quinta-feira, 23 de agosto de 2018

ITINERÁRIO DA ESPIRITUALIDADE...


Por: Cláudio Márcio[1]


“A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar” (Luther King)

“O que oprime ao pobre insulta ao seu Criador” (Provérbios 14:31)

“Mas não se preocupe meu amigo com os horrores que eu lhe digo. Isso é somente uma canção, a vida, a vida realmente é diferente quero dizer, a vida é muito pior...” (Belchior)
  
Tenho o Senhor bem pertinho de mim, pois, sei que escutas os barulhos da minha existência, logo, realizo uma oração ao Deus da minha vida.  Sigo em frente ouvindo o som da Tua voz que é convite para a justiça e beleza. Meus olhos se enchem de esperança por perceber setores do campo ecumênico produzindo uma práxis libertadora em favor dos direitos sociais de grupos subalternizados historicamente.
Ó Deus, vi Tua face no rosto do humano esquecido na calçada. Confesso que por vezes acho curioso como pessoas religiosas buscam uma experiência com o Senhor olhando apenas para cima. Ora, como isso é possível? Mãos para o alto, olhos fechados... É só isso mesmo “abençoado”? Abram os olhos para que possam conhecer o Senhor. Não olhem apenas para cima, aprendam a olhar para o lado e para dentro.
Ó Deus, será que a Bíblia deles é diferente? Se liga “abençoado”: “ o meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei” (João 15:12). Ora, “nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a vida por nossos irmãos” (1 João 3:16).
Ó Deus, qual imigrante é bem vindo em solo Brasileiro? O “problema” se limita a Latinos Americanos e Africanos? Como bem salientou Ras André Guimarães sobre narrativas bíblicas: “No primeiro testamento Abraão para obedecer a Deus se torna um imigrante. O povo hebreu foi um povo literalmente imigrante e recebe orientação de Deus para não maltratar o estrangeiro. No segundo testamento Jesus ao nascer, segundo o Evangelho de Mateus, se torna junto aos seus pais um refugiado”. Desta maneira, como é possível um cristão xenofóbico?
Ó Deus, o Brasil é marcado por relações sociais hierárquicas que passam pela dimensão do “sabe com quem está falando?” como aponta Roberto DaMatta. Entretanto, convido cada irmão e irmã a lembrar das palavras de D. Paulo Evaristo Arns: “a graça de Deus não esquece ninguém nem se regula por crachás”. Amém!
(Prece feita em 22-08-18)




[1]  Reverendo da IPU de Muritiba (cidade serrana do Recôncavo da Bahia).

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