sexta-feira, 14 de agosto de 2020

MEU QUILOMBO É O SENHOR...

 

Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva[1]


Na hora da colheita não se deve dormir

No Pão e no Vinho há fonte de vida

Acolho na memória toda beleza que me faz sonhar

O coração alegre faz o rosto sorrir

Consagro minha vida a Ti


Na humildade se revela toda riqueza divina

O caminho correto não despreza a justiça

Tenho pouco com retidão e não me alimento no banquete do ódio

Mesa farta de iniquidade cheia de risos da opressão

Até quando, Senhor?

 

Discernir no caminho as próprias amarguras

Sofremos, choramos, lamentamos

Tristeza não tem fim – 100 mil vidas ceifadas

Sepultura – destruição – silêncio pela dor

Até quando, Senhor?

 

Teus ouvidos são tapados pela vaidade mortal

Olhos com inveja é cegueira não é visão

Fétido pecado estrutural do racismo-machismo-colonial, não passarão!

Boca cheia de monólogos – achas que só teu canto é o mais belo?

Mãos violentas com armas, canetas e sacramentos 

           

Resisto como árvore com raízes profundas em Ti

Minhas folhas e frutos dão sombra e alimento ao cansado-faminto

Os pássaros que me habitam sabem que sou lugar seguro

Eu em voo, beija-flor

Eu que fui lagarta no chão, hoje, bato minhas asas no alto

 

Torre forte é o Senhor – quilombo da compaixão

Em meio a toda calamidade ouvirei os Teus conselhos

Os açoites da vil miséria ainda insultam os céus

Nada vale uma fé sem ação – alienação

Que estou fazendo se sou cristão?

 

Nestes tempos sombrios serei luz de esperança

Nestes tempos de doença serei remédio que sara

Nestes tempos de fome serei pão que alimenta

Nestes tempos de caos serei ordem que recria

Nestes tempos de choro serei rebelião da utopia

 

 SUZART

 



[1] Reverendo da Igreja Presbiteriana Unida de Muritiba (cidade serrana do Recôncavo da Bahia).

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