Por: Paulo Roberto Silva[1]
Quando
foi que as estrelas e toda constelação de encantos e mistérios que habita o
universo ao nosso redor deixou de ser interessante?!
Quando
foi que nos pomos a crer que ser "sós" seria a melhor opção diante
dos nós que tanto nos faz ser-mo-nos radiantes?
Quando
optamos por uma lógica de produção desenfreada que em nada tem nos feito
reproduzir a vida em sua total plenitude?!
Quando
e em que momento abandonamos a "vida"?
A
troco de quê nos tornamos indiferentes a tudo quanto nos faz mais humanos?
Em
que contexto nos lançamos neste dilúvio incessante que faz com que esqueçamos o
divagar estruturador que há, também, na nossa ideia de tempo?!
Será
que deixamos de ouvir o poeta? Quando nos dita e aconselha: "Enquanto o
tempo acelera e pede pressa, eu me recuso, faço hora, vou na valsa, a vida é
tão rara, tão rara".
Sei
que o universo em si carrega muitos enigmas e verdades que nos assustam, mas,
não há razões para o vermos como nosso inimigo, como um traiçoeiro.
Pelo
contrário, está em nós toda essa capacidade de sabotar o incerto, complexo,
mas, também, enriquecedor subsistir.
Quando
nega-mo-nos finitos, explorando a terra sem a consciência de que mais do que
ela, somos nós, criaturas, seus dependentes?
Sei
que a vida tem nos apresentado um dispêndio grandioso e sedutor na defesa de
seres cada vez mais egoístas, heróicos, a todo instante vencedores.
Mas,
no jogo do viver todos possuem a sua importância e significam muito para o
fortalecimento da rede que tecemos todos os dias!
Há
razões para que imprimamos uma lógica individualista, que diz defender nossos
direitos, nossas privacidades, nossas maneiras mais libertadoras de ser? Sim, e
é preciso que se garanta!
Contudo,
esta moldura deve e consegue fazer sucumbir a nossa dimensão "inata"
de seres sociais, no e com o outro?!
Talvez
nunca tenhamos atingido essa condição de humanidade e comunhão integral que
aqui está posta.
Porém,
honestamente, como navegantes precisamos, caso busquemos nos livrar das
atormentadoras e revoltas águas, entender que estamos numa mesma nau, a rumar
para e sob condições que, ainda que diversa, tem como desejo se deliciar nas
águas brandas e calmas.
Ou
nos cabemos em nós ou, como uma embarcação a deriva, estaremos fadados a
naufragar ante aos tormentos que volta e meia nos acomete o viver.
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