domingo, 3 de outubro de 2021

UM ABRAÇO TAMBÉM SALVA...

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1]     

 

“E, tomando-os nos seus braços, e impondo-lhes as mãos, os abençoou” (Mc 10.16).

 

            Muitos (foram) são os desafios impostos a nós como brasileiros pela COVID-19, um deles está no campo do toque no outro(a) e da afetividade. Sim, que falta faz um abraço. Essa dimensão é tão forte em nosso cotidiano que foi (é) muito estranho reencontrar alguém que amamos e queremos bem sem puder beijar seu rosto, tocar em seu braço ou ombro enquanto se conversa e, não menos, oferecer-receber um abraço na chegada e na partida.

            O Evangelho de hoje propõe uma imagem muito bonita, isto é, Jesus de Nazaré acolhendo e abençoando uma criança. Na realidade, suspeito que a capacidade de acolher por si só já é uma bênção. Se naquele contexto bíblico as crianças eram marginalizadas e impedidas de se aproximarem do Reino de Deus por regras e tradições políticas-religiosas, é preciso problematizar: quais grupos sociais hoje são impedidos de acolhimento e afetividade?

            Será que Jesus de Nazaré realmente estaria excluindo e negando abraço a quem só precisava ser amado(a)? Honestamente meu irmão e minha irmã, acredito que não. É preciso fé, coragem, responsabilidade, compaixão e capacidade de lermos a bíblia sempre em defesa de toda vida ameaçada.

            Que nossa espiritualidade seja diaconal e cheia de afetividade. Que o símbolo de Jesus de Nazaré (um Deus encarnado capaz de oferecer dengo aos seus filhos e filhas), seja tão forte como a perspectiva de Senhor e Salvador, pois, um abraço também salva.

 



[1] Reverendo da Igreja Presbiteriana Unida de Muritiba (cidade serrana do Recôncavo baiano).



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