domingo, 22 de março de 2020

SABER OUVIR



Por: Cláudio Márcio R. da Silva[1]

“De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm 10:17)

         O teólogo Rubem Alves fez uma excelente provocação ao dizer: “é preciso fazer curso de escutatória”, pois, segundo ele, somos bons em proferir palavras que tocam e motivam e na maioria das vezes damos um demasiado valor a oratória, isto é, a capacidade do discurso. Líderes religiosos e políticos sabem muito bem disso, uma vez que, além de um suposto carisma, buscam técnicas para uma “eficiente” comunicação. Esquecemos, pois, o quanto é enriquecedor ouvir o outro, compreender novos olhares e perceber que existem caminhos diferentes, mas nem por isso errados. “Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar” (Tiago 1:19a).

 Seguindo o mesmo passo que Rubem, outro teólogo, João Dias de Araújo, assinalava que era importante para ser um bom pastor, saber ouvir. Defendia que Jesus de Nazaré oferecia essa metodologia ao propor: “quem dizem os homens que eu sou?” (Mc 8.27.b). Desta maneira, abalizava João Dias: “não podemos responder ao que não foi perguntado. É preciso saber escutar o que dizem”.
Ora, diante dessa pandemia do COVID-19, a Igreja Presbiteriana Unida (IPU) de Muritiba (cidade serrana no recôncavo baiano), na manhã do dia 22-03-2020, fez a seguinte dinâmica: mandar (apenas) áudios no WhatsApp (em horário previamente combinado – início e fim) com orações, leituras bíblicas, fragmentos de canções cantadas.
Confesso: que experiência maravilhosa, pois, gerou comunhão e edificação.
            Escutar presbíteras, diaconisas, diácono, crianças, eclesianos(as). Cada voz uma prece! Cada canto uma esperança! Cada texto bíblico como bálsamo na ferida! Nossa fé se renova na voz de Deus que também se faz ouvir na boca dos seus pequeninos.  Essa manhã Deus nos visitou e acalmou nossos corações. Temos encarado dias difíceis, porém, “com a minha voz clamei ao SENHOR; com a minha voz supliquei ao SENHOR. Derramei a minha queixa perante a sua face; expus-lhe a minha angústia” (Sl 142:1-2). Como sugere Cartola em uma de suas canções: “fim da tempestade o sol nascerá”.
SUZART

[1] Reverendo da IPU de Muritiba-BA.

Nenhum comentário:

Postar um comentário