segunda-feira, 12 de setembro de 2016

#SoucristãominhaIgrejaéaIPU

Por: Júnior Amorim[1]

Ontem a Igreja Presbiteriana Unida - IPU - fez 38 anos de existência! Grato a Deus por ter suscitado aqui no Brasil esta comunidade de fé, comunhão, resistência e solidariedade! 
A IPU nasceu no contexto da ditadura militar, quando lideranças e comunidades ainda da Igreja Presbiteriana do Brasil resistiram ao autoritarismo que se deu dentro e depois na sociedade brasileira como um todo! Foram muitas as dores deste parto! Muitos homens e mulheres foram expuls@s de suas comunidades de fé, perseguidos, exilados, alguns mortos pela brutalidade da ditadura militar, por vezes entregues por pessoas da Igreja oficial. Mas da resistência dest@s homens e mulheres, da fidelidade ao testemunho de Jesus Cristo, que foi às últimas consequências em sua coerência ao projeto do Reino e Sua Justiça, desta experiência nasceu a IPU! Da defesa de uma espiritualidade que vincula inseparavelmente a fé às lutas por justiça, por democracia, pela defesa da vida! Que se compromete em promover-viver a unidade entre os crist@s - alternativa à competitividade do mercado religioso! Que busca o diálogo interreligioso e uma cultura de paz - alternativa à intolerância religiosa! Que reconhece a participação da mulher em todos os ministérios! Que assume a responsabilidade de ser voz profética, denunciando as injustiças, as manipulações dentro e fora da Igreja, que se opõe frontalmente à mercantilização da fé, à teologia da prosperidade-ganância, ao fundamentalismo neoliberal com suas Igrejas-empresa, poder econômico-midiático, com sua bancada "evangélica"!
A IPU não dispõe de poder midiático-econômico, nem de membresia numerosa, também tem suas contradições, suas fraquezas, muitos desafios, mas que está aí, perseverando no caminho da integridade, do serviço, da busca de ser coerente com os passos de Jesus de Nazaré.
Rememoro o nome de algumas pessoas de fundamental importância nesta caminhada, como representantes de muitas vidas que se colocaram nas mãos de Deus para que pudéssemos celebrar esta data-história: João Dias de Araújo, Ithamar Dias de Araújo, Áureo Bispo dos Santos, Jaime Wright, Paulo Wright, dentre muit@s outr@s.
A IPU me faz pensar nesta flor de Drummond:Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.]Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto. Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu. Sua cor não se percebe. Suas pétalas não se abrem. Seu nome não está nos livros. É feia. Mas é realmente uma flor. Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde e lentamente passo a mão nessa forma insegura. Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se. Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico. É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio. (A flor e a náusea) Que o Espírito Santo de Deus avive em nós as forças destas memórias - como diria o hino - para que possamos perseverar neste caminho de fé-amor-esperança-compromisso com o Reino e sua Justiça!
E que possamos continuar regando-cuidando desta flor-IPU para que ela ajude a trazer beleza-perfume-vida onde quer que esteja! Vamos de mãos dadas!




[1]  Presbítero e seminarista da IPU de Itapagipe em Salvador.

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