quinta-feira, 15 de novembro de 2018

ITINERÁRIO DA ESPIRITUALIDADE...


A igreja precisa parar de vez em quando para perguntar-se a si mesma: ‘onde estamos? ’, ‘para onde vamos? ’. As estruturas eclesiásticas não são sagradas. Podem mudar e de fato tem mudado ao longo da história. (Waldo César)

Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas. (2 Coríntios 5:17)

Por: Cláudio Márcio

Acho incrível como as pessoas querem te conhecer apenas no campo do transcendente. Não tiram os “olhos dos céus”. Pai-Mãe será que é por medo de estabelecer uma amizade? A relação com o mistério precisa ser apenas pautada pelo medo? O imaginário que se tem de Deus para essa turma é como alguém num balanço da praça triste e cabisbaixo, pois, não há o outro trazendo a alegria, o riso, o movimento e o vento no rosto. A profissão de fé deles e delas é: com Deus não se brinca!
Ó Deus, quanta dificuldade de perceberem Teu sorriso, Teu cochicho, Tua ternura. Recitam textos da Bíblia corretamente, uma vez que, sabem o capítulo e o versículo. Outros e outras ainda são capazes de realizar a leitura em hebraico e no grego, entretanto, lhes falta algo aparentemente simples, isto é, falta uma práxis coerente com os ensinamentos de Jesus de Nazaré, dito de outro modo: falta encarnar-se, viver a humanidade em sua inteireza para conhecer Deus, uma vez que a narrativa bíblica sinaliza: “não se enganem; não sejam apenas ouvintes dessa mensagem, mas a ponham em prática” (Tiago 1.22).
Suspeito que para experimentar Deus é preciso sensibilidade. É urgente lançar fora todo medo. É um exercício de fé onde se encontra consolo e orientação. Parar um pouco a “correria do dia a dia” e se perguntar: para onde caminho?  Como sugere Clarice Lispector: “mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade”.
Ó Deus, seguirei firme ao som da Tua voz que pouco tenho encontrado nos espaços eclesiásticos. Peço perdão por todas as vezes que não fui ao teu encontro na praça brincar no balanço, pois, estava comprometido demais com a “agenda da igreja”.
Vejo que para alguns e algumas que encontro no caminho a questão central é de desencantamento com a instituição igreja, daí, romper ou não com ela? Bem, mesmo compreendendo que há legitimidade na indagação, eu tenho seguido a sugestão do Jovelino Ramos: “a alternativa real não é abandonar a Igreja, mas ajudá-la a explorar novas fronteiras de vida”. Até porque o desencanto extrapola o campo religioso, não? Sigo pelas fronteiras com as dores e as alegrias que só experimentam os que não pararam de caminhar. Aprendi com Rubem Alves inspirado em Richard Shaull que “o problema do céu, Deus já o resolveu por nós; não há nada que tenhamos que fazer. Resolvido o problema do céu, estamos livres para cuidar da terra, que é o nosso destino...”.

(Prece feita em 07-11-18)





7 comentários:

  1. Muito legal. Nietsche também falou, indicando algo assemelhado, que só acreditaria em um deus que soubesse dançar - daí de onde tiro a ideia do título da minha própria tese. Fiz isso porque penso na importância que essa intimidade em duas mãos entre nós, sagrado e mundo possui uma força constitutiva das vida religiosas
    Mais interessantes que testemunhei sem meu trajeto de pesquisador e observador emegeral. Gente que reza e dança, que se integra ao continuo movimento e fluxo da vida. Mas também, imagem que pareceu-me se aproximar das constantes intervenções criativas que pareciam marcar osoanjstamentos entre seres humanos e sagrado nas variadas religiosidades populares que estudei

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    1. Valeu,camarada.
      Ainda farei a leitura de sua tese...total interesse.
      Abraçaço!
      Sigamos em fé-festa recriando a vida.

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  2. E as tirinhas desse cara são muito legais. Essa em particular

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  3. Que textão! Sinto-me infinitamente tocado pela potencialidade desses belos versos (soam a mim como poesia), e alegra muito meu coração poder conhecer este espaço lindo de/para inspiração de uma espiritualidade sadia, porém, simples.

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