Por: Anita Wright
Torres[1]
No dia 10 de setembro de 1978, na cidade
de Atibaia, SP, um grupo de homens e mulheres se reuniu, sonharam e pensaram em
“uma nova forma de ser igreja”. E assim nasceu a Federação Nacional de Igrejas
Presbiterianas (FENIP), com seus documentos fundantes, como o “Manifesto de
Atibaia”, do qual destacamos: “declaramos que é nosso desejo prosseguir na obra
do Reino de Deus, dominados pelo Espírito de Cristo, em harmonia e alegre
comunhão uns com os outros, paz e respeito mútuo. Expressamos nossos propósitos
nos seguintes termos: declaramos que é nosso propósito edificar nova comunidade
onde reine o amor e a consagração à obra de redenção do homem e não interesses
humanos subalternos, indignos daqueles que fazem profissão de fé cristã”.
Outro documento fundante é o “Pronunciamento
Social”, advindo da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), aprovado em seu
Supremo Concílio em 1962 e logo engavetado por ela. A FENIP resgatou e adotou o
Pronunciamento Social como sua, e ainda de mãos dadas com o Hino oficial da
IPU, que nos questiona: “que estou fazendo se sou cristão?”.
O Pronunciamento Social diz que compete às
Igrejas Presbiterianas: 1- Dar, pelo púlpito e por todos os meios de
doutrinação, expressão do Evangelho total para redenção do homem e da
sociedade; 2- Incentivar a “cidadania responsável” de todos os membros da Igreja;
3- Clamar contra a injustiça, a opressão e a corrupção; 4- Opor-se contra o
materialismo e o secularismo; 5- Lutar pela preservação e integridade da
família e pela integração de grupos marginalizados; 6- Dar uma formação cristã
à infância e à juventude; 7- Defender a dignidade do trabalho; 8- Fazer a
proclamação dos princípios éticos do Evangelho; 9- Defender a distribuição
equitativa da renda, inclusive da propriedade da terra e advertir aqueles que
estão se enriquecendo ilicitamente, explorando seu próximo; 10- Conscientizar o
Estado de todos os seus deveres, prestigiando suas ações no estabelecimento da
justiça social.
E assim, essa “nova forma de ser igreja” foi se
consolidando em cima de alguns pilares que são a base de nossa igreja: 1- Somos
uma igreja reformada, sempre se reformando. Nossos Princípios de Fé e Ordem tem
sofrido modificações nesta caminhada de 40 anos. Devemos estar abertos a
avaliação e mudança, colocando em debate nossas ações, nosso ensino, nossa
pregação, nosso evangelismo, nossa diaconia, nossa missão, buscando assim, à
luz da Palavra de deus, reformar para melhorar sempre.
2-
Acreditamos na Unidade na Diversidade. Deus não nos criou iguais, mas pede que
tenhamos unidade. Em João 17.21, Jesus pede: “Que todos sejam um... e no v.23.
Eu estou unido com eles, e tu estás unido comigo; para que eles sejam
completamente unidos...”.
A diversidade enriquece e dá um
colorido especial à nossa igreja. Santo Agostinho nos orienta: “No que é indiscutível,
unidade, na dúvida, liberdade; acima de tudo, porém, que prevaleça o Amor”. 3- Nossa igreja acredita no sacerdócio
universal de todos os crentes, ou seja, somos todos\todas chamados\chamadas por
Deus para desenvolver nossos dons ministérios. Fomos a primeira igreja no
Brasil a acolher e eleger mulheres em todos ministérios ordenados da igreja
(diaconisas, presbíteras e pastoras, e em 2011\ demorou 33 anos!), elegeu em
Assembleia sua primeira moderadora e que, em 2017 foi eleita para sua segundo
mandato. 4- Somos uma igreja solidária a medida que respondemos ao
questionamento do nosso hino oficial: “ Que estou fazendo se sou cristão?”. A
IPU adotou o compromisso social como linha de ação da igreja, denunciando a
injustiça e opressão, promovendo a solidariedade, mostrando assim o Amor de
Deus. 5- Somos uma igreja ecumênica, baseado em Efésios 4:3-5, que diz: “Façam
tudo para conservar, por meio da paz que une vocês, a união que o Espírito dá.
Há um só corpo, e um só Espírito, e uma só esperança para a qual Deus chamou vocês.
Há um só Senhor, uma só Fé e um só batismo...”.
A IPU já nasce ecumênica, e tem
marcado presença em organismos e eventos ecumênicos, como o Conselho Mundial de
Igrejas (CMI), o Conselho Latino Americano de Igrejas (CLAI), o Conselho
Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), Aliança de Igrejas Presbiterianas e
Reformadas da América Latina (AIPRAL), Aliança Mundial de Igrejas Reformadas
(AMIR), Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE).
Nossa gratidão à Deus por esta
Igreja, sua caminhada, suas lutas e vitórias na busca em fazer a diferença no
mundo. Nossa gratidão pela vida de tantos homens e mulheres que gestaram essa
igreja com fé, garra, determinação, oração e trabalho. Que possamos somar
nossas vozes a um hino antigo que diz: “O mestre nunca cessarão meus lábios\ de
bendizer-te, de entoar-te Glória\pois eu conservo de teu bem imenso\ grata
memória”.
Que possamos trazer a memória o que
nos alegra, nos faz bem, nos traz esperança. Vamos somar forças para vencer os desafios,
diminuir os conflitos através do diálogo, dividir os problemas, para que possam
ser superados e multiplicar as alegrias e bênçãos de sermos parte desta igreja.
Nossa oração final vem também de um hino: “Fortalece a tua Igreja\ Ó bendito
Salvador\ Dá-lhe tua plena graça\ vem renova seu vigor\ Vivifica, vivifica\
Nossas almas, oh Senhor!
Que
Deus nos abençoe, nos inspire e nos fortaleça para mais 40 anos! Amém!
[1] Anita
é presbítera e Moderadora do Conselho Coordenador da IPU Nacional. Essa
reflexão foi feita no dia 07-09-18 em BH em função dos 40 anos da IPU.
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