quarta-feira, 10 de maio de 2017

UMA FÉ QUE ME CATIVOU...

Por: Cláudio Márcio[1]
Tenho 34 anos e já vi algumas coisas que me espantaram no caminho. Este pequeno texto é um exercício para rememorar ações de pessoas que de algum modo me “tiraram do lugar comum”, logo, é discurso para que a esperança continue sendo minha amiga com quem (ainda) tenho prazer em conversar. Trata-se de uma experiência que tive na Igreja Presbiteriana Unida de Itapagipe em Salvador.
Desta maneira, saliento que é bastante comum pensar que um líder religioso e ou alguém que teve acesso aos estudos teológicos “diminuiu sua fé”, pois, o olhar mais racionalizado para a realidade social o deixa “insensível”, “frio”. Eu, particularmente, desconfio deste senso comum, uma vez que, defenderia para esses grupos uma “fé ampliada”, isto é, cremos apesar de...
Com efeito, retornando ao relato de experiência vos conto uma pequena história... “Eis que tendo emprego, saúde, família, estudos e, inúmeras conquistas pessoais, os passos eram dados e a sensação de vitória era uma constante. A experiência com o sagrado que fez parte da socialização quando criança indo para a Escola Bíblica Dominical já não fazia parte do seu cotidiano, ou seja, na sua agenda, congregar numa comunidade de fé era algo impensável e dispensável. Até que um dia, o corpo reclama e o médico estabelece uma sentença que em breve irá morrer”.
Neste momento, o chão se vai. O que fazer? Tantos sonhos no peito e uma agenda completamente lotada... O que era importante e prioritário vai sendo revisto, adiado, é preciso reinventar a vida e estabelecer novas demandas. Entretanto, precisamos de uma doença, uma catástrofe natural, ficar sem emprego para lembrar-se de Deus? Esquecemos do diálogo entre a raposa e o príncipe: “para ser feliz é preciso cativar e olhar com o coração?” (Antoine de Saint-Exupéry).
  Suspeito que, de fato, essa poderia ser a história de minha amiga Iraci Cerqueira (In memoriam), mas, não foi. Contudo, o que leva e ou move as pessoas a não se renderem diante dos problemas da existência? Que teimosia é essa que diz sim a vida a despeito do contexto caótico? Ora, vi Iraci (como representação simbólica de milhares de mulheres) lutando contra uma terrível doença dirigindo o culto da igreja. Firme! De pé! Cantando e convocando o povo a desenvolver sua fé nos planos de Deus. Como reverendo da Igreja Presbiteriana Unida lembro desta irmã que hoje faria aniversário e penso como preciso ser um cristão melhor. Como sou um aprendiz na caminhada... Confesso: tenho aprendido a ser pastor.
Fé e compromisso são as palavras de ordem para hoje, pois, como abalizou o cantor-poeta Belchior: “amar e mudar as coisas me interessa mais”. Hoje, acredito que Iraci tinha compreendido que “o essencial é invisível aos olhos” (Antoine de Saint-Exupéry).




[1]  Reverendo na Igreja Presbiteriana Unida de Muritiba (cidade serrana do Recôncavo da Bahia). 

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