sexta-feira, 15 de abril de 2011

VALEU A PENA!



“A vida e a morte são as duas faces da mesma moeda. A morte sorri-me como uma amiga”. (Mahatma Gandhi)



VALEU A PENA!


Na perspectiva cristã, todos (as) estamos aqui de passagem como peregrinos. Isto é, nossa morada é celestial. Esse pensamento também trouxe muitos prejuízos às comunidades eclesiais que almejavam uma mudança, uma transformação social aqui e agora. Ou seja, um evangelho integral que cuida do humano como um todo. Como diria o nosso querido Rev. João Dias: “Mas Cristo veio pra nos remir, O homem todo, sem dividir: Não só a alma do mal salvar, Também o corpo ressuscitar.”


Desta maneira, precisamos estabelecer um relacionamento profundo entre o porvir, o desconhecido, e o agora. Logo, o Pai Nosso e o Pão Nosso são inseparáveis.Ou seja, são perspectivas que foram dicotomizadas historicamente por interesses diversificados. No entanto, cabe ressaltar que um não exclui o outro, são complementares.


Diante disso e na mesma medida todos nós cristãos almejamos o que disse o apóstolo Paulo: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam.” (1 Cor.2:9 ). Todavia, temos que também pensar em Isaías 58:7 que diz: “ Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?”


Entretanto, na nossa caminhada da vida às vezes nos perdemos no meio do caminho e a vida parece que perde o sabor. Daí, algumas preguntas precisam ser feitas: Até quando estaremos aqui neste chão? Qual o sentido de nossa existência? Ainda há humanidade em nós ou o modelo econômico capitalista opressor e excludente venceu a ponto de nos sentirmos um objeto? Uma outra maneira de sociabilidade é possível? Queremos este outro modelo? O que estamos fazendo para que a mudança ocorra? E se nosso vida “se encerrasse” amanhã? O que você faria?


Renato Russo nos indica que é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Gonzaguinha nos diz: Viver! E não ter a vergonha De ser feliz. Cantar e cantar e cantar. A beleza de ser Um eterno aprendiz... E ainda Jota Quest quando canta: Ei, dor! Eu não te escuto mais. Você não me leva a nada. Ei, medo! Eu não te escuto mais. Você não me leva a nada... E se quiser saber pra onde eu vou. Pra onde tenha Sol. É pra lá que eu vou...”.


Deste modo, esses paradgimas destas canções: amar, ser aprendiz e vencer o medo podem em parte responder e ou sinalizar possíveis respostas em nosso cotidiano. Assim, cada momento deve ser vivido com intensidade, com paixão, com responsabilidade e sobretudo entre a dimensão do recriar, recomeçar do transcender diante dos obstáculos que insistem em nos paralizar, nos calar, nos fazer pensar que não vale a pena viver, sonhar...(carpe diem).


Entretanto, um dia iremos passar por este rito de passagem (a morte), uma vez que isso faz parte da vida. Porém, como diz Rubem alves “ A celebração de mais um ano de vida é a celebração de um desfazer, um tempo que deixou de ser, não mais existe. Fósforo que foi riscado. Nunca mais acenderá. Daí a profunda sabedoria do ritual de soprar as velas em festa de aniversário. Se uma vela acesa é símbolo de vida, uma vez apagada ela se torna símbolo de morte.”


Segundo o sociólogo italiano Domenico De Masi, os primeiros homens acreditavam que a morte era o único fim do indivíduo e que a dor, a tristeza e a melancolia eram inevitáveis e incuráveis. “E, assim, abandonavam os corpos e não os sepultavam, da mesma forma como fazem os animais ainda hoje.” Daí, o sepultamento é inventado (ou seja, é uma construção social e histórica). Logo, o humano é o único ser vivo que enterra seus mortos... “por medo do contágio, do mau cheiro e do nojo causados pela putrefação”. ( De Masi).


Para Émile Durkheim, o humano necesssita passar pelo rito de passagem para que sua vida possa ter continuidade. Assim, o luto precisa ser sentido, a dor da separação e ou ausência. Logo, o luto é exterior ao humano e exerce coercitividade sobre o indivíduo. Sendo assim, este pequeno texto traz em si uma despedida para que eu aprenda a lidar com este vazio que (em parte) invade meu ser.


Logo, confesso que não tem sido fácil! A pouco tempo nos deixou Maria do Carmo (minha vó carminha) e agora sua irmã Severina (tia nina). O que fica? A lembrança! Mas qual? Evidentemente que todos nós como humanos acertamos e erramos...várias vezes na vida. No entanto, fica a lembraça de nordestinas fortes, guerreiras que se esforçaram ao máximo para criar e educar seus filhos. Fica a lembrança, de duas servas de Deus que confiavam no cuidado e provisão do Criador. Fica a lembrança dos abraços, afetos, risos e celebração da vida.


O símbolo do caixão por mais forte e doloroso que possa ser, não se compara ao símbolo do sorriso nos lábios, das mãos fortes, dos pés cansados, dos joelhos dobrados em oração...Assim, fica a lembrança do abraço acolhedor e do beijo dizendo-me: Deus abençoe, meu filho.


Fraternalmente, Rev. Cláudio Márcio

terça-feira, 5 de abril de 2011

Por Um Deus Mais Mundano...



Anda!
Quero te dizer nenhum segredo
Falo nesse chão, da nossa casa
Vem que tá na hora de arrumar...

(Sal da Terra)

Temos vivido nestes dias momentos em que outro modelo de comunidade eclesiástica não só é possível como é urgente que se instaure em nossas relações sociais. Assim, a história humana passa necessariamente por dimensões entre os gênesis e os apocalipses, em um processo longo e contínuo de criação e recriação de si mesmo e do outro em uma relação de espanto e encantamento diante da vida, dos caminhos e descaminhos... Desta maneira, acredito que um Deus mais envolvido com o nosso cotidiano, em cada esquina e praças, feira e mercados, praias e ou clubes... tem muito mais sentido e lugar em nosso século XXI. Ou seja, O Deus do templo precisa também ser percebido e vivenciado nas ruas promovendo justiça social e dignidade humana. Logo, precisamos pensar que Deus é esse que invocamos o seu nome, e ou nós como cristãos estamos a serviço de quem?

O que devemos e podemos fazer é contribuir para a construção de espaços de relacionamentos sociais mais igualitários e acolhedores.

Urge então, que nosso relacionamento com o Cristo de Deus nos torne mais humanos e que a religião em nossa experiência seja para emancipação, para liberdade, para celebração, para a vida... Que junt@s possamos viver e proporcionar o Reino de Deus em todo lugar (um reino humanizador), um Deus que conhece e compreende meu caminhar e estende a mão para a caminhada dizendo-me: Tu és meu (minha)! Levanta-te e anda... Pois, caminhar é preciso e hoje farei grandes coisas não só no templo mais no mundo. Portanto, ficai atento (a)!

Partindo dessa mesma proposta foi que o aniversário da nossa IPU em Muritiba desenrolou-se. Tivemos momentos encantadores e desafiadores para nossa caminhada. Fizemos 25 anos de amor, serviço, partilha... Pensamos no tema: Mundo Palco da Glória de Deus e a divisa em Êxodo. 3.5 “Tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa”. Assim, a proposta era pensar na mundanização de Deus que necessariamente implicaria em outras posturas nossas no e com o mundo. Daí, a terra é santa neste momento não em uma perspectiva geográfica, e sim, porque ela é a pachamama (a mãe terra que nos dá o alimento, que nos dá a vida.

Desta forma, no sábado (02/04/11), tivemos uma noite de louvor com participação de uma banda da igreja do Evangelho Quadrangular (Gov. Mangabeira), cantores da Batista (Muritiba), saudação do moderador do PSVD (Rev. Dagoberto), saudação do representante da ICAR em Muritiba (Sinésio Galvão) e outros(as).
Já no domingo pela manhã, uma programação rica e provocativa nos fazia refletir sobre nossa missão neste chão. Novamente tivemos participação de outras igrejas de nossa cidade (o que alguns chamam de ecumenismo cristão). A reflexão ficou com o Pastor Jorge Nery (Feira de Santana), que impulsionado pelo Espírito nos falou do compromisso com o próximo, de quem Jesus de Nazaré ouviu, sentiu, falou e tocou a vida e clamor dos marginalizados e excluídos pelo poder político-religioso do seu tempo. Também nos falou que Deus transcende o templo e que Ele acontece nos lugares mais inusitados e que nem sempre se encontra nas igrejas (às vezes está do lado de fora querendo entrar (Apocalipse 3.20).

Semelhantemente, o texto bíblico de Êxodos mostra um Deus libertador que sente a dor e ouve o sofrimento das pessoas. Assim, quem é Javé? Quem é Moisés? Estávamos ressignificando nossa identidade enquanto cristãos e cristãs. Daí, após uma palavra de vida e libertação nos preparamos para a eucaristia... Um momento lindo! O Rev. João Dias conduziu o primeiro momento lembrando-nos de alguns poetas que falavam da saudade. A ceia é a hora da saudade dizia João Dias e a melhor maneira de matar a saudade é com um encontro. E, o pão e o vinho representam este encontro com Jesus de Nazaré. Nesse momento, eu chamei os pastores presentes para distribuição dos elementos, a saber: Pr. Jônatas (PIB em nossa cidade) Pr. Edvaldo (Evangelho Quadrangular nossa cidade) e o Pr. Jorge Nery (Feira de Santana). Sem dúvida alguma foi um momento encantador. Que maravilha!

Por fim, após alguns cânticos, avisos e abraços comemos um delicioso bolo e bebemos refrigerante. Assim, nos renovamos diante do Criador, da vida e enchemos o coração de esperança para juntos (as) construirmos este reino de Deus que é acolhedor e transformador de estruturas que oprimem e manipulam a vida e o bem comum.
Forte Abraço, obrigado à tod@s que participaram e até o próximo...


Rev. Cláudio Márcio