Por: Augusto
Amorim Júnior[1]
Inquisição sem fogueiras, clássico do
saudoso Reverendo João Dias de Araújo, segue sendo um farol que nos ajuda a
enxergar nossa história. Por exemplo, a presença de um pastor presbiteriano no
Ministério da Justiça do atual governo, e, hoje, a escolha de um outro pastor
presbiteriano, também ligado ao Mackenzie, para o Ministério da Educação é algo
que pode ser melhor compreendido à luz deste livro.
Nele podemos entender as relações, desde
pelo menos a metade do século XX, do presbiterianismo conservador com os
poderes políticos autoritários e excludentes, vale lembrar que a Igreja Presbiteriana
do Brasil apoiou a ditadura militar e o Mackenzie está imbricado em todo este
processo. O ontem e o hoje estão entrelaçados.
Neste livro também encontramos as disputas
existentes neste processo, a existência de um grupo minoritário no presbiterianismo
que se opôs ao autoritarismo dentro e fora da Igreja, que foi perseguido ou
expulso, que enfrentou a "Inquisição sem fogueiras", na defesa de uma
fé cristã protestante e ecumênica que defende democracia e justiça social.
Deste grupo de resistência nasceu, por
exemplo, a Igreja Presbiteriana Unida, da qual faço parte, que está ligada a
outras denominações (como as que fazem parte do CONIC - Conselho Nacional de
Igrejas Cristãs), comunidades, organizações (como a CESE - Coordenadoria
Ecumênica de Serviço) e movimentos que hoje continuam na resistência à
necropolítica, buscando ser sinais de libertação e vida em nosso contexto ainda
tão marcado pela opressão e morte. Grupos e articulações, comunhões, que
insistem em seguir os passos de Jesus.
Grupos e articulações que teimosamente, na
fé, continuam a acreditar que "do asfalto podemos brotar" e que,
apesar de tanta desolação, é "hora de esperançar"!
Há edições mais recentes do livro. Esta
edição tem alguns outros significados importantes. Por exemplo, a capa com
ilustração da atual moderadora da IPU, a prezada Anita Wright Torres, uma arte
profética, que também remete, pelas conexões históricas, ao acesso igualitário
para homens e mulheres ao ministério ordenado e às instâncias de decisão na
igreja (sinal que também aponta para fora da Igreja), bem como à história da
família Wright, lembrando também de Paulo e Jaime Wright nas lutas por direitos
humanos, justiça, democracia e em favor do movimento ecumênico. Então, esta
edição foi escolhida também por conta destas referências significativas e
representativas de desafios que continuam bem vivos!
Pois bem, tenho o excelente livro. Em se pensando no saudoso Rev. João Dias de Araújo, há alguns lustros, lí um dos seus poemas e guardei uns versos que diz assim: "Oh tú liberdade da humana memória, que dorme nas fragas da humana memória, ou gemes nos braços da dor merencória, desperta se dormes ó deusa d'amor, e vem libertar esta terra funesta, que geme sozinha na etérea floresta , a olhar para os céus azulados de amor"! Um grande abraço. Presbítero Euzébio (eujozaine@outlook.com).
ResponderExcluirValeu, presbítero Euzébio!
ExcluirSigamos juntos🥰