quinta-feira, 25 de abril de 2013

Para mim, chega!


Aqui mais uma vez diante da tela-tecla me vejo no espelho das palavras que de maneira alguma são soltas e ou sem sentido. Através delas, desejo como aponta Rubem Alves que outr@s vejam com meus olhos. Seria eu um arrogante-etnocêntrico? É possível que sim! Porém, não é só isso!
Aqui, o desejo (talvez) de possibilitar aos outr@s do caminho, outro jeito de ver-pensar o mundo. Quem me garante que as pessoas queiram isso e ou que isso é necessário? Absolutamente ninguém! Entretanto, pensando com o sociólogo Norbert Elias, somos indivíduos-sociais. E, de algum modo, estabelecemos relações de interdependência que são ao mesmo tempo complementares-conflituosas. Daí, nessas redes invisíveis e elásticas que sofremos e exercemos poder, é que entendo-acredito que essas palavras que passam por um construto de reflexão possibilitará encontro-desencontro dos leitores-ouvintes.
Neste sentido, ainda me encontro no locus de crença que os espaços religiosos podem-precisam ser mais “leves” e cheios de vida. A questão não é fazer do espaço físico-geográfico encantado, mas, entender que os indivíduos que compõem esses espaços é que são encantados. Isto é, a vida em fé-festa celebrada e acolhida como sinal do sagrado em nosso meio.
Há um incômodo tão grande em perceber (sobretudo nós cristãos em sua maioria) como somos arrogantes e não sabemos e queremos estabelecer diálogo com outras possibilidades de espiritualidade. E, quando conseguimos fazer isso, quase sempre é com um intuito de evangelizar, de ensinar ao outro a espiritualidade “correta”.
Confesso isso me traz nojo! Sei que a religião é também o espaço de poder-disputa, mas, é só isso? Será que nós cristãos não temos nada a apreender com outros grupos? Por que incomoda-nos tanto o ponto de vista do outro, se queremos impor o nosso a todo tempo? Lembremos de Paulo Freire, vamos trocar saberes reciprocamente.
A experiência religiosa tem machucado tantas vidas. Muito peso nas costas que na maioria das vezes não tem nada a ver com a proposta de Jesus de Nazaré. Para mim, um problema sério é que os que possuem uma prática distinta, acolhedora e emancipadora de cunho religioso estão “quase” em silêncio. Enquanto isso, os que não nos representam, ocupa os meios de comunicação e falam em nosso nome. Até quando?
Sabemos o mundo cristão é plural, mas, são tod@s que sabem disso? Temos no processo histórico brasileiro homens e mulheres que se colocaram como militantes do reino de Deus e por isso lutaram pelo direito à vida de grupos oprimidos e, ultrapassaram os muros dos templos tornando-se símbolo de luta pela justiça e dignidade humana.
Meu desejo aqui é que as experiências que ocorrem em nosso chão através de uma prática religiosa emancipatória possa ser vista-ouvida em contrapartida a esses que não nos representam. Sei que muitas práticas de pluralidade e celebração da vida estão ocorrendo constantemente (não quero ser injusto), o que aponto é que precisamos nos fortalecer (também) como voz política-profética.
Aqui, o desejo profundo de que nossos templos olhem para cada esquina e ou praça da cidade e, que haja leveza, acolhimento e encorajamento para conquista de direitos que historicamente foram (são) negados aos nossos irmãos e irmãs estigmatizados por um discurso-prática impiedoso-imperialista e demonizador.
Para mim, chega! Por uma prática ecumênica dialogal-polifônica e emancipadora, já!
Há braços
Cláudio Márcio

Um comentário:

  1. Muito bom reverendo. Acredito que isto é ser profeta no mundo de hoje. Grande abraço meu amigo.

    Samuel P. Urban

    ResponderExcluir