“Estamos aqui, Senhor,
Cercando esta mesa comum.
Trazendo idéias diferentes,
Mas em Cristo somos um.”
(Campanha da Fraternidade)
Neste domingo (27/02/11), pela manhã, a nossa comunidade (IPU) em Muritiba, viveu uma experiência muito significativa. Pois, o discurso e a prática se encontraram gerando crescimento e ou amadurecimento de cada um de nós como participantes do Reino de Deus. Desta maneira, Rubem Alves (1979) sinaliza que “o Reino de Deus é o primeiro e mais fundamental dogma da fé cristã... Os profetas foram reformadores religiosos que exigiam ação social. Não discutiam sobre a santidade, de forma abstrata, mas social.”
Assim, a vocação profética nos faz entender que a igreja tem a obrigação, desenvolver pronunciamentos sobre as questões sociais, uma vez que o Reino de Deus propõe justiça e dignidade humana neste chão onde estamos inseridos. Pois, para Bonhoeffer, “o cristão é convocado a participar dos sofrimentos de Cristo”, isto é, “o cristão não tem o peso só dos seus problemas, mas também o da humanidade.”
Segundo Bourdieu (1974) “o poder sacerdotal se impõe dentro da comunidade religiosa”. Logo, este símbolo de partilha e diálogo entre religiosos à mesa da fraternidade, pode e deve ser desenvolvido como efetivação da paz e exercício contra toda intolerância religiosa.
Desta forma, eu e Paulo Roberto (amigo, irmão, cristão católico e estudante de Ciências Sociais da UFRB), falamos a partir da leitura das bem aventuranças e os desafios que o texto oferece à nossa caminhada. Logo, muitas inquietações surgiram e o desejo profundo de outro modelo de comunidade de Cristo que seja mais acolhedor e mais profético a favor da justiça, da vida e do bem comum.
Evidentemente que ao estudarmos sobre o Reino de Deus, sobre ser discípulo (sal e luz do mundo), sentimos a necessidade de assumirmos um compromisso muito maior com Jesus de Nazaré e sua mensagem de salvação-libertação ao humano contra todo domínio que oprime e marginaliza homens e mulheres no viver social.
Daí, a necessidade de dizermos SIM ao projeto de Jesus de Nazaré, e de entendermos que a espiritualidade passa obrigatoriamente pela dimensão da diaconia e, acima de tudo, da inquietação de nos lançarmos de uma forma mais radical como agentes de transformação social que traduzem a sua fé em práxis libertadora.
No entanto, acreditamos que este projeto se dá através do sopro do Espírito que motiva e acompanha o humano no mundo e o comprometimento (a garra, o esforço a cruz nossa de cada dia), somente assim é que outro paradigma de Igreja se torna possível. Nesse sentido, através da bíblia em diálogo com outras leituras e ou outras vivências, sentamos à mesa da fraternidade para semear esperança e reafirmar nosso compromisso com o Criador.
É importante ressaltar que para o sociólogo Dominico De Masi, “Entre duas pessoas existe a possibilidade de diálogo se suas idéias em parte coincidem e em parte não coincidem. Se discordarmos sobre tudo, não se pode discutir... Se, ao contrário, concordarmos sobre tudo, não vale a pena discutir.”
Na nossa reflexão parceiros como: Martin Luther King, D. Hélder, Frei Betto, Rev. João Dias, Rev. Jaime Wright, São Francisco De Assis, Che Guevara, Karl Marx, Gandhi e outros foram indispensáveis para o nosso diálogo na escola dominical. Deste modo, sei que estamos cumprindo o que Cristo nos ensinou em João 17.21 que nos diz: “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.”
Sendo assim, esta experiência da mesa da fraternidade encheu o nosso coração de alegria e de esperança para juntos lutarmos pela construção do Reino de Deus que efetivamente traz uma nova ordem onde a vida está em primeiro plano, onde a lua novamente é dos namorados, onde os velhos curtirão as praças...como diz o texto de Zacarias 8.5 “E as ruas da cidade se encherão de meninos e meninas, que nelas brincarão.”
Dessa forma, o desafio que temos como cristãos é de repartimos o pão, de estendermos a mão, de ouvir, de falar, de participar de forma mais efetiva deste projeto do Reino, onde homem e mulher tornam-se mais humanos pelo fato de serem melhores a cada manhã, de serem gratos pela existência e de serem inquietos e teimosos enquanto não viverem outra realidade, outro modo de ser no mundo, outro modelo de viver a fé.
Ou seja, chega de religiosidade que mata e oprime. Chega de acúmulo de riquezas, chega de espiritualidade vazia... É tempo de esperança, é tempo de resssignificação de valores e ou modos de ver e viver no mundo, é tempo de sentarmos à mesa da fraternidade e comermos do pão e bebermos do vinho e ou se preferir (como nordestinos), comermos tapioca e bebermos licor.
Fraternalmente, Rev. Cláudio Márcio
É isso aí, Cau! Fico feliz por suas intervenções na comunidade religiosa onde está inserido e mais ainda por perceber que suas reflexões estão saindo dos muros da IPU e contribuindo de forma significativa para um diálogo cada vez mais aberto e acessível a todos, independente da crença e da religião que abraçaram... Crescemos habituados ao tripé MUNDO-IGREJA-CÉU, mas aos poucos entedemos que devemos pensar MUNDO-IGREJA-REINO DE DEUS. Que cada um de nós possa ser sinal histórico desse reino aqui na terra!!! Saudade! Sua mana que te ama: TATI.
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