segunda-feira, 3 de setembro de 2012

VEM!

Penso que os espaços onde fomos-somos socializados deveriam utilizar-se da dinâmica da roda.
Aqui no Recôncavo, a roda de samba do samba de roda;
A roda de capoeira;
A roda da quadrilha junina...
O pião que “roda na roda da vida” diz o reggae de Nengo Vieira.
Assim, ó meu Senhor...
Peço-te humildemente-cotidianamente;
Faz-nos entender que na roda somos um;
Na roda:
Dançamos;
Sorrimos;
Celebramos...
Na roda:
Todos se olham;
Tocam-se;
E, pensando com o samba de roda e a sua dimensão do “estando lá” no centro da roda e o “estando aqui” na roda, a vida se renova.
Há encantamento!
Ah meu Senhor...
Ensiná-nos a olhar e viver nossa espiritualidade em sintonia com nossas múltiplas dimensões culturais;
Ah meu Senhor...
Faz-nos entender que é como crianças que viveremos Teu Reino;
Assim, como diz a canção (Momento novo)
“Vem! Entra na roda com agente... Você é tão importante... Vem!”
AMÉM!
Forte Abraço
Cláudio Márcio
Oração-reflexão feita em 26/07/2012. Muritiba/Ba.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

DEUS TIROU OS PÉS DAS NUVENS... PREFERE MELAR OS PÉS DE TERRA...

Ó Deus,
Me alegro  nesta manhã em participar da celebração de 30 anos da CEDITER;
Me alegro em participar de uma comunidade de fé (IPU) que tenta assumir o compromisso revolucionário do Teu Reino no cotidiano;
Ah Senhor...
Grato pelos que estiveram-estão-estarão na CEDITER;
Aqui, vidas-sementes;
Aqui, abraço-luta;
Aqui, suor-sorriso;
Ah Senhor...
Tiro o chinélo dos meus pés e piso no lugar santo;
 A terra-vida;
A terra-disputa;
A terra-poder;
A terra-moradia;
A terra-centralizada nas mãos hereditárias;
A terra-nova (velha), a conquista, o pertencimento da ancestralidade;
A terra e a reforma agrária;
A terra e os interesses múltiplos;
Ah Senhor...
Entre a enxada e o babinha;
Entre a colheita e o livro;
Sei que estás com Teu povo!
AMÉM!
Forte Abraço
Cláudio Márcio
Oração-reflexão feita em 17/08/2012, Muritiba/Ba.


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

EU, LIVRE-PRESO AO SENHOR...

Ó Senhor;
Ao olhar os pássaros voando fiquei a me perguntar: o que é ser livre?
Lembrei-me imediatamente da metáfora contada por Rubem Alves... “sobre o pássaro preso na gaiola”.
Logo, o que queremos meu Senhor?
A criatividade, aventura-risco do desconhecido?
A segurança-certeza que na gaiola nada nos faltará?
As duas coisas?
Vai do contexto existencial?
Ah Senhor...
Ajuda-nos a ser militantes de uma nova realidade;
Libertação do humano das algemas invisíveis (ideológicas);
Entretanto, será que realmente as pessoas querem emancipar-se da escravidão mental?
E, sendo liberto de tais amarras, não estaremos presos a outras?
Ah Senhor...
Prefiro estar preso à Teu Reino;
Pois, nele, o humano é convidado à dignidade, à celebração...
Preso à Teu Reino;
Não poderei viver para mim mesmo.
Assim, olho para cruz de Jesus de Nazaré;
Símbolo de minha libertação-escravidão;
E, alegro-me!
Pois, ser “escravo” Teu Senhor;
É ter direito a vida-plena.
AMÉM!
Abraço sócio-teológico
Cláudio Márcio
Oração-reflexão feita em 06/08/2012, Muritiba/BA

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

PISTAS DO TEU AGIR...


Deus nosso de cada dia;
Fonte originária de todo amor-beleza;
Mistério profundo que nos envolve;
A Ti, elevamos o nosso olhar;
Olhar treinado...
Antropólogo na pesquisa de campo...
Tentando perceber detalhes;
Pistas do Teu agir.
Te percebendo em nós;
Te percebendo nos outros;
Nas coisas simples do cotidiano.
Ah meu Senhor...
Assim como este sol que ilumina-aquece;
Vem!
Ilumina-nos no caminhar;
E, nas noites de frio, aquece-nos com Teu Espírito.
Pois, a Ti, o louvor nosso de cada dia.
Aonde quer que esteja...
Sou Teu Senhor!
AMÉM!

Cláudio Márcio

Oração-reflexão feita em 01/08/2012 em Muritiba/Ba.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

MURITIBA TAMBÉM É RECÔNCAVO...

Ó Deus,
Graças e louvores ao Teu nome;
Grato pelos 93 anos que minha cidade comemorou ontem;
Grato pela medalha 08 de agosto que eu e minha mãe ganhamos;
Grato pelo título de cidadão muritibano de painho... Todos cedidos pela vereadora Sued Tosta.
Ah meu Senhor...
A cidade em festa... Lindo-cansativo desfile cívico.
Porém, ó Senhor, algumas questões precisam ser apontadas:
1-      É inadmissível meu Deus, ter inúmeros pastores em lugar de destaque e não haver um (a) representante do povo de santo. Meu Deus, eles foram convidados e não compareceram? Não foram convidados?  
2-      Há muita burocracia na câmara municipal... Qual o objetivo disso? Tornar o momento um tanto que chato-cansativo para que povo não freqüente a sua própria casa? Seria isso também ó Senhor?
3-      Bem meu Senhor, não queremos “favores” e ou “ migalhas”...Queremos que nossos direitos sejam garantidos.
Bom Deus abençoa nossa cidade que também é Recôncavo!
E, abre os olhos de cada muritibano (a) para que cada vez mais, possamos ver o advento de uma sociedade crítica-reflexiva cumprindo seus deveres e cobrando seus direitos.
AMÉM!
Cláudio Márcio (de olhos bem abertos).
Oração-reflexão feita em 09/08/2012; Muritiba/Ba.




terça-feira, 7 de agosto de 2012

NOSSA PEQUENINA...

Ah meu Senhor...
Ontem fomos visitar a pequena CLARICE no hospital em SSA;
Ela dormia muito!
Às vezes, um sorriso!
Não é fácil meu querido Deus...
Nossa querida ligada a tantos aparelhos;
Nossa pequena que ainda não veio para casa;
Ah Senhor...
Confiamos em Ti!
Tu curas o doente de diversas formas;
Muit@s na sua maneira de vivência da fé-espiritualidade pedem por nossa pequena;
E por isso, somos grat@s!
Que vontade enorme ó Criador, de trazê-la para casa!
Assim, ó Senhor, pensando em CLARICE, intercedo por tod@s no leito de um hospital...
Tem piedade Senhor!
Do doente;
Dos familiares;
D@s amig@s;
Visita com Teu Espírito levando consolo-esperança;
Ah Senhor...
O contexto do hospital é tão complexo!
São tantas demandas;
Tantas contradições;
Tantas limitações;
Tantos interesses;
Tem piedade Senhor!
AMÉM!
Forte Abraço
Cláudio Márcio
OBS; Fomos: Eu, Jussi, Júnior e dona Val.
Oração-reflexão feita em 30/07/2012 em Muritiba/ Ba

sábado, 4 de agosto de 2012

Teu querer...

Senhor,
Quero descansar em Ti.
Em Teu filho sou vencedor!
Escondo-me em Ti;
Revelo-me em Ti;
Por Ti;
Pois, Teu amor convida-me à diaconia.
Ser Teu, é partir o pão;
Ser Teu, é promover a vida;
Teu trono é de Justiça!
Ah Senhor...
Minha vida está em Tuas mãos;
Teu querer é duro!
É a cruz!
Mas, Tu tens palavras de vida eterna.
E, ainda que não haja um porvir...
Contentarei-me em servir-te!
Contentarei-me em amar-te!
Pois, assim há sentido em meu caminhar;
Salgando;
Iluminando;
Tentando...
Ah Senhor...
Digno de toda exaltação!
Que minha vida sinalize a Tua.
AMÉM!
Forte Abraço
Cláudio Márcio
Oração-reflexão feita em 02/08/2012 em Muritiba/Ba.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Eu, o altar e a queda do Golias...

Senhor (Pai-Mãe) de toda criação...
Pouca chuva nesta manhã;
Levanto-me e te busco;
Tua é a glória e majestade;
És tão grande!
Acolhe-me em Teus braços de amor;
Aqui, em Teu altar, encontro:
Alegria-esperança-consolo.
Aqui, em Teu altar, me lanço completamente.
E, vejo o quanto sou pequeno.
Ah Senhor...
São tantos Golias no cotidiano;
Contudo, sei quem está comigo.
Lutarei-confiarei!
Verei a (o) Vitória chegar!
Amém!
Há braços,
Cláudio Márcio
Oração-reflexão feita em 11/07/2012
Muritiba/Ba

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Eu, Deus no Cotidiano...

Manhã de chuva...
É necessário levantar!
Grato por Teu amor e misericórdia...
Farei menção do Teu nome com o som e o silêncio do meu corpo;
Eu e a cruz...
O Teu Reino é alegria-esperança!
A minha fé-prática;
A Tua palavra que é pão!
Tenho fome dê ti!
Por Tua graça e redenção...
No humano em sua diversidade...
Amém!

Forte abraço, Cláudio Márcio
Obs.: Oração-reflexão feita 10/07/2012. Muritiba- Ba.

terça-feira, 17 de julho de 2012

MEU CAMARADA...

Em Ti Senhor, confio!
És minha rocha e meu libertador;
O sol acorda e traz esperança;
Luto-confio;
Espero-confio;
Sou teu Senhor...
Tem piedade de mim;
Que Tua presença alegre minha jornada;
Quem És?
Onde habitas?
És meu camarada!
Habitas onde estou!
Por mais um dia diante de Ti...
No cotidiano;
Nas esquinas e praças;
Na natureza;
No humano;
Amém!
 Há braços/ Cláudio Márcio
 OBS: Oração feita em (09/07/12) Muritiba/BA

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Caminhando...

Nestes últimos dias muitas coisas ocorreram em minha jornada e, evidente que me coloquei num exercício de reflexão em busca de significados e ou num processo de aprendizagem, para quem sabe de alguma maneira, ser ou tentar ser um humano melhor. Isto é, compreender o que estava a minha volta. Ora, é desta maneira que tenho conduzido minhas práticas, e, pensando na metáfora jogo e vida do sociólogo Pierre Bourdieu, quando sinaliza a necessidade de conhecer as regras do jogo e jogar.
Bem, outro sociólogo Peter Berger diz: “Aliás, pouquíssimos cientistas afirmariam hoje que só se deve olhar o mundo cientificamente. O botânico que examina um narciso não tem nenhum motivo para contestar o direito do poeta de olhar a flor de uma maneira muito diferente. Há muitas maneiras de jogar o jogo. A questão não está em negar os jogos de outras pessoas, e sim em ter-se uma ideia clara das regras do próprio jogo. Por conseguinte, o jogo do sociólogo emprega regras científicas”.  (BERGER, 2010, p.26)
Entretanto, como aborda Max Weber o humano em suas esferas sociais e ou teias numa perspectiva de Clifford Geertz, exerce ação social que possui significados distintos (a exemplo da piscadela). Ou seja, o humano é relacional, e, mesmo sendo estudado e observado de forma fragmentada para uma melhor compreensão, somos um complexo, uma totalidade, uma integralidade. Logo, sociedade e indivíduo são refletidos de maneira distinta entre os clássicos das ciências sociais. Nesse sentido, a contribuição de Norbert Elias, a meu ver é de extrema relevância: somos uma sociedade de indivíduos e indivíduos que são sociais.
Assim sendo, tive uma experiência muito marcante que foi falar em três cultos ecumênicos onde estudantes estavam agradecendo pela vida, às famílias e a Deus por mais uma etapa vencida (é claro que não há uniformidade entre o que se pensa sobre: vida, família e Deus). Porém, é para ter? Bem, penso que não! E, por isso minha gratidão em ter participado com outros líderes nestas atividades tanto na UEFS (Engenharia de Alimentos e Engenharia Civil), como na UFRB (Jornalismo). Contudo, nesses espaços senti a falta de representantes das religiões de matriz-africana. Por que isso aconteceu? Evidente que temos sinais de possíveis respostas para essa questão, embora não seja objetivo tratar deste tema agora. Entretanto, é tempo de rever essas práticas excludentes que demonizam o povo de santo. Registro minha indignação.
Bem, algo que nos marcou bastante foi o nascimento de CLARICE (filha de Júnior e Val), nasceu com oito meses e com algumas dificuldades (sobretudo de respiração). Pense em um dia das mães conturbado! A fé, os telefonemas, as idas e vindas, à noite sem dormir, a esperança, a dúvida, o choro... Parecia não ter fim aqueles dias onde o nosso “barquinho” parecia naufragar.
Tentar ser forte quando você está acabado por dentro é complicado. No entanto, ao ver aqueles olhares descendo lágrimas... Ora, de alguma forma tinha que oferecer meu ombro. Uma coisa é dizer e ou crer que a vontade de Deus seria estabelecida. Entretanto, se a vontade de Deus não confirmar com a minha, o que fazer? Ora, tínhamos que nos preparar para tudo e, imaginar isso é muito doloroso. Penso que não é a questão de não ter fé que CLARICE poderia sair daquele hospital, e sim de entender que na vida nem tudo se explica com fé e razão... Logo, buscamos e construímos significados no nosso processo sócio-histórico a fim de se viver melhor.
Por último, porém não menos importante, a delícia que foi participar do congresso que a Faculdade Unida de Vitória promoveu... A conferência do Nordeste 50 anos depois. Meu Deus, obrigado por este presente! Como fui desafiado por aquele evento em que humanos doaram suas vidas em prol de uma da justiça e contra toda dominação. Ora, o exercício de rememorar é de extrema relevância para que possamos nos conhecer e nos perguntar: porque escolhemos este e não aquele caminho? Quais os desdobramentos da Conferência do Nordeste? A juventude conhece essa história? Houve exageros neste evento há 50 anos? Essas e tantas outras questões a meu ver podem e devem ser feitas.
Desta maneira, o diálogo precisa ocorrer entre a Igreja e a Sociedade... Porém, o que é que se entende por estes temas? Como e onde surgirá este diálogo? Às vezes tenho a impressão que ele ocorre mais de uma forma hierarquizada e salvacionista por parte dos intelectuais. É este o caminho? Acredito que não, por isso a alternativa para esta questão é assumirmos uma perspectiva dialógica e polifônica. Ou seja, uma dialética, uma reciprocidade entre esses “mundos”.
Logo, sem dúvida alguma os desafios são tantos e, às vezes a esperança parece que se vai... é quando quase que inesperadamente, o coração enche-se de vida novamente e buscamos efetivamente uma espiritualidade que passe pela diaconia, é quando encontramos o Jesus de Nazaré no partir do pão, no abraço, no respeito, na luta pelo cumprimento de direitos, na flor do jardim, na brisa que chega, na luta de um povo que se reinventa criativamente contra os opressores... em tudo isso, percebe-se a prática da fé, a gratidão pela vida e a implantação do Reino de Deus.
Assim, acredito que o ato de rememorar não pode somente produzir um saudosismo... Porém, deve ir além, e criticamente temos que encontrar novos caminhos para novas demandas que estão diante de nós. Com isso, não quero dizer que as questões de 50 anos atrás não nos dizem nada hoje, o que aponto é que temos velhos e novos “dragões” e que devemos pegar nossa “arma” e subir no “cavalo’ para derrotá-lo. Pois, somos sujeitos históricos e sociais e devemos buscar as ferramentas adequadas para o nosso jogo.
Abraço Fraterno
Cláudio Márcio

quarta-feira, 16 de maio de 2012

FORÇA CLARICE... QUEREMOS BRINCAR!



Como uma notícia é capaz de modificar seu dia e ou existência?

Que poder é esse que a palavra contém?

Sim, é importante? O que se fala, onde se fala como e quem fala!

Bem, a notícia do telefonema tinha um misto de alegria e preocupação.

Uma criança nasceu e, isso seria encantador se não fosse de oito meses.

O que está acontecendo?

O que irá acontecer?

O que fazer quando a saúde (pública e ou privada) não é capaz de te socorrer?

É isso mesmo!

A questão não foi (é) o dinheiro...

Mas, a BUROCRACIA!

O que fazer e dizer ao ver um pai tentando ser forte e ocultando tanta fragilidade?

O olhar, o andar a fala revelavam alguém em um labirinto de burocracia!

A mãe, no dia das mães, uma filha doente e outra...

Choro, fé, esperança e dor. “Deus, sara minha filha!”

O que fazer ao ver uma avó e um avô querendo tomar uma criança no colo e, só é possível imagens em um celular?

Meu Deus, quanta dor!

Tias incansáveis querendo muito em breve tomar esta criança nos braços e agradecer ao Criador.

Logo, telefonemas, visitas, contatos, choro, falta de sono...

Evidente que a esperança de que tudo isso passe logo.

A ordem em nossas emoções, nossa racionalidade e jornada como um todo.

Porém, esse processo parece infindável e extremamente doloroso.

Um pai ouvir do médico que suas mãos estão atadas e que só se pode rezar é fogo!

Entretanto, a fé não se explica... Vive-se!

E, a vida da pequena, doce, guerreira e esperada CLARICE, está nas mãos do AUTOR DA VIDA!

Logo, encarecidamente pedimos a Ti Senhor: tem piedade de CLARICE!

AMÉM!

 Abraço fraterno

Cláudio Márcio

OBS: Domingo 13/05/12 dia das mães e decisão do BA/VI... Fomos (eu e Jussi) para a IPU em Muritiba. Bem, a festa foi linda! Liturgia, ornamentação, lembranças... E, o inesperado, um telefone da Júnior Barreto (irmão de Jussi), dizendo: Clarice nasceu! Essa, sem dúvida alguma é uma boa notícia se a criança não tivesse oito meses.

A feijoada lá em casa foi marcada com muitas sensações. Sinceramente, o clima não estava bom. Semblantes de preocupação...

Bem, meu vitória perdeu...

As famílias já choraram muito...

A feijoada não teve o mesmo sabor...

Porém, só queremos uma coisa: que a pequena CLARICE venha nos iluminar. Pois, todos nós estamos pedindo ao Senhor que nos permita brincar.


sábado, 12 de maio de 2012

Mães que choram





Para quem tem mãe e motivos para comemorar, hoje é dia de almoço em conjunto, de entrega de flores e presentes. Afinal, à exceção do Natal, esta é uma das datas em que o comércio mais lucra.
Hoje é dia de mães abraçarem seus filhos e suas filhas e, emocionadas, se esquecerem dos sofrimentos e das angústias que eles lhes causaram. Tudo é esquecido e perdoado. As escolas, igrejas e empresas vão fazer festas e promover homenagens especiais.
Mas, permitam-me quebrar este quadro tocante para lembrar outras mulheres que também são mães, mas não têm o que comemorar, porque seus filhos ou suas filhas lhes foram tirados do colo e da vida. As estatísticas mostram que, cada dia, dezenas de mulheres enterram um filho ou uma filha. Segundo o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), 13 adolescentes morrem diariamente por assassinato no Brasil. De 2006 a 2012, a quantidade de jovens assassinados superará 33 mil[1]. As estatísticas são tão alarmantes que a 15ª Assembleia Nacional de Pastorais da Juventude do Brasil, em 2008, criou a Campanha Nacional contra a Violência e o Extermínio de Jovens para denunciar o crescimento de jovens mortos em todo o país e propor ações que possam mudar essa realidade. [2]
Pensando nestas mães que perderam seus filhos, lembro-me de outra mãe, que também passou por essa  dor. O nome dela? Rispa! A sua história está narrada em 2 Samuel 21, no Antigo Testamento[3].
Rispa foi uma das esposas do rei Saul e convivia com as intrigas palacianas. Após a trágica morte do rei, iniciaram seus dias de angústia. Apesar de não participar da vida política, ela se tornou vítima dos grandes e poderosos em sua luta pelo poder. Será que seu nome seria um prenúncio de sua aflição? Afinal, Rispa significa “pedra quente”, ou seja, a pedra aquecida ao fogo, na qual as mulheres assavam o pão. Na época do rei Davi, Rispa enfrentaria uma situação extremamente dolorosa (2 Samuel 21). Era uma época de estiagem prolongada. Naqueles tempos, era costume atribuir catástrofes naturais a Deus. Também Davi pensava assim. De alguma forma, ele descobriu que a causa da estiagem podia estar relacionada a um crime praticado por Saul contra os habitantes de uma cidade chamada Gibeão. Nada sabemos sobre esse suposto crime.
Para resolver rapidamente a situação, Davi pergunta aos moradores de Gibeão como esse mal poderia ser desfeito, de modo que as chuvas voltassem. Os gibeonitas exigiram, então, a morte de sete descendentes masculinos de Saul. Davi aceitou a exigência dos gibeonitas e deu-lhes dois filhos e cinco netos de Saul, que foram executados. Seus corpos foram expostos à execração pública no alto de uma penha.
Os dois filhos de Rispa estavam entre os executados. O que faria essa mãe-viúva, cujos filhos eram seu único arrimo e futuro? O texto bíblico narra o seguinte: “Então, Rispa, filha de Aiá, tomou um pano de saco e o estendeu sobre a penha e não deixou que as aves do céu se aproximassem deles de dia, nem os animais do campo de noite, desde o princípio da ceifa até que sobre eles caiu a água do céu”.
A enorme dor da mãe não consegue dobrá-la; ela não se conforma com a violência oriunda de divergências políticas. Ela não pergunta se seus filhos eventualmente têm algo a ver com o mencionado crime de Saul ou não. Isso agora é secundário. Ela faz algo inesperado: demonstra publicamente, através do luto, também sua rebeldia contra a injustiça dos poderosos. Ela leva seus trajes de luto – roupa de saco – para onde estão expostos os filhos mortos e espanta os animais e os abutres que querem atacar os cadáveres. Pois os cadáveres devem ficar insepultos, à vista de todos, até que sua morte alcance o objetivo almejado: o fim da estiagem.
Em sua dor, Rispa não sofre silenciosamente. Através de seu luto realiza um protesto público, demonstrando sua inconformidade. Com seu gesto de amor aos filhos e sobrinhos mortos ela consegue comover, sem palavras, os transeuntes. Com o tempo – o texto dá a entender que podem ter sido até cinco meses –, até o poderoso rei Davi se convence de que eliminar pessoas inocentes por razões políticas não é a forma correta de governar.
O protesto de Rispa, silencioso e pacífico, que escancara a crueldade de uma sociedade que não respeita a pessoa humana, surtiu efeito: conseguiu mover um grande rei a mudar sua postura política. A “pedra de fogo” queimou a consciência dos poderosos em seu jogo ensandecido pelo poder. Assim, outras mães não precisariam passar pela mesma dor e sofrimento.
Peço licença para prestar uma homenagem a todas as mães que, no dia de hoje, não comemoram, mas choram pelos seus filhos e filhas mortos pela violência policial, pela violência do trânsito, pelos grupos de extermínio, pelos matadores da nossa sociedade. Mulheres como as Mães de Acari, mães da Praça da Sé, as Mães de Luziânia, que tiveram seus filhos assassinados ou que estão desaparecidos e que, hoje, não terão como presente um abraço, um botão de rosa ou um sorriso. Em vez de receber flores, muitas destas mães levarão flores para a sepultura dos seus filhos e suas filhas, outras continuarão nas praças ou nos programas de televisão, buscando sem cessar por seus filhos, apegando-se a um fio de esperança que impede que desanimem.
A todas as Rispas o nosso respeito e solidariedade pelos filhos que não poderão abraçar!

Revda Sônia Mota – pastora da IPU
Pastor Nelson Kilpp- IECLB


[1] www.estadao.com.br
[2] WWW. .juventudeemmarcha.org
[3]  Cf. Nelson Kilpp. “Rispa”. Revista Novo Olhar. Sessão Retratos. Edição de janeiro de 2010.

Mães, mas sobretudo mulheres - Pastora Odja Barros

Esta é uma semana na qual a imagem da mãe é muita louvada, reverenciada e poetizada. Quantas poesias e imagens tentam retratar e expressar o valor dessa imagem feminina de mãe como um ser quase divino. È verdade que há algo de divino na maternidade. O poder de gerar vida, amor uterino, amor que vem das entranhas, do útero é de onde se origina a palavra MISERICORDIA, que significa o amor que vem das entranhas, do útero, o amor de Deus.
Mas, essa imagem "divinizada" da mãe pode também ocultar toda a mulher que existe na mãe. Somos mães, mas, sobretudo mulheres, com todas as nossas potencialidades de amor, cuidado e doação, mais também com nossos desejos, limites, fragilidades e incapacidades como todo ser humano real. Não são poucas as mulheres que se anularam completamente num ato quase "crístico" de sacrificar-se por seus maridos e filhos, esquecendo de si mesmas. Não podemos esquecer as palavras de Jesus quando nos ensina que: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo"(Mc 12:33). Isso significa que não podemos amar ao outro perfeita e saudavelmente se não amarmos a nós mesmas. Esse amor poder ser adoecedor para quem dá e para quem recebe.
De outra parte também temos mulheres impedidas biologicamente de gerar filhos/as ou ainda mulheres que decidiram que não querem ou não se sentem prontas para serem mães e por isso sofrem. Sofrem por se sentirem menos mulher ou pela pressão social que quer arbitrar sobre os seus corpos como se fosse coisa pública onde todos podem opinar. Segundo Simone de Beauvoir "o corpo da mulher é um dos elementos essenciais da situação que ela ocupa neste mundo. Mas, não é ele tão pouco que basta para defini-la." [1] portanto o definir-se mulher ou mãe está para além das funções biológicas do corpo. A maternidade não pode ser reduzida a um útero engravidado.
A maternidade pode ser vivenciada e expandida para todo corpo que acolhe e torna-se casa, abrigo, seio que ampara, cuida, integra assumindo a plenitude da experiência maternal.  Todo corpo pode ser um útero pronto para acolher e cuidar da vida. Mas, o estereótipo da grande mãe, da mãe-virgem do Salvador ou das palavras paulinas que diz que "a mulher que será salva dando luz à filhos" continua pairando sobre nossas cabeças como modelos de mulheres salvadoras de si mesma. (I Tim. 2:14)  Talvez seja um bom momento para lembrarmos-nos das mulheres-mães da genealogia de Mateus 1, mulheres que contrariam esse modelo estereotipado. Apesar de estarem de alguma forma relacionada à maternidade, "mas é na contramão de ser mãe que elas se empoderam. O que as salva não é o ventre engravidado, mas o poder de decidir seus estados de gravidez"[2]
Tamar, Raabe, Rute, Bete-Seba, mulheres, mães que entram na genealogia de Jesus escapando dos esquemas e estereótipos da sua época e são lembradas não por sua superioridade ética ou por ser modelo disso ou daquilo, mas pela coragem de agir em favor se si mesmas e de sua comunidade. Também nós a exemplos dessas mulheres somos desfiadas a resistir à mitificação e estereótipos e termos o direito de dizermos neste dia que somos mães (de pudermos ou quisermos), mas, sobretudo somos mulheres.

Da mulher, Odja Barros.
Texto publicado no site do CEBI em maio de 2011.
Odja Barros é pastora da Igreja Batista do Pinheiro em Maceió/AL e ajuda a coordenar a Aliança Batista Brasileira. É integrante da CEBI-AL  e do Conselho Nacional do CEBI. 




quarta-feira, 25 de abril de 2012

SOU CRISTÃO?

“Agradecemos a nosso Deus e Pai, que dia após dia nos permite tomar consciência mais profunda das dimensões da luta que ora se trava em nossa Pátria. Que ele mesmo nos prepare para o exercício do testemunho cristão neste momento decisivo de nossa história”. (Waldo César /Secretário Executivo do Setor de Responsabilidade Social da Igreja na Conferência do Nordeste).    
Após assistir ao filme o AGENTE DA GRAÇA, que sinaliza um momento da vida de Dietrich Bonhoeffer, meu ser encheu-se de questões, um misto de vontade de chorar, de agradecer por esse referencial tão significativo para a vida da Igreja e, inevitavelmente um pouco de crise. Ou seja, sou cristão de verdade? Talvez essa seja a pergunta que mais tenha invadido minha existência nos últimos anos.
Desta maneira, a vida de Bonhoeffer é um desafio em nosso tempo onde parece que as pessoas preferem a “graça barata” em detrimento da “graça preciosa”. Isto é, seguir ao Cristo é assumir o “discipulado” que exige da comunidade uma “vida em comunhão”. Logo, penso que é não só importante, mas, necessário o ato de rememorar o que nos traz esperança e ou desafios à nossa existência e, por isso, Bonhoeffer torna-se símbolo de fé reflexiva, de fé comprometida, de fé que dá sentido a existência.
Daí, após leituras de Leonardo Boff e Gustavo Gutierrez, sinto profundamente a necessidade de outra teologia que fale de salvação-libertação ao humano em suas relações sociais e que a vida seja celebrada em cada praça e ou esquina. A leitura dos clássicos das ciências sociais (Émile Durkheim; Max Weber e Karl Marx) que analisaram as relações sociais de maneira distinta também vem ajudando na percepção de que a sociedade deve ser pensada em sua complexidade, nos mais diversos ângulos e horizontes. Isto é, em Emile Durkheim (o fundamental é a sociedade e a integração harmoniosa dos indivíduos), já Max Weber (os indivíduos e suas ações sociais são os elementos constitutivos da sociedade) e por fim Karl Marx (o foco recai sobre os indivíduos inseridos nas classes sociais). Assim,  apesar de conceberem a sociologia por enfoques diferentes, todos buscaram explicar o processo de constituição da sociedade e as maneiras como os indivíduos se relacionam com o outro e com o mundo.
Neste sentido, indivíduo e sociedade são analisados como elementos constituintes de um processo histórico social em que para alguns intelectuais das Ciências Sociais, importam conhecer as rupturas e ou transformações e, para outros, bastam perceber as estruturas e ou permanências. Todavia, sabe-se que a realidade e o humano são mais complexos do que uma visão dicotômica deste processo. Ou seja, há também estudiosos que percebem, aceitam e problematizam a possibilidade de interlocução destes mundos aparentemente separados, em um processo dialético de poder e resistência.
Assim, após leituras e vivência com o reverendo João Dias de Araújo fico a me perguntar: sou cristão? Ou seja, será que ser cristão não ultrapassa cumprir ritos? Não ultrapassa freqüentar uma igreja? Não ultrapassa ler a bíblia e cantar? Bem, apesar de minhas limitações e contradições, penso que sim, sou cristão! Contudo, sei que tipo de cristão eu não quero ser, uma vez que acredito, defendo e me identifico com uma teologia que estabeleça diálogo com minha cultura que passa pela dimensão do singular e do plural. Logo, sou convidado pelo Evangelho da vida a ser luz no mundo e sal da terra. Sou chamado à cruz...
Ora, que relação é essa que estabeleço com a cruz? Até onde carrego a minha? Quero poder celebrar a vida com meus irmãos e irmãs, para além dos laços sanguíneos e ou identificação religiosa; quero partir o pão na mesa e sorrir; quero ser grato pelas bênçãos não só que recebo, mas, a que posso ser na vida do outro... Entretanto, sei que historicamente o pão, a liberdade e a cidadania foram e ainda são negados aos meus irmãos e irmãs. Daí, o que significa ser cristão neste contexto?
Acredito que é chegado o momento de ser menos religioso e mais comprometido com a vida. Pois, é também no humano que o sagrado se manifesta e, é a partir de um novo olhar para nós e para o outro que será estabelecido um novo construto social. Daí chega de tanta imaturidade e ou alienação... Peço encarecidamente que você, o qual vive e pensa a fé em um processo de amadurecimento que se revela nos diversos espaços onde os papeis sociais são vivenciados... não tenha vergonha de ser um cristão diferente...posicione-se! Não se omita! Vamos juntos fazer eco as vozes que já antes de nós não só confessaram sua fé em Jesus de Nazaré com os lábios, mas, sobretudo com a vida.
O Criador nos chama para um momento novo! Tempo de reassumir o compromisso com o Reino e a cruz. Que seu Espírito nos acompanhe no caminhar. AMÉM!
Forte Abraço
Cláudio Márcio

segunda-feira, 19 de março de 2012

“Roubando” a flor do altar...

Ontem à noite, mais uma lição...


Tem momentos que não sabemos o que fazer!


Até que uma flor pode surgir...


Pode até ser artificial...


Mas, ela encanta, suaviza, alegra...


Resolve?


Sinceramente, não sei!


Apenas acredito que elas anunciam o belo, o Divino...


Sim! Até as artificiais!


Pois, ali tá a mão do humano...


E, onde tá a mão do humano,


O sagrado se manifesta!


Sim! O profano também!


Somos complexos e inacabados...


Somos caminhantes em encruzilhadas!


E, na encruzilhada, a escolha tem que ser feita!


Para que lado você vai?


Bem, eu ouço uma voz que arde meu coração quando me aproximo da cruz...


Vou andando...


Encontrando vidas que não sei o que fazer!


Só sei que são vidas...


Mesmo sem parecer!


E, enquanto flores forem arrancadas do altar de uma Igreja em festa...


Para serem oferecidas aos invisíveis sociais...


Então, entenderei que as flores não só embelezam e perfumam...


Mas, dignificam o humano.


Muritiba/BA em 19/03/2012


Cláudio Márcio


Esta meditação é fruto de um olhar para o que ocorreu no aniversário de 47 anos da IPU em Itapagipe em que fui convidado a ser o pregador com a reflexão intitulada: SEMEADORES DE DESTRUIÇÃO X SEMEADORES DE VIDA. Bem, antes de começar o culto, uma mulher aparentemente drogada e suja entrou, gritou e sentou na Igreja... Geralmente quando alguém entra e fica em silêncio...tudo bem. Mas, quando quebra a “ordem” da programação é complicado, não? Porém, o que fazer? Um presbítero da Igreja, “roubou” uma flor da ornamentação do aniversário da comunidade e ofereceu a mulher.