segunda-feira, 12 de setembro de 2011

PERCEPÇÕES DE UM REVERENDO...


Na EBD em Muritiba!


“As Sagradas Escrituras são o padrão de doutrina e ética. Reconhece-se, contudo, diante delas, o direito a diferentes posicionamentos exegéticos e teológicos os quais, sob a influência de condicionamentos históricos, culturais e sob a orientação do Espírito Santo, transformaram-se e se transformam de acordo com as necessidades dos homens e passaram a constituir verdadeiro patrimônio espiritual da Igreja.” (Princípio de Fé e Ordem da IPU)



No dia 03/09/11 em nossa EBD na IPU em Muritiba tivemos uma manhã muito desafiadora, onde nos deparamos com questões que nos deixam sem sono... Pois, entendemos que precisamos nos articular mais e melhor para que o Reino de Deus possa efetivamente proporcionar outras realidades em nosso viver social. Desta maneira, é que Jussiana e Mércia (estudantes da UFRB, do CAHL e do curso de Serviço Social), estabeleceram um diálogo entre a bíblia e a sociedade. Assim, o tema escolhido por essas irmãs foi: CARIDADE: Entre a alienação e a emancipação!


Ora, evidente que este tema traz provocações a comunidade cristã, uma vez que, no afã de fazer o bem, muita comunidade eclesiástica tem alienado homens e mulheres no seu cotidiano na perspectiva da acomodação, da inércia, da não emancipação desses sujeitos na história. Ou seja, é dever de cada cristão não só cobrar dos governantes e ou líderes a aplicação de seus direitos, mas também de fiscalização e ou militância em favor da justiça, da fraternidade, de relações mais igualitárias.


Desta maneira, é necessário perceber que: A) Ao conhecermos o Cristo que é verdade, os nossos olhos precisam se abrir para uma nova realidade. Isto é, um novo olhar do humano para ele mesmo, pois, este é capaz de criar e recriar sua história; B) Quantas vezes com a distribuição de cestas básicas, roupas, sopão... (se é emergencial tudo bem), mas se não, como comunidade eclesiástica, temos agido corretamente? C) O Cristo que multiplica os pães e peixes não é o mesmo que manda Pedro pescar (para que impostos fossem pagos)? D) Os eclesianos conhecem a Lei Maria da Penha? O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)? O Estatuto do Idoso? Conhecem como funciona o Programa Bolsa Família? Estamos ensinando essas leis e esses direitos na nossa comunidade?


Assim, acreditamos que a comunidade de Jesus de Nazaré espalhada neste chão deve testemunhar da graça do Filho de Deus e também lutar contra as dominações nas dimensões político-econômico-ideológicas que animalizam o humano e insistem em oferecer migalhas como favores e não efetivação de direitos que historicamente foram negados a homens e mulheres em cada esquina da invisibilidade social.


Contudo, o debate não encerrou em nossa EBD... Mas, fomos para casa dispostos e cientes que temos que debater muito mais este tema e que, sobretudo, em muitos momentos temos agido errado e achando que estávamos fazendo o bem...


***


Na UFRB e a GREVE!


CHEGA!


"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda."


(Paulo Freire)



Neste momento marcado por tantos embates político-ideológico que a nossa UFRB se encontra, nos deparamos com questões e interesses múltiplos no rosto, na fala, na escrita de cada um que participa de um jeito ou de outro deste processo de busca de garantia de direitos em que, sobretudo a categoria de estudantes leva a pior.


Desta maneira, venho manifestar minha indignação com o descaso com a educação pública de qualidade, em que professores, técnicos e, sobretudo estudantes que sonharam com a possibilidade de uma vida melhor, se depararam com a realidade e acordam em uma universidade que carece URGENTEMENTE de avanços mais significativos na busca de excelência acadêmica.


Ora, pensar que nada foi feito seria injustiça de minha parte. Contudo, há necessidades emergenciais mínimas que não são garantidas nem aos professores e aos técnicos, nem tampouco aos estudantes. Desta maneira, o que fazer quando o diálogo na mesa não é o suficiente?A resposta é: GREVE DO MOVIMENTO ESTUDANTIL! PARALISAR PARA MOBILIZAR! Essa é a nossa voz, o nosso grito, a nossa esperança! O desejo profundo de ver a educação sendo usada como instrumento de emancipação, e de transformação social. Porém, de um modo geral não é isso que salta aos nossos olhos!


Percebemos que como bem cantou Sine Calmon “esses homens não se cansam do poder” e a educação torna-se mercadoria na mão de mercenários que se preocupam mais com sua conta bancária do que com o outro! Contudo, quem é este outro? Ora, evidente que é o pobre, o negro, o índio, a mulher, o homossexual... Que por mais que políticas públicas sejam garantidas, ainda há um débito histórico desanimador.


Entretanto, o que cabe a nós estudantes da UFRB? Só reclamar? Achar que somente quem dorme nos centros aderiram à greve? Permanecer nesta desculpa de que a greve é o último passo? Você sabe quantas negociações já foram feitas? Você sabe que muitos pontos de pauta são os mesmos? E, o que isso significa? Que não há um compromisso com a educação pública! Que não estamos na agenda do Reitor! Que os nossos centros possuem demandas básicas para a permanência de cada estudante!


Assim, defendo e acredito que nós estudantes da UFRB buscamos uma educação de qualidade! Buscamos uma instituição que nos capacite para o mercado de trabalho! Buscamos um referencial que nos traga prestígio! Buscamos o que é direito nosso! Buscamos através de uma práxis, transformar o nosso chão!Chão bonito e sofrido...


Sim! Acreditamos que toda realidade que é socialmente construída pode ser transformada e ou ressignificada. Sim! Acreditamos que não só podemos como devemos modificar as estruturas de morte, é tempo de vida! Sim! Somos sujeitos históricos e um EVENTO pode trazer um paradigma mais igualitário e qualitativo para tod@s.


Logo, exponho minha indignação... Chega! A educação como qualquer outro elemento pode ser usado para libertar e ou escravizar! Como cada um de nós de tod@s instâncias da UFRB estamos usando?


Há braços


Cláudio Márcio (UFRB/CAHL/CISO)


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