Hoje (03/07/11) faz exatamente uma semana em que a comunidade do CAHL (Centro de Artes, Humanidades e Letras) da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia) sente a perda significativa do Professor Dr. Marcelo Lacombe (um sociólogo brilhante que sem dúvida alguma marcou a vida de todos nós do corpo de CISO da UFRB). Nas palavras do Professor Dr. Diogo Valença: “um cientista social completo”.
Percebe-se em todos os cantos da UFRB como esta semana tem sido muito difícil para o nosso colegiado, professores e alunos de CISO... Em cada semblante a dor, a tristeza, a busca de alívio para tentar reestruturar o próprio ser diante da vida. Mas, o que é a vida? Gonzaguinha aponta em uma de suas canções: “E a vida! E a vida o que é? Diga lá, meu irmão. Ela é a batida de um coração? Ela é uma doce ilusão Hê! Hô!... E a vida! Ela é maravilha, ou é sofrimento? Ela é alegria ,ou lamento? O que é? O que é? Meu irmão... Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo. É uma gota, é um tempo que nem dá um segundo... Há quem fale que é um divino mistério profundo. É o sopro do criador numa atitude repleta de amor...
Penso que quando perdemos alguém de uma forma tão trágica como esta, inúmeras perguntas vêm em nossa cabeça: por que isso aconteceu? Qual o sentido da vida? Era o dia deles morrerem? Houve imprudência? A vida foi justa? A essas e outras perguntas, eu como cientista social (em formação) e Reverendo da IPU (Igreja Presbiteriana Unida) poderia arriscar algumas palavras... Mas, o que dizer diante deste evento? Penso ser mais honesto o silêncio e ou tentar dizer algo através de uma reflexão como esta que só hoje consigo fazer.
Assim sendo, sei que perdemos um grande referencial, outros um amigo, um colega, um filho, um irmão, um primo... Sobretudo perdemos uma vida! Qual é o preço de uma vida? Essa é a pergunta que me vem à cabeça. Por quê? Porque há um sistema político-econômico opressor que insiste em nos tratar como objetos, como número na economia global e às vezes nos pegamos correndo tanto de um lado para o outro e esquecemos quão precioso é o caminho e as pessoas que estão a nossa volta caminhando conosco.
Desta maneira, encerro minha reflexão com duas cenas que me vem à memória:
1 – Eu e Paulo Roberto conversando na porta da UFRB- CAHL, nos encontramos com um homem negro, cheio de dreads, muitas vezes encontra-se bêbado e ou lombrado... para muitos um louco (muitos estudantes e professores o conhecem ), e nos perguntou: Tá estudando? Estudem mais! Fato é que quando nós falamos para ele que Lacombe tinha falecido o cara parou, os olhos encheram de lágrimas e disse: “deixa de brincadeira, gordo... Lacombe morreu?”. Após um pequeno tempo ele saiu de perto da gente e disse: “vou fazer uma homenagem a ele!”.
2 – No dia seguinte, este mesmo homem faz uma coroa de flores e leva para a UFRB-CAHL e coloca na grade próxima à escada do setor administrativo e dizia: “Lacombe está mais aqui do que nunca!”
Diante disso, peço a Deus (Pai e Mãe) de toda criação que nos ajude nesse momento tão doloroso que estamos vivendo. Que haja força em nossos braços, mãos e pés para continuarmos na batalha nossa de cada dia. Que o nosso coração encontre paz, esperança, consolo. Que o sopro do Espírito refaça nossa existência, que os braços do Deus do amor nos envolvam com muito carinho e que muito em breve possamos voltar a sorrir. AMÉM!
Abraço sócio-teológico aos familiares de Lacombe e a comunidade da UFRB-CAHL /Rev. Cláudio Márcio
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