Entrevista para o Teologando na Serra sobre os 40 anos da IPU
1) Sinalize um pouco sobre sua
vida, isso é: nome, formação, profissão e o que mais lhe for necessário.
Alexandre de Jesus dos Prazeres, este é o meu nome.
Sou nordestino, nascido em Aracaju, capital do estado de Sergipe. Conclui o
bacharelado em Teologia no Seminário Presbiteriano do Norte, localizado no
Recife, em 2008, e fui ordenado ao ministério pastoral na Igreja Presbiteriana
do Brasil em 28 de dezembro deste mesmo ano. Porém, nutrindo certa resistência
a dicotomias do tipo sagrado/profano, entendi que deveria dar testemunho
cristão além dos muros institucionais da denominação, então validei meu diploma
de Teologia na Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP, ingressando em
seguida no mestrado em Ciências da Religião, e atualmente estou concluindo o
doutorado em Sociologia pela Universidade Federal de Sergipe – UFS. Ainda na
UFS, fui professor substituto no recém criado Núcleo de Graduação em Ciências
da Religião, permanecendo até 2015, quando ingressei no doutorado, tendo que
assumir bolsa de pesquisa que não poderia ser conciliada com a atividade docente.
Em Sergipe, tenho coordenado desde 2017 o Fórum
Sergipano Pela Liberdade Religiosa, uma iniciativa inter-religiosa que tem
promovido reflexões sobre diálogo inter-religioso e a necessidade de construção
de uma cultura de paz e convivência respeitosa entre pessoas das mais variadas
tradições religiosas.
2) Há quanto tempo você conhece a
IPU? Como ocorreu esse contato?
Conheci a IPU através dos seus vínculos históricos com
a IPB, denominação da qual fiz parte até meados deste ano de 2018. Exatamente,
por isso, o meu conhecimento sobre a IPU consistia no que pude ler sobre sua
história e sua atuação na sociedade brasileira. Porém desde 2014 comecei a me sentir
cada vez mais deslocado no ambiente da IPB, devido a mudanças nas minhas
convicções e pelo sofrimento que sentia ao testemunhar problemas no seu
cotidiano institucional, sem falar no assédio moral que passei a sofrer quando
comecei honestamente a expor as minhas dificuldades no tocante as coisas que eu
testemunhava. Este quadro me fez buscar opções de denominações cristãs no
cenário protestante brasileiro que me permitisse continuar atuando enquanto
pastor, todavia com liberdade para pensar e me expressar, contandocom apoio
institucional da igreja a qual viesse fazer parte. Foi em meio a isto tudo que
a IPU surgiu como uma possibilidade, um refúgio. Passei conversar através de
rede social com o Presb. Wertson Brasil, então moderador da IPU, através dele,
fui posto em contato com o Rev. Cláudio Rebouças, moderador do Presbitério do
Salvador, desde então diálogos e aproximações vem ocorrendo.
3) Qual a contribuição da IPU para
o protestantismo brasileiro?
Apesar da IPU se constituir no mais jovem ramo do
presbiterianismo brasileiro, brotou nesta árvore como um ramo viçoso e forte
com posicionamentos corajosos e desafiadores o tronco presbiteriano brasileiro.
Dentre estes desafios, o de que “a igreja reformada deve sempre se reformar”,
desta forma, a IPU já nasceu comprometida com o diálogo ecumênico e atenta aos contextos social e
político nos quais se situa. E no resgate do Pronunciamento Social de 1962 da
Igreja Presbiteriana Brasil (conveniente esquecido por esta devido ao seu
alinhamento com setores da Ditadura Militar), a IPU lembra preserva na memória
do presbiterianismo brasileiro que “todas as formas de opressão religiosa,
política ou econômica, todas as formas de discriminação racial e social, todas
as restrições à liberdade de pensamento e de expressão, são igualmente odiosas
e contrárias à fé cristã”.
4) Quais as maiores dificuldades
da IPU para os próximos anos?
No tocante a dificuldades, há o desafio de buscar
motivações no passado, naquele
“momento histórico de postura profética contra a tirania da ditadura militar e
da ditadura eclesiástica”, porém, atentando para o risco de
se prender a um passado glorioso, não esquecer que se deve vislumbrar o futuro.
5) Sinalize encantos e desencantos da IPU.
Por
enquanto estou encantado como alguém encontrou um novo amor, encantado com
postura profética da IPU e com a possibilidade de atuar como ministro do
evangelho com liberdade de pensamento e expressão. Sobre os desencantos, sei
que os descobrirei na proporção do meu envolvimento no seu cotidiano
institucional, porém tenho consciência de que não há instituições perfeitas,
pois são tão humanas quanto aqueles que as constituem, e exatamente por isto
devem ser submetidas a constantes processos de autoexames e autocríticas.
Será muito bom termos uma comunidade da IPU em Sergipe. Muito feliz com esta aproximação. Abraços
ResponderExcluirIsso mesmo! Deus proverá! Vamos nos articulando com muita fé-luta.
ExcluirComunidade em Sergipe e de grande relevância.
ResponderExcluirIsso mesmo meu Rev.
ExcluirDeus proverá!