quarta-feira, 5 de abril de 2017

Poesia de João Dias...

Por: João Dias de Araújo[1]

NORDESTE[2]
Ô seca miseranda, ó enchente agreste!
Avalancha de luz que inunda e cresta,
Dilúvio de clarões cobre a floresta
Desnudando a epiderme do Nordeste.
Ruge o deserto na amplidão molesta
Gretado pelo sol que em fúria investe.
E vem a seca, e vem a enchente mesta,
E vem a sombra e a funérea peste...
E vem o enxurro dos humanos trapos
Viajando e arrastando os seus farrapos
Nas ladeiras báratro servil...
Não escutais em meio à nevoaça
Os suspiros profundos da desgraça
Soluçando no peito do Brasil?





[1] Originalmente publicado na Revista Cruz de Malta, p.26-27 (set.\ out. 1962). Os editores da revista apresentaram o autor com as seguintes palavras aos leitores e às suas leitoras: “CATEDRÁTICO do Seminário Presbiteriano do Norte, em Recife, João Dias de Araújo representa uma das promessas da nova geração de ministros evangélicos brasileiros. Sua cultura bíblica é invejável, sua identificação com a realidade brasileira demonstra-se nestas páginas, que falam da crise nordestina. É com justo orgulho que o apresentamos à ‘nossa família’ de leitores”.

[2] Informações contidas no livro: RENDERS, Helmut. SOUZA, José Carlos Dias. CUNHA, Magali de Nascimento (Orgs) As Igrejas e as mudanças sociais: 50 anos da Conferência do Nordeste, São Paulo: ASTE, 2012.

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