segunda-feira, 17 de setembro de 2018

IPU: uma nova forma de ser igreja


Por: Anita Wright Torres[1] 

No dia 10 de setembro de 1978, na cidade de Atibaia, SP, um grupo de homens e mulheres se reuniu, sonharam e pensaram em “uma nova forma de ser igreja”. E assim nasceu a Federação Nacional de Igrejas Presbiterianas (FENIP), com seus documentos fundantes, como o “Manifesto de Atibaia”, do qual destacamos: “declaramos que é nosso desejo prosseguir na obra do Reino de Deus, dominados pelo Espírito de Cristo, em harmonia e alegre comunhão uns com os outros, paz e respeito mútuo. Expressamos nossos propósitos nos seguintes termos: declaramos que é nosso propósito edificar nova comunidade onde reine o amor e a consagração à obra de redenção do homem e não interesses humanos subalternos, indignos daqueles que fazem profissão de fé cristã”.
Outro documento fundante é o “Pronunciamento Social”, advindo da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), aprovado em seu Supremo Concílio em 1962 e logo engavetado por ela. A FENIP resgatou e adotou o Pronunciamento Social como sua, e ainda de mãos dadas com o Hino oficial da IPU, que nos questiona: “que estou fazendo se sou cristão?”.
O Pronunciamento Social diz que compete às Igrejas Presbiterianas: 1- Dar, pelo púlpito e por todos os meios de doutrinação, expressão do Evangelho total para redenção do homem e da sociedade; 2- Incentivar a “cidadania responsável” de todos os membros da Igreja; 3- Clamar contra a injustiça, a opressão e a corrupção; 4- Opor-se contra o materialismo e o secularismo; 5- Lutar pela preservação e integridade da família e pela integração de grupos marginalizados; 6- Dar uma formação cristã à infância e à juventude; 7- Defender a dignidade do trabalho; 8- Fazer a proclamação dos princípios éticos do Evangelho; 9- Defender a distribuição equitativa da renda, inclusive da propriedade da terra e advertir aqueles que estão se enriquecendo ilicitamente, explorando seu próximo; 10- Conscientizar o Estado de todos os seus deveres, prestigiando suas ações no estabelecimento da justiça social.
E assim, essa “nova forma de ser igreja” foi se consolidando em cima de alguns pilares que são a base de nossa igreja: 1- Somos uma igreja reformada, sempre se reformando. Nossos Princípios de Fé e Ordem tem sofrido modificações nesta caminhada de 40 anos. Devemos estar abertos a avaliação e mudança, colocando em debate nossas ações, nosso ensino, nossa pregação, nosso evangelismo, nossa diaconia, nossa missão, buscando assim, à luz da Palavra de deus, reformar para melhorar sempre.
2- Acreditamos na Unidade na Diversidade. Deus não nos criou iguais, mas pede que tenhamos unidade. Em João 17.21, Jesus pede: “Que todos sejam um... e no v.23. Eu estou unido com eles, e tu estás unido comigo; para que eles sejam completamente unidos...”.
            A diversidade enriquece e dá um colorido especial à nossa igreja. Santo Agostinho nos orienta: “No que é indiscutível, unidade, na dúvida, liberdade; acima de tudo, porém, que prevaleça o Amor”.  3- Nossa igreja acredita no sacerdócio universal de todos os crentes, ou seja, somos todos\todas chamados\chamadas por Deus para desenvolver nossos dons ministérios. Fomos a primeira igreja no Brasil a acolher e eleger mulheres em todos ministérios ordenados da igreja (diaconisas, presbíteras e pastoras, e em 2011\ demorou 33 anos!), elegeu em Assembleia sua primeira moderadora e que, em 2017 foi eleita para sua segundo mandato. 4- Somos uma igreja solidária a medida que respondemos ao questionamento do nosso hino oficial: “ Que estou fazendo se sou cristão?”. A IPU adotou o compromisso social como linha de ação da igreja, denunciando a injustiça e opressão, promovendo a solidariedade, mostrando assim o Amor de Deus. 5- Somos uma igreja ecumênica, baseado em Efésios 4:3-5, que diz: “Façam tudo para conservar, por meio da paz que une vocês, a união que o Espírito dá. Há um só corpo, e um só Espírito, e uma só esperança para a qual Deus chamou vocês. Há um só Senhor, uma só Fé e um só batismo...”.
            A IPU já nasce ecumênica, e tem marcado presença em organismos e eventos ecumênicos, como o Conselho Mundial de Igrejas (CMI), o Conselho Latino Americano de Igrejas (CLAI), o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), Aliança de Igrejas Presbiterianas e Reformadas da América Latina (AIPRAL), Aliança Mundial de Igrejas Reformadas (AMIR), Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE).
            Nossa gratidão à Deus por esta Igreja, sua caminhada, suas lutas e vitórias na busca em fazer a diferença no mundo. Nossa gratidão pela vida de tantos homens e mulheres que gestaram essa igreja com fé, garra, determinação, oração e trabalho. Que possamos somar nossas vozes a um hino antigo que diz: “O mestre nunca cessarão meus lábios\ de bendizer-te, de entoar-te Glória\pois eu conservo de teu bem imenso\ grata memória”.   
            Que possamos trazer a memória o que nos alegra, nos faz bem, nos traz esperança.  Vamos somar forças para vencer os desafios, diminuir os conflitos através do diálogo, dividir os problemas, para que possam ser superados e multiplicar as alegrias e bênçãos de sermos parte desta igreja. Nossa oração final vem também de um hino: “Fortalece a tua Igreja\ Ó bendito Salvador\ Dá-lhe tua plena graça\ vem renova seu vigor\ Vivifica, vivifica\ Nossas almas, oh Senhor!
            Que Deus nos abençoe, nos inspire e nos fortaleça para mais 40 anos! Amém!





[1]  Anita é presbítera e Moderadora do Conselho Coordenador da IPU Nacional. Essa reflexão foi feita no dia 07-09-18 em BH em função dos 40 anos da IPU.

Nenhum comentário:

Postar um comentário