Meu nome é
Vinicius Pinheiro. Sou formado em Serviço Social pela Universidade Federal do
Recôncavo. Atualmente estou cursando o mestrado em Serviço Social no Programa
de Pós-Graduação da Universidade Federal de Sergipe. Atuo nas temáticas da
Religiosidade/Espiritualidade na interface com a Saúde Mental e o Serviço
Social. Milito pela democracia, pelo Estado de direito, por um Estado laico,
pela igualdade de gênero, pelo diálogo inter-religioso, contra o racismo e
contra o fascismo latente no contexto brasileiro.
Conheço a
Igreja Presbiteriana Unida há cinco anos. Sou de origem religiosa pentecostal e
fundamentalista. Meu ingresso no contexto universitário me aproximou da
natureza santa da crítica. A dialética me permitiu analisar minha fé e fazer
sínteses na direção de um diálogo com sujeitos excluídos e estigmatizados.
Pouco tempo depois deste contato com a teoria crítica não fui mais bem-quisto
em minha comunidade religiosa de origem, afinal “[...] a rebeldia é como o
próprio pecado da feitiçaria” (I Sm. 15:23).
O contexto
universitário também me permitiu conhecer uma figura fundamental para meu
ingresso na IPU: O Rev. Cláudio Márcio Rebouças. O testemunho secular que essa
figura deixou como perfume nos espaços em que ocupava me alcançou na
universidade. Sim! Surgiu na universidade a possibilidade de retomada a uma
comunidade de fé. Bendito seja esse “Rei” que sai às “ruas e esquinas” para
convidar os que não merecem para as Bodas de seu Filho (Mt. 22:1-14).
Conheci o mano
Cacau. Conheci seu testemunho secular. Conheci sua empatia e compromisso com
segmentos excluídos da sociedade e das nossas igrejas. Enfim, me uni a este
legado!
Mediado por
esta figura conheci a história da IPU, sua característica de resistência,
dialógica e ecumênica. Fui apresentado a figuras como Richard Shaull, Rubem
Alves (o pastor e o não pastor) e João Dias. Conheci o legado de Jaime e Paulo
Wright. Me constrangi diante de uma história tão viva, densa e progressista,
enquanto passei boa parte da minha vida alienado no evangelicalismo brasileiro,
pensando que o reino tinha apenas isso para nos oferecer.
Nesse sentido,
a contribuição da IPU para o protestantismo brasileiro, sem dúvida, é a de
lançar luz sobre o caráter diverso (no sentido teológico e ideológico) do
movimento protestante. A IPU nasceu num contexto de ditadura - “[...] do lixão
nasce flor” (Racionais Mc’s). A história nos deve a valorização dos quadros que
romperam com a IPB, sofreram a perseguição e lutaram por uma sociedade
democrática e mais humana. Estávamos ao lado de Dom Paulo Evaristo Arns na
construção da denúncia compilada no Brasil:
nunca mais. Nossa democracia, HOJE ESCARNECIDA E AMEAÇADA, foi regada com
sangue IPU.
Precisamos
continuar com o protesto. Precisamos continuar com o diálogo. Precisamos discutir com
coragem a questão da inclusão dos segmentos excluídos da sociedade – me refiro à
comunidade LGBT. Precisamos servir os pobres e sentar-nos à mesa com os
oprimidos. O desafio da IPU é estabelecer esse diálogo, realizar pastorais que
discutam questões étnico-raciais, de gênero e de classe. Nosso desafio é
fomentar o brilho nos olhos da utopia que se perdeu com o advento do
neoliberalismo, da dívida pública e da farra dos bancos.
Ademais, o
diálogo inter-religioso precisa ser mais trabalhado em nossas comunidades.
Tendo a nossa história como baliza, não podemos fazer coro aos discursos de
ódio direcionados às religiões de matriz africana. “Que estou fazendo se sou
cristão?” Precisamos agir neste contexto de ódio, fomentando o diálogo e a paz.
O caráter ecumênico de nossa comunidade de fé é um dos
maiores encantos que tenho com a IPU, todavia, ainda precisamos capilarizar a
ideia do diálogo inter-religioso neste contexto de
ódio-fundamentalista-fascista.
Deus não é
neutro, “vigia os ricos, mas ama os que vêm do gueto” (Racionais M’cs).
Tampouco podemos ser.
Boa dissertação sobre nossa comunidade de fé. Deus abençoe e vamos continuar com a unidade na diversidade
ResponderExcluirSigamos juntos meu Rev.
ExcluirForte abraço.
Precisamos continuar protestando. Amo a expressão testemunho na Bíblia Cristã., pois em grego é martyria, mãe da palavra mártir em português. Testemunhar é morrer por uma causa : o reinar de Deus. Eu sou discípulo de Jesus, a testemunha fiel, morto e.torturado pela ditadura romana por defender os pobres e marginalizados e por denunciar a violência do Império Romano. Por isso, faço coro: "Precisamos continuar protestando". Bj
ResponderExcluirOlá, Rev Cláudio. Bom ter você aqui.Sigamos de mãos dadas para o mutirão do Reino.
ExcluirForte abraço!