segunda-feira, 2 de outubro de 2017

UM CLAMOR A TUPÃ



Por: Cláudio Márcio[1]
Ah, Tupã. Criador de toda natureza. Tua presença é percebida nos rios, nos animais, nas plantas e nas flores. Os indígenas não são a coroa da criação como anunciam os cristãos. São parte integral desta totalidade da Pachamama. Humano, natureza e cultura são um.
Ah, Tupã.  Pediram que os povos indígenas fechassem os olhos e lhes entregaram  um livro sagrado. Ledo engano, tomaram suas terras, suas riquezas. Se não fosse o suficiente, Tupã,  escravizaram nossos povos e trouxeram doenças exterminando milhares de filhos originários desta terra chamada Brasil. Quero aprender a cada dia como viver coletivamente, como amar a natureza e enfim, como resistir sem me corromper.
Sim, Tupã. Resistimos! Lembramos de tua força e recriamos a jornada. Nossos problemas não são contigo. Nosso problema é com a garantia dos direitos. Somos donos desta terra! Nos tratam de maneira “folclorizada”. Não valorizam nossos saberes. Querem nos objetificar. Ciência e religião são campos de poder que nos manipularam. Ora foram os missionários, ora os antropólogos…
Tupã, somos atores sociais. Queremos lutar “com nossas armas”, todavia, eles, são covardes. Tivemos que nos render a seu processo civilizatório como único e ou melhor possível!?  Nosso sangue se misturou com a terra, somos um.
Tupã, peço-te desculpa pelos meus erros de omissão na luta da terra no século XXI. Pelos meus ancestrais que feriram teu corpo. Eu falo do Cristo e pouco o conheço, todavia, sua prática revela que você é mais “cristão” que eu. Que a cada dia minha oração seja antropofágica para que eu possa alimentar meu espírito com a coragem dos teus filhos que deram a vida em favor de muitos.




[1]  Reverendo da IPU de Muritiba-BA.

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