terça-feira, 26 de junho de 2018

ITINERÁRIO DA ESPIRITUALIDADE...


Por: Cláudio Márcio[1]



“Como são doces para o meu paladar as tuas palavras! Mais doces que a RAPADURA” (Salmos 119.103\ Bíblia do Matuto)

A experiência da mesa da refeição partilhada é emblema de Tua presença em nós. Risos, sabores, cores e cheiros. Aqui no território do Recôncavo há um tempero ancestral que envolve memórias, lutas, danças...
Tua presença é um exercício de fé, sensibilidade e total abertura para alteridade.
Com voz profética assinalou o Rev. João Dias de Araújo: “há muita fome no meu país”.
 Assim, a mesa torna-se símbolo cheio de ambivalências, isto é, fartura-ausência, riso-choro, comunhão-briga...
Como ficar sossegado sabendo que falta pão na mesa do outro? O pão nosso de cada dia o Senhor não nos oferece hoje? Como fazer teologia afastando Pai-Nosso do Pão-Nosso no nordeste brasileiro?
Penso ser necessário desenvolver uma espiritualidade da partilha. Chega de farelos e migalhas dos poderosos em tom de generosidade para nós.
Nossa vida, nosso corpo, nossa voz, nossos pés, nossa inteligência, nossas mãos são nossas “armas”. É urgente articularmos fé-luta em solo Latino Americano.
Nada de novo, pois, nosso professor e Salvador Jesus de Nazaré já nos ensinou. Homens e mulheres (leigos ou não) já demonstraram com a Teologia da Libertação o que devemos ou não fazer.
Sim, olhamos para outras experiências e vamos fortalecendo nossa caminhada nessa nação. Criando nossos caminhos no “gabinete e na rua”. Nossa cidade deve ser nossa “paróquia”.
A Igreja Presbiteriana Unida do Brasil irá completar 40 anos em setembro e carecemos, neste novo contexto histórico, da reflexão inicial: “o que estou fazendo se sou cristão?”
Há muitos indivíduos sociais (dentro e fora) da igreja com uma vida cheia de amargura. Bem, como nordestino que sou, carrego a bíblia em uma mão e a rapadura na outra. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça, pois, na mesa ainda há lugar, é só chegar.
(Prece feita em 26-06-18)



[1]  Reverendo da IPU de Muritiba (cidade serrana do Recôncavo da Bahia).

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