sábado, 29 de junho de 2013

ESCREVER TAMBÉM É RESISTIR!


           Tenho tentado escrever-refletir menos sobre a temática de uma suposta diversidade religiosa que, a meu ver, exige um processo de sentar-se à mesa cotidianamente para conversar. No entanto, percebo o quanto ainda carecemos de um amadurecimento maior e, necessariamente desejar (ou pelo menos se permitir) ouvir o que os outr@s tem a dizer.
            Assim, pensando com Paulo Freire, percebo que não fomos educados para a diversidade, para o questionamento, para a dúvida, para autonomização dos sujeitos históricos. Há uma herança, sobretudo nos setores religiosos, de um paradigma de ensino autoritário, hegemônico e homogêneo.
            Bem, a educação neste sentido pode se aproximar do que Pierre Bourdieu apontou como o locus da reprodução das desigualdades sociais. Sim! É com bastante tristeza que escrevo este texto, pois, penso que o modelo de Paulo Freire de uma prática pedagógica que valoriza os saberes de forma recíproca faria melhor às comunidades eclesiásticas. Ou seja, como aponta o sociólogo Danilo Miranda, por uma educação informal, contínua-permanente.
            Penso que aqui algumas pessoas se sentirão ofendidas, mas, cabe a mim, a reflexão, a provocação, o embate neste campo de disputa que é a religião. Logo, concordo com João Alexandre em uma de suas canções: "é proibido pensar!" Sabe de uma coisa, cansei! Para mim a religião não é (só) ópio! Contudo, confesso: tenho vergonha de ser evangélico! Líderes arrogantes e mesquinhos, extremamente gananciosos e manipuladores, para mim, vocês são o demônio.
            Sei de minhas limitações e contradições, não sou santo (Deus me livre!). Sou um humano se conhecendo, se perdendo no caminho da existência... Sou-estou. Agora, desejando a mesa do diálogo não para estabelecer um monólogo e ou evangelizar, mas sento à mesa para ser evangelizado e humanizado por outras experiências que promovem beleza-encantamento.
            Tenho dito e reafirmo: meu problema não é com o camarada Jesus de Nazaré, mas, com alguns que se dizem seus representantes. Assim, deixo o meu protesto com os espaços religiosos que pensam que se "apossaram do sagrado"... E, parafraseando Rubem Alves, pensam que possuem um pássaro encantado, mas, não perceberam que carregam um empalhado.
Por: Cláudio Márcio

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