Tenho tentado escrever-refletir menos sobre a temática
de uma suposta diversidade religiosa que, a meu ver, exige um processo de
sentar-se à mesa cotidianamente para conversar. No entanto, percebo o quanto
ainda carecemos de um amadurecimento maior e, necessariamente desejar (ou pelo
menos se permitir) ouvir o que os outr@s tem a dizer.
Assim,
pensando com Paulo Freire, percebo que não fomos educados para a diversidade,
para o questionamento, para a dúvida, para autonomização dos sujeitos
históricos. Há uma herança, sobretudo nos setores religiosos, de um paradigma
de ensino autoritário, hegemônico e homogêneo.
Bem,
a educação neste sentido pode se aproximar do que Pierre Bourdieu apontou como
o locus da reprodução das desigualdades sociais. Sim! É com bastante tristeza
que escrevo este texto, pois, penso que o modelo de Paulo Freire de uma prática
pedagógica que valoriza os saberes de forma recíproca faria melhor às
comunidades eclesiásticas. Ou seja, como aponta o sociólogo Danilo Miranda, por
uma educação informal, contínua-permanente.
Penso
que aqui algumas pessoas se sentirão ofendidas, mas, cabe a mim, a reflexão, a
provocação, o embate neste campo de disputa que é a religião. Logo, concordo
com João Alexandre em uma de suas canções: "é proibido pensar!" Sabe
de uma coisa, cansei! Para mim a religião não é (só) ópio! Contudo, confesso:
tenho vergonha de ser evangélico! Líderes arrogantes e mesquinhos, extremamente
gananciosos e manipuladores, para mim, vocês são o demônio.
Sei
de minhas limitações e contradições, não sou santo (Deus me livre!). Sou um
humano se conhecendo, se perdendo no caminho da existência... Sou-estou. Agora,
desejando a mesa do diálogo não para estabelecer um monólogo e ou evangelizar, mas
sento à mesa para ser evangelizado e humanizado por outras experiências que
promovem beleza-encantamento.
Tenho
dito e reafirmo: meu problema não é com o camarada Jesus de Nazaré, mas, com
alguns que se dizem seus representantes. Assim, deixo o meu protesto com os
espaços religiosos que pensam que se "apossaram do sagrado"... E,
parafraseando Rubem Alves, pensam que possuem um pássaro encantado, mas, não
perceberam que carregam um empalhado.
Por: Cláudio Márcio
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