quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

AMANHÃ AINDA É HOJE...


Por: Cláudio Márcio

“Eu tô te explicando pra te confundir. Eu tô te confundindo pra te esclarecer. Tô iluminando pra poder cegar. Tô ficando cego pra poder guiar” (Tom Zé).

Uma canção de reggae de Edson Gomes revela: “há dias na vida que a gente pensa em desistir”. Quais dias são esses?  Ora, pense comigo naqueles momentos difíceis de estudo em que os prazos insistem em nos mostrar que não será possível encerrar a tarefa. Quando se deseja trabalhar e não encontra possibilidades. Quando temos um familiar, um amigo doente em casa e ou no leito de um hospital. Quando o prato na mesa permanece vazio. Quando a cor da pele torna-se mais importante que o caráter, etc. O que fazer quando temos medo de dormir e do amanhecer?
Por vezes pensamos: essa realidade diante de mim poderá ser transformada? Essa questão aparentemente simples tem muitas possibilidades de respostas. No entanto, os nossos pés e mãos não devem desistir das utopias. Como encontrar forças para resistência? Há quem busque auxílio nos fenômenos religiosos; nas ciências; nos movimentos sociais; nas artes...
De fato, sou um homem da fé e da razão. Assumo lutas por justiça social e escrevo em busca de um EU que se perde-encontra nas esquinas da cidade. Confesso minha dificuldade cada vez maior em refletir o mundo à minha volta com uma lupa arranhada, insuficiente, limitada e criar discursos como se as mesmas fossem límpidas, completas e absolutas. Quais os limites e contradições de tais narrativas? A quem se quer enganar?  Como diz Friedrich Nietzsche: “aprendi a andar; desde então corro. Aprendi a voar; desde então não quero que me empurrem para mudar de lugar”.

Gosto do texto bíblico do profeta Ezequiel e sua metáfora do Vale de ossos secos, pois, diante do contexto de caos, de morte e tristeza, uma nova realidade pode surgir. A vida misteriosa brota com força. É nisso que creio, logo, sou semeador de esperanças. Acredito que a força da flor e seu perfume também são dimensões de leveza, encantamento e fantasia para nossa jornada. É possível não ter fantasias?
Art Suzart

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