Cura-me, Senhor, e serei curado; me salva, e
serei salvo, pois tu és aquele a quem eu louvo. (Jeremias 17:14)
Tarde te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova. (Santo Agostinho)
Uma das
funções atribuídas a um líder religioso é a visita. Nunca fui muito bom nisso.
Não gosto de andar na casa das pessoas. A cobrança para que eu fosse ver meus
amigos(as), irmãos e irmãs e, não menos, desconhecidos\as era real. Sim,
escrevi corretamente, pois, este ano uma nova realidade foi-vai sendo
constituída.
Digo
este ano pelo fato de ser algo espontâneo, leve, e eficaz. Como o campo da
antropologia propõe: o encontro com o
outro é um encontro com nós mesmos. Ao mudar de perspectiva e perceber uma
espiritualidade do cuidado, do afeto, do saber ouvir, encontrei sentido nas
visitas pastorais. Sou afetado com a fé das pessoas que em meio a tantas dores
e dificuldades vão recriando suas existências com choro, muita luta e confiança
que dias melhores estão por vir, uma vez que, como propõe o poeta: “uma flor
brota no asfalto”. E ainda a narrativa bíblica sinaliza: “E agora, Senhor, o que posso esperar? A minha esperança está em ti”
(Sl 39.7).
Eu que
gosto de junto com a Bíblia ler livros teológicos e das ciências sociais,
estava faltando ler “a vida das pessoas”. Sempre tentei ter cuidado com a
narrativa produzida em minhas reflexões dominicais, todavia, além de um bom e
necessário preparo acadêmico, descobri nos meus 12 como ministro da Palavra e
dos Sacramentos na Igreja Presbiteriana Unida (IPU), que não se pode
negligenciar a mística e a “linguagem dos fiéis”. Confesso que esse é um exercício constante, uma vez que, a comunidade é
heterogênea. Busco um equilíbrio entre a razão e a fantasia, isto é, como
sugere Leonardo Boff “a razão cordial”.
Quando
olhamos os evangelhos encontramos Jesus de Nazaré (andarilho-pedagogo) experimentando
efetivamente a vida e as dores das pessoas marginalizadas do seu tempo e,
simultaneamente, apontando para o Reino (já e ainda não) como realidade
indispensável que rompe estruturas político-religiosas opressoras de morte, com
a força da recriação da vida, pois, a fé das pessoas os curavam e os colocavam
de pé no caminho. Aprendemos com Jesus a visitar os necessitados.
Todavia,
na contemporaneidade, um discípulo do camarada de Nazaré, tem provocado
transformações relevantes com sua simplicidade nas visitas pastorais. Assisti esses dias na Netflix: Pode me chamar de
Francisco e Papa Francisco conquistando corações. A espiritualidade
humanizadora, a capacidade de diálogo e escuta deste líder tem me ajudado a ser
um reverendo muito melhor da IPU.
Rogo ao
Senhor que desperte em cada um(a) de nós o desejo de realizar o cuidado com o
próximo. Não podemos e nem queremos
deixar nosso “Cristo Sem-Teto” nas calçadas da cidade. Já que “Tu mostraste tua Luz, e tua claridade expulsou minha cegueira. Tu
espalhaste o teu perfume, e eu o respirei” (Santo Agostinho), que nossa
visita traga um novo colorido na vida das pessoas e nas nossas vidas reciprocamente,
pois, se pintaram tudo de cinza, é hora de despertar o “profeta gentileza que
há em nós”. Em meio a tantas adversidades, você ainda acredita que gentileza
gera gentileza, não? Espero ardentemente que sim.
(Texto feito em 12-11-18)
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ResponderExcluirQue belíssima reflexão. A mudança de perspectiva é um reconhecimento nobre no ser social, ademais, a dicotomia presente no "ser social - sociedade", nos capacita do outro e de nós mesmos, transformando quem eramos, em quem somos. Muito obrigado por compartilhar algo tão valoroso. Ubuntu.
ResponderExcluirValeu, Calazans. Ubuntu👍
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