sábado, 17 de novembro de 2018

ITINERÁRIO DA ESPIRITUALIDADE...


Cura-me, Senhor, e serei curado; me salva, e serei salvo, pois tu és aquele a quem eu louvo. (Jeremias 17:14)

Tarde te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova. (Santo Agostinho)

 Por: Cláudio Márcio

Uma das funções atribuídas a um líder religioso é a visita. Nunca fui muito bom nisso. Não gosto de andar na casa das pessoas. A cobrança para que eu fosse ver meus amigos(as), irmãos e irmãs e, não menos, desconhecidos\as era real. Sim, escrevi corretamente, pois, este ano uma nova realidade foi-vai sendo constituída.
Digo este ano pelo fato de ser algo espontâneo, leve, e eficaz. Como o campo da antropologia propõe: o encontro com o outro é um encontro com nós mesmos. Ao mudar de perspectiva e perceber uma espiritualidade do cuidado, do afeto, do saber ouvir, encontrei sentido nas visitas pastorais. Sou afetado com a fé das pessoas que em meio a tantas dores e dificuldades vão recriando suas existências com choro, muita luta e confiança que dias melhores estão por vir, uma vez que, como propõe o poeta: “uma flor brota no asfalto”. E ainda a narrativa bíblica sinaliza: “E agora, Senhor, o que posso esperar? A minha esperança está em ti” (Sl 39.7).
Eu que gosto de junto com a Bíblia ler livros teológicos e das ciências sociais, estava faltando ler “a vida das pessoas”. Sempre tentei ter cuidado com a narrativa produzida em minhas reflexões dominicais, todavia, além de um bom e necessário preparo acadêmico, descobri nos meus 12 como ministro da Palavra e dos Sacramentos na Igreja Presbiteriana Unida (IPU), que não se pode negligenciar a mística e a “linguagem dos fiéis”. Confesso que esse é um exercício constante, uma vez que, a comunidade é heterogênea. Busco um equilíbrio entre a razão e a fantasia, isto é, como sugere Leonardo Boff “a razão cordial”.
Quando olhamos os evangelhos encontramos Jesus de Nazaré (andarilho-pedagogo) experimentando efetivamente a vida e as dores das pessoas marginalizadas do seu tempo e, simultaneamente, apontando para o Reino (já e ainda não) como realidade indispensável que rompe estruturas político-religiosas opressoras de morte, com a força da recriação da vida, pois, a fé das pessoas os curavam e os colocavam de pé no caminho. Aprendemos com Jesus a visitar os necessitados.
Todavia, na contemporaneidade, um discípulo do camarada de Nazaré, tem provocado transformações relevantes com sua simplicidade nas visitas pastorais.  Assisti esses dias na Netflix: Pode me chamar de Francisco e Papa Francisco conquistando corações. A espiritualidade humanizadora, a capacidade de diálogo e escuta deste líder tem me ajudado a ser um reverendo muito melhor da IPU.
Rogo ao Senhor que desperte em cada um(a) de nós o desejo de realizar o cuidado com o próximo. Não podemos e nem queremos deixar nosso “Cristo Sem-Teto” nas calçadas da cidade.  Já que “Tu mostraste tua Luz, e tua claridade expulsou minha cegueira. Tu espalhaste o teu perfume, e eu o respirei” (Santo Agostinho), que nossa visita traga um novo colorido na vida das pessoas e nas nossas vidas reciprocamente, pois, se pintaram tudo de cinza, é hora de despertar o “profeta gentileza que há em nós”. Em meio a tantas adversidades, você ainda acredita que gentileza gera gentileza, não? Espero ardentemente que sim.

(Texto feito em 12-11-18)



4 comentários:

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  3. Que belíssima reflexão. A mudança de perspectiva é um reconhecimento nobre no ser social, ademais, a dicotomia presente no "ser social - sociedade", nos capacita do outro e de nós mesmos, transformando quem eramos, em quem somos. Muito obrigado por compartilhar algo tão valoroso. Ubuntu.

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