domingo, 12 de abril de 2020

Páscoa da Ressurreição: silencioso terremoto



A cada ano quando se celebra a Ressurreição de Jesus se renovam as esperanças trazidas por esse evento. É um anseio, uma expectativa de algo bom - melhor do que foi até à sexta feira - se manifeste com a força de transformação e renovação que lhe são atribuídas.
              Podemos compreender a ressurreição como um silencioso terremoto que desestabilizou as forças de então. O irromper da ressurreição modificou as estruturas e quebrou as barreiras humanas impostas com a pretensão de controlar o invisível silêncio de Deus que trabalhou sempre na escuridão e na claridade sem que fosse percebido nitidamente. A pedra colocada na entrada do sepulcro, simbologia dos que detém o poder e que controlam a vida e a morte dos outros, agora está removida, subjugada pelo anjo de Deus que assentou sobre ela ( Mt28,2), mostrando que daquele momento em diante as forças da morte tinham sucumbidas diante da esplêndida manifestação da vida nascida na ressurreição. Desta hora em diante não existe mais barreiras entre a consciência humana e a onipresença divina, porque aconteceu a integração e a profunda aliança entre o divino e o terreno: humanos e natureza resgatando novamente o elo perdido do desejo de Deus no paraíso.

              Aquele que está assentada sobre a antiga pedra da opressão abre o canal permanente do acesso à vida e a luz de Deus que deseja e insiste em se manifestar na individualidade de cada um. É no silêncio edificante do seu ser que Deus trabalha para que cada ato da sua criação primeira seja regenerada, com o novo “haja luz” na vida de cada um, na família de cada um, na sociedade e nas culturas de todos os lugares. A ação invisível de transformar morte em vida, continua movimentando as entranhas da realidade em todas as suas implicações. Diante das crises que surgem podemos perceber o espírito de vida nova se multiplicando através da solidariedade e da percepção de que existe algo essencial deixado para traz pelos que estruturam uma sociedade baseada somente no capital financeiro.
              Aquele que está assentado sobre a pedra, agora, não mais pedra que esconde a morte, e sim pedra angular que institui as estruturas de um novo céu e de uma nova terra, dialoga com o ser humano necessitado de orientação e que diz, “não temais, porque sei que buscais Jesus que foi crucificado” ( Mt 28,5), reforçando, assim, o quão fundamental é viver uma fé autêntica que fortaleça a esperança para a vida. O anjo de Deus continua sua conversa, agora atualizando a realidade, um tanto defasada àqueles que o seguiam e que não acreditavam, “ele não está aqui, ressuscitou, como havia dito” (Mt 28,6). O significativo convite que o anjo de Deus faz – “Vinde ver onde Ele jazia” (v.6) -  é a necessidade da constatação de que no esconderijo da morte só restava um sepulcro vazio, sem força, sem mistério e insignificante diante da configuração do “Novo Céu e da Nova terra”.
              Assim, somos convocados a fazer a experiência do sepulcro vazio que não carrega mais os signos da morte em nossa existência, mas transformarmos espaços de mortes que possam existir na vida de cada um e na vida social, em espaços de sepulcros vazios preenchidos pelo princípios  edificam s vida a partir dos elementos da ressurreição, que nos possibilitam a ver o que João viu no apocalipse 21: “Vi Novo Céu e Nova terra” e os que habitam esse espaço serão  “povo de Deus e Deus mesmo estará com eles....Esse Deus “enxugará dos olhos toda a lágrima, a morte não existirá, já não haverá luto e nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram”. A ressurreição exige que tenhamos essa esperança e mudança de comportamento para que ela não passe sem gerar frutos em nossos corações e em nossas vidas.

Uma Páscoa renovadora a cada um. 
Rev. Luiz Pereira dos Santos – Igreja Presbiteriana Unida de Caetité

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