos voltamos de uma maneira mais enfática para celebrar as nossas conquistas como mulheres, mas também para lembrarmos que a luta continua, porque a misoginia ainda é muito presente na sociedade, junto com o machismo, herança de uma cultura extremamente patriarcal.
 Fui convidada junto com a diaconisa Clara, para participarmos de uma roda de conversa em uma comunidade. Como seriamos palestrantes, me preparei estudando sobre Noemi e Rute, mas fui sem imaginar como seria o evento. Ao chegar lá meus olhos se encheram, minha alma foi aquecida e fui envolvida por uma mística que há muito não sentia, era um assentamento do Movimento Sem Terra, a brigada Dorothy, que logo me fez lembrar da missionária assassinada em Anapu, no estado do Pará, na bacia Amazônica em 12-02-2005 - lembrando que a irmã Dorothy como era conhecida lutava por uma reforma agrária justa, mantendo firme sua luta por soluções de conflitos relacionados à posse e à terra.
Nesse contexto de mulheres muito sábias, e simples, percebi mais uma vez a minha vocação e pude compreender como o nosso modelo de espiritualidade e missão precisa de um olhar mais sensível porque fomos acostumadas a nos manter nos nossos templos “sagrados”, muitas vezes desconhecendo a realidade de tantas mulheres e homens que lutam por seus direitos, precisamos compreender que a Ruah Divina tem nos desafiado, tentando abrir os nossos olhos para realmente priorizarmos o seu reino e entendermos que a Divindade está agindo na vida, no cotidiano das pessoas que tanto lutam para que essa terra seja realmente de todas as pessoas, para que verdadeiramente o ser humano tenha o direito de ter como viver com dignidade, porque esse é o desejo de Deus.
Penso que é muito importante nossos momentos no templo, lá nos fortalecemos e aprendemos sobre nossa missão, mas precisamos aplicar nossa espiritualidade entre as pessoas, precisamos ouvir suas histórias e nos identificar com suas dores e lutas, tendo em nós o mesmo sentimento que Jesus teve, compaixão, misericórdia e piedade e assim assumirmos o compromisso social, o compromisso cristão de sairmos um pouco das nossas acomodações e encontramos a presença tão rica, fortalecedora e real de Deus na vida de outras pessoas.
Tenho tentando buscar caminhar nessa dimensão de espiritualidade, para além do meu espaço, para além do meu templo, uma caminhada de fé que me desafia, mas também me faz perceber que existe uma ação divina na terra, no chão, nas pessoas que vivem tão diferentes de mim, sobretudo ouvir a voz de Deus me chamando para ir, para fazer, para abraçar, para lutar, como tantas mulheres e homens na bíblia foram desafiados e descobriram no caminho que a Ruah sopra e que Jesus sustenta.


Gabriela Santos (Bacharel em Teologia, Licenciada em Filosofia e Pastora da Congregação da Igreja Presbiteriana Unida em Tapiramutá-BA).