Ensinar
é um
exercício
de
imortalidade.
De alguma
forma
continuamos
a viver
naqueles
cujos olhos
aprenderam a
ver o mundo
pela magia
da nossa palavra.
O professor,
assim, não morre
jamais... (Rubem Alves)
A
nossa vida também é composta de escolhas, feitas no caminho, num misto de
subjetividade-objetividade que me parece como discussão interessante quando que
refletido sociologicamente na perspectiva indivíduo-sociedade. Daí, não só com
os clássicos da sociologia (Durkheim, Marx e Weber), mas, com teóricos como:
Bourdieu, Giddens, Elias...a reflexão sobre esta temática ainda tem provocado nossa maneira de olhar
para o mundo.
Bem,
diante dessas e outras leituras, experiências e troca de saberes, é que tenho
olhado para a pequena e acolhedora comunidade da IPU (Muritiba-Ba), local onde
pastoreio e simultaneamente sou pastoreado. Durante muito tempo andei (ando) me
perguntando: o que é ser um pastor? Essa pergunta aparentemente
"boba" muitas vezes me tirou o sono! Pois, penso que com alegria de
ter sido escolhido para uma missão de pastorear, vez por outra, me dá a
impressão que "caí na maior roubada".
Não
tenho vergonha e ou medo de assumir o que penso. Se a vida é feita de escolhas,
tenho feito as minhas, com muita fé, crítica e risco. Uma dessas escolhas diz
respeito à vinda para IPU. Aqui, não só pela pouca idade e pela novidade do
ethos religioso (já que venho da igreja batista), optei por uma reciprocidade
no ato de pastorear, de cuidar. Não gosto do locus de prestígio
"elevado" que há na representação do líder religioso. Não estou com
isso negando eficácias simbólicas, estou apenas questionando o uso que se faz
de tais representações.
Desta
maneira, as militâncias da fé, do ecumenismo, do Pai-nosso e pão-nosso que não
se separam provocaram em mim o desejo profundo de perceber a igreja como este
lugar de possibilidades de transformação. Ora, a IPU tem me oferecido o sonho
de fazer do espaço religioso um ambiente de reflexão sobre o mundo. A bíblia em
diálogo com outros saberes. Evidente que as pessoas nem sempre gostam (aceitam)
o que está sendo dito. Há também desconfianças e falas que apontam que tenho
que ir com calma...
Sabe
o que me encanta neste sentido na IPU? Poder falar! Falar o que penso! E, de
vez em quando, em nossa EBD, "o pau quebra". Sabe o que ainda gosto
na IPU? As pessoas entenderam que estamos discutindo ideias, pontos de vista.
Gosto quando se posicionam dizendo o porquê de concordarem ou não com o meu
ponto de vista. Em nossa EBD, as vozes aparecem! Tem sido uma experiência
deliciosa ter o argumento questionado, vez por outra, "quebrado" por
essa comunidade. Depois, risos, abraços e a frase que tem se tornado comum:
nossa EBD hoje foi massa!
Tenho
escolhido em diálogo de enfrentamento com estruturas que me cercam a celebração
da vida. O sonho profundo de fazer do espaço religioso um espaço de maior
leveza e encantamento. Assim, nossa EBD tem também oferecido diálogo com a MPB
e poesia (ainda em processo iniciante).
Caso
alguns estejam "estranhando" a ênfase na EBD, é que diferentemente da
Batista que participava (com destaque no culto noturno), aqui, a maior
frequência pela manhã. Na IPU, vou aprendendo a ouvir, a cuidar, a abraçar e
estender a mão... o que deixa em alguns a sensação que ainda não aprendi o que
é ser pastor...símbolo de autoritarismo em muitos arraiais eclesiásticos
espalhados em solo brasileiro, em que o pastor deve mostrar "quem
manda".
Acredito
que a atividade pastoral está muito relacionada ao ato de educar. Logo, para
mim, ser pastor de algum modo é ser também professor. Por isso mesmo, junto à
bíblia, à abordagens teológicas, sociológicas e antropológicas, tenho dedicado
um tempo para ler sobre educação (sobretudo neste momento: Paulo Freire e Rubem
Alves). E, pensando com Paulo Freire, se a educação ocorre em um processo de
comunhão e reciprocidade, de troca de saberes, penso o processo de pastorear
pela mesma ótica.
Por: Cláudio Márcio
voltarei, amei as reflexões
ResponderExcluirValeu parceiro...forte abç!
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