terça-feira, 11 de junho de 2013

BÍBLIA NA MÃO, SAMBA DE RODA E OU REGGAE NO PÉ, CAPOEIRA E CELEBRAÇÃO DO CORPO...

Tenho me preocupado nestes dias com os paradoxos que encontramos na jornada eclesiástica no que diz respeito ao desejo de um crescimento e a linguagem que podemos-devemos utilizar para ser eficaz-profética e coerente. Neste sentido, a meu ver, deve-se preocupar no que e como é dito as coisas no púlpito (símbolo) nosso de cada dia.
Ora, partindo do pressuposto que a Igreja precisa estar no processo de se reformar cotidianamente, que bíblia e cultura têm que dialogar, que uma suposta dimensão mística do discurso não pode se afastar de uma práxis emancipatória dos indivíduos-sociais, ainda pergunto com o Rev. João Dias: que estou fazendo se sou cristão?
Pensando com Paulo Freire, em que a educação transformaria vidas através de uma conscientização e uma tomada de posição no que diz respeito a uma luta em favor da vida e contra os dominadores do saber, isto é, discordando de uma leitura contextual de Bourdieu que pensava a escola como o locus de reprodução da desigualdade social, pode-se então perceber o caráter emancipatório que há na educação, na troca de saberes. E, refletindo sobre a pedagogia de Jesus de Nazaré, é que me proponho, de forma sucinta,  problematizar alguns pontos.
            Para que e ou quem serve a Igreja? Por que insistir em um paradigma excludente e hierarquizado no discurso homogêneo dos púlpitos? Por que o demônio é sempre o outro? Quando nos emanciparemos de um Cristo europeu? Quando valorizaremos nosso chão e ritmos musicais? Quem disse que precisamos ser burros e ou alienados? Quando participaremos da vida política da cidade em prol do bem comum?
            Têm-se tantos modelos de homens e mulheres que celebraram a vida e partiram o pão nosso em cada esquina e ou praça da cidade... Então, se temos tais exemplos de comprometimento com a vida e a dignidade humana... Vamos nos calar? Vamos ser representados por esses (essas) que ocupam a mídia? Definitivamente, NÃO!
            Acredito-defendo uma comunidade acolhedora e dialógica. Acredito que a mão que levanta para adoração deve ser a mesma que estende ao necessitado no caminho. Acredito que a voz que ora deve ser a mesma que denuncia as estruturas de morte e dominação que estão em nossa volta. Sim! Acredito que o locus religioso pode-deve ser diferente, mais leve, com mais poesia, arte e literatura... Outras vozes devem conversar com os líderes e o púlpito precisa ser plural. CHEGA DESSA SOBERANIA PASTORAL!
            Seria a Igreja só um instrumento de inculcação de valores dos mais velhos para os mais jovens como fala Durkheim sobre a educação? Seria apenas o espaço da docilidade do corpo? Da castração do prazer? Da hegemonia? Do ópio? Para mim, não! A religião é e ou pode ser tudo isso, mas, não é só isso! O contrário de todas essas questões também é possível! Mas, penso que também não seria só isso!
            Onde quero enfim chegar? É o que você (leitor) pode perguntar... Eu te respondo honestamente que não sei. Contudo, sigo meu caminho tentando recriar-me em diálogo com o mundo, com a bíblia, com outras vozes que são também necessárias para dar sentido e ou respostas aos indivíduos-sociais. Aqui em Muritiba-Ba, acredito que o samba de roda e o reggae, assim como a capoeira devem ser observados com mais respeito e carinho pelos protestantes históricos que buscam ferramentas criativas para comunicar o Reino de Deus que emancipa e faz bem ao humano.
            O camarada de Nazaré não se limitou ao templo e sinagoga, ao contrário, utilizou uma pedagogia de ensino nos montes e barcos, uma pedagogia que tocava feridos que eram marginalizados por lógicas político-religiosas opressoras, que ouvia mulheres que não faziam parte da agenda política, que comia e bebia com os considerados pecadores... Esse é o meu maior paradigma! Mas, há tantos outros eficazes na jornada, não?
            Evidente que a tomada de posição não é tão simples assim no sentido de ser isso ou aquilo. Entretanto, poderia perguntar: qual o lado que você vive com maior intensidade? O que gera vida ou morte? A quem você serve? Por que e ou quanto?
            Que nossa escolha quase sempre seja a vida, nosso bem maior, não? Outr@s também não precisam ter a garantia deste direito que historicamente foi negado? Acredito que sim!
Por: Cláudio Márcio



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